*Por Rafah Moura
Como uma boa ariana, ousada e corajosa, Céu está sempre se reinventando e criando novos olhares nesses seus 18 anos de carreira. Não é por acaso que é considerada uma das principais cantoras de sua geração. Com seis discos lançados, vencedora de três Grammys Latinos e acumulando oito indicações, a artista foi uma das atrações mais esperada da edição de 2024, do Claro Verão Rio, de graça, na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema. O público se deliciou com o espetáculo ‘Fênix do Amor’, focado em suas composições, trazendo o amor como fio condutor de toda sua trajetória e poesia.
“Quem teve a oportunidade de ter acesso, tem que fazer sua parte, abrindo espaços, repassando aprendizados, abrindo diálogos e também muita escuta, para novos aprendizados. Estamos em um momento transformador que sigo dia a dia, aprendendo, e procurando assimilar para a minha arte também. Existir não precisa ser panfletário, mas é, inevitavelmente político. Cada gesto, nossas verdades internas, a arte, o trabalho, e a forma que você conduz seus relacionamentos devem existir na intenção da inclusão”, frisa a cantora.
Mulheres arianas são poderosas por essência e trazem sua intelectualidade como um grande trunfo na vida. Característica que deve ter sido fundamental nessa lado compositora muito intenso da artista. “Eu sinto que tenho um lado compositora muito ligado à minha parte poetisa, no sentido de ter que ter uma motivação de dentro pra fora, um desejo, de contar uma nova história, e lançar um disco novo. Até gosto de fazer ‘encomendas’ de composição, algo mais planejado. Mas, nos meus discos, autorais, desde meu primeiro disco, tenho ido nessa toada: quando quero falar, prefiro em forma de som, de escrever minhas músicas. Me inspiro nas minhas histórias particulares, nas de amigos, na sociedade. Acho que matéria-prima para criar histórias é o que não falta, nesse mundão complexo que vivemos”, explica.
Pedimos para Céu comentar uma recente declaração que a cantora Vanessa da Mata, nos deu recentemente, contando que as mulheres compositoras no mercado fonográfico brasileiro são apenas 5%. “Pois é, isso é apenas um recorte da sociedade como um todo. Imagina quantas compositoras, por conta da sociedade fundada em pilares machistas, não estamos perdendo, em ouvir. É isso, ainda temos muito a evoluir, estamos só no começo”, ressalta.
Com influências da MPB, samba, hip hop, afrobeat, jazz e R&B. Seu repertório se espalhou pelo mundo em filmes, séries e turnês que passaram pelas principais capitais do globo e os mais renomados festivais de música, sendo uma das cantoras brasileira grande platéia nos palcos internacionais. “O Brasil tem uma platéia internacional muito apaixonada por sua música. Claro que não estamos falando do mercado massivo, em que a língua inglesa segue imperativa, mas existe um nicho bonito, de muitos festivais, gente querendo escutar nossa música. Eu sempre me mantive fiel a nossa cultura, mesmo flertando com o pop, com a contemporaneidade que vai transformando em diferentes linguagens, com o reggae, música urbana, etc. Sou uma mulher, latino americana, compositora, com a alegria de tirar os gringos de casa pra ouvir, o português do Brasil. Pois, além dos brasileiros, muitos ‘locais’ vão aos meus shows. Isso é lindo e fruto de uma trajetória bem suada e apaixonada”, agradece.
Em 2025, Céu irá completar 20 anos do lançamento de seu primeiro disco. E ela surge bem no meio desse cabo de guerra do mercado fonográfico, entre as gravadoras e a internet com as plataformas digitais. “Eu cheguei bem nessa virada de jogo e desde então já vislumbrando que a internet vinha para mudar o jogo, por isso optei por ser uma artista independente. Foram, e seguem sendo, muitas mudanças! O artista tem que ser equilibrista também. Fazer música e entender das mudanças e oscilações do nosso mercado, já que estamos só no começo das mudanças”, conta.
SERVIÇO CLARO VERÃO RIO 2024
Casa de Cultura Laura Alvim (Casa Claro) – Av. Vieira Souto, 176
25/01 (quinta) – Baia
26/01 (sexta) – Catha
27/01 (sábado) – Kiko Zambianchi
27/01 (sábado) – Paulinho Moska (Niterói)
28/01 (domingo) – Paulo Ricardo
Entrada franca, por ordem de chegada (sujeita a lotação)
Classificação: Livre. É permitida a entrada de menores de 16 anos apenas acompanhados pelos responsáveis.
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