Castello Branco lança álbum de estreia a ‘Serviço’ da alma e da música


Primeiro trabalho solo do cantor conquistou mais de 5 mil downloads em dois dias após o lançamento.

Do monastério ao cenário independente da música brasileira, Lucas Castello Branco é mais uma nota que une talento a uma boa história. O ex-vocalista da banda R. Sigma acaba de lançar o primeiro álbum  solo ‘Serviço’, disponibilizado na internet para download no último domingo (29). Com canções inéditas de sua autoria, o EP tem produção artística e musical do amigo Lôu Caldeira e dos companheiros da antiga banda, Tomás Tróia e Diogo Strausz. A faixa ‘Necessidade’ é o grande destaque do disco e define muito bem todo o processo de criação: “Quando entendi que esse álbum tinha que ser a minha casa, eu vi que estava dando um passo em direção a mim mesmo. O que eu fiz com esse disco foi dar um passo a quem eu sou. O definiria como honestidade e liberdade”. ‘Guerreiros’ e ‘Crescendo’ são outras músicas do CD que compôs no auge de seu ócio criativo para o disco que considera conceitual e está disponível para download na íntegra no http://www.castellobranco.nu/.

Mas o que envolve a voz doce e a personalidade serena de Castello Branco está por trás de uma boa história familiar. “Quando tinha dois anos, minha mãe e mais três amigas psicólogas resolveram largar o mundo material para viver a serviço, em um crescimento em grupo, no Núcleo de Serviços Crer-Sendo, que, hoje em dia, é um monastério”. Viver a infância em um monastério na serra do Rio de Janeiro não fez de Lucas um monge, mas trouxe o equilíbrio espiritual e uma visão sensível sobre a vida. No Núcleo de Serviços, a música surgiu por influência de sua mãe, que lhe apresentou o trabalho da cantora irlandesa Enya e cânticos gregorianos. Lá, também aprendeu a tocar violão com colaboradores e teve a experiência de cantar em um coral, mesmo sem pretensão de um dia ser músico: “A música é uma plataforma. Assim como um texto, um carro, um  meio de a gente existir naquela coisa. Talvez por ego, um monte de coisas juntas. Eu não sou músico, sou um instrumento. A minha plataforma, atualmente, é violão, mas pode ser que daqui a seis meses seja um pandeiro”.

Alfabetizado por suas quatro mães, Castello viveu no mosteiro durante 13 anos, com uma alimentação macrobiótica e livre de qualquer pecado carnal. Quando completou 15 anos, a família viu necessidade de deixá-lo conhecer outros lados da vida e, por isso, foi morar com o pai, na Zona Sul carioca. “Os colaboradores de outras famílias iam lá com coisas diferentes, que eu nunca tinha visto, então não deu mais para minha mãe segurar a onda”, explica.

Aos 26 anos, Castello Branco lança seu primeiro CD solo para download gratuito na internet. (Foto: Filipe Marques)

Aos 26 anos, Castello Branco lança seu primeiro CD solo para download gratuito na internet. (Foto: Filipe Marques)

Com letras reflexivas e ritmo dançante, o cantor não sabe exatamente em qual gênero musical seu trabalho se enquadra, mas poderia defini-lo por um estilo total: “Tem música de todos os estilos. Tem forró, guitarra distorcida… Eu botei tudo, porque eu gosto tudo. Eu não consigo ignorar uma coisa que é feita com honestidade, mesmo que seja diferente do meu gosto. Fiz um disco porque foi como eu consegui me comunicar”. Lançado nesse final de semana, o disco teve, em dois dias, mais de cinco mil downloads.

Desde que foi morar no berço da Bossa Nova, Lucas passou a ser influenciado pela música de Caetano Veloso, João Gilberto e Gilberto Gil, mas mostra-se eclético por também ouvir artistas como Alexandre Pires e o grupo Revelação – e, com muita simpatia, fez questão que essas referências talvez surpreendentes fossem citadas. “Eu tenho necessidade de dançar a música brasileira”, finalizou.