Carnaval: “O Respeita as minas é união da música e conscientização sobre o corpo das mulheres”, revela Luedji Luna


A cantora baiana conversou com o site Heloisa Tolipan e falou sobre o quarto desfile do trio ‘Respeita as minas’, no Carnaval de Salvador ao lado de Larissa Luz e Xênia França, o novo álbum ‘Bom mesmo é estar debaixo d’água’, sobre o clipe ‘Proveito’ e o seu amor pelo Quênia

Os cariocas emocionados com o show de Luedji Luna na Fundição Progresso (Foto: Luiz Franco)

*Por Rafael Moura

A voz potente de Luedji Luna é um verdadeiro acalanto, carregada de mensagens que mostram porque o seu corpo no mundo é tão revolucionário. A cantora em passagem pelo Rio de Janeiro, para um show na Fundição Progresso conversou com o site Heloisa Tolipan em um papo cheio de asas e axé sobre seu mais novo clipe ‘Proveito’, gravado no Quênia, em parceria com Zudizilla, seu o próximo álbum ‘Bom mesmo é estar debaixo d’água’, o disco ‘Acorda Amor’ e o desfile do trio ‘Respeita As Minas’ no Carnaval de Salvador ao lado de Larissa Luz e Xênia França. Vem saber!

A cantora sacudiu o circuito Barra-Ondina, na orla de Salvador, como integrante do projeto Aya Bass, um encontro de três mulheres carregadas com dendê e pimenta que provaram: ‘o fervo é uma forma de protesto’, afinal, pelo quarto ano consecutivo, essa trinca de deusas baianas mostraram que a conscientização pode e deve vir em forma de alegria. “Levamos à festa a boa música e a conscientização sobre o respeito ao corpo das mulheres em sua diversidade. O repertório foi uma homenagem a grandes vozes negras femininas. Exploramos um vasto universo de timbres, gêneros e mensagens da música negra feita por mulheres, como Beyoncé, Dona Onete, Elza Soares, Alcione, Lecy Brandão, Ludmilla, MC Carol”, explica.

A cantora estará no trio ‘Respeita as minas’ no circuito Barra-Ondina, no Carnaval de Salvador (Foto: Luiz Franco)

A trinca de ases baianos trazem para a ‘Folia de Momo’ o debate sobre o assédio sexual, bastante frequente na festa. Luedji explica que a saída do trio foi acompanhada de uma série de materiais educativos que fazem um alerta, conscientizando sobre assédio e o cultivo de posturas afetivas em espaços coletivos, evitando o uso de força ou causando constrangimento. “O objetivo do Aya Bass é celebrar o poder das mulheres negras na música popular baiana. O nome, que faz reverência ao termo yorubá Ayabas, significa mãe rainha e designa as orixás femininas”, ressalta. Na última quarta-feira passada, a Secretaria de Políticas para Mulheres do Estado da Bahia inaugurou a Casa Respeita As Minas, localizada na Rua das Laranjeiras n°2 – Centro Histórico. No local foram realizados atendimentos e orientações às mulheres durante os dias do Carnaval, mas, a partir de março, serão realizadas performances, apresentações artísticas e culturais, pockets shows, oficinas para o público feminino, debates, lançamento de livros, gravação de programas, entre outras atividades.

Com o disco ‘Bom mesmo é estar debaixo d’água’ saindo do forno em breve, Luedji lançou o single e clipe de ‘Proveito’, em parceria com Zudzilla, um cantor de Pelotas (RS). “É uma canção bastante provocativa. Nós lançamos em parceria com a plataforma Music Video Festival, que trata os videoclipes em seu formato de arte audiovisual.”, conta.

O primeiro álbum ‘Um Corpo no Mundo’ é um espetáculo que fluído que transita com diferentes referências e apresenta uma sinergia de diversas sonoridades. “O disco trazia uma África mais ancestral, o próximo explora um continente mais pop e contemporâneo”, frisa. A baiana apresenta sempre uma proposta para pensar as nossas identidades, e um o olhar da cantora sobre si mesma. “Boa parte desse meu novo trabalho foi gravado no Quênia e traz uma formação diferente, com teclado e bateria. Ele fala sobre o amor, primeiro porque tenho uma relação com o país, já fiz shows lá. O Brasil, traz uma herança cultural africana muito forte, mas pouco sabemos sobre o continente”, diz.

Luedji Luna conta que seu próximo álbum irá mostrar uma África mais pop e contemporânea (Foto: Luiz Franco)

No fim do nosso papo, a artista falou sobre um projeto lindo, o ‘Acorda Amor’, que integra ao lado de  Liniker, Maria Gadú, Xênia França e Letrux. O álbum colaborativo tem direção artística de Roberta Martinelli e produção musical de Décio 7, o repertório é composto por releituras de canções que representam gritos de resistência como ‘Não Adianta’, gravada originalmente pelo Trio Mocotó, na voz de Liniker; ‘Deixa eu dizer’, por Claudia (1973), agora interpretada por Xênia França; e ‘Extra’, de Gilberto Gil, na voz de Luedji. “O convite da Roberta Martinelli veio há dois anos. Desde o início sempre foi uma honra dividir o palco com essa turma que me ensinou muito, cada uma com sua singularidade, falando de o amor em uma perspectiva feminina em um sentido, não romântico em contraponto com o ódio”, frisa.