*Por Rafael Moura
Os anos 90 podem ser caracterizados, musicalmente, como a grande década do pagode e, apesar do ritmo ser visto pela crítica, como um estilo pobre de rimas e melodias, por puro e simples preconceito, ele atravessou década e se mantêm fiel no coração dos apaixonados. O gênero traçou a sua história e ocupou espaços ‘nobres’ graças a compositores e artistas que levantaram a bandeira da cultura popular. Então, o pagodinho romântico absorveu sonoridades de outros estilos e ganhou outras notas em sua partitura, abrindo caminhos para a nova geração viver da música. E foi assim que surgiu o compositor BG que, agora, se lança como cantor em seu primeiro EP, ‘Pagodinho Romântico’. Em tempo: já ultrapassou a marca de três milhões de visualizações no Youtube; e a música ‘Oi, Prazer’, em parceria com Gaab, bateu terceiro lugar nas rádios do Rio de Janeiro.
Bruno Gabryel, que se considera altamente romântico, conta que o frio na barriga sempre vai existir, ainda mais nesse momento em que está se lançando como cantor. “Eu sempre cantei em casa para escrever minhas músicas. Agora resolvi mostrar a cara e aparecer interpretando-as. O frio na barriga é o de sempre!”, revela, acrescentando que a família por parte de pai é toda envolvida com música.
Seu mais novo lançamento, ‘Mil Anos’, é mais uma crônica de amor que fala sobre saudade e a pureza de se estar apaixonado. Uma faixa que promete aquecer os corações apaixonados. O novo trabalho traz versões ao vivo de suas músicas com arranjos feitos no violão, baixo e teclado. BG reuniu um time de peso e convidou Castilhol, Michel Fujiwara, Dede Batera, Robinho Bass, Jenni Rocha e Bruno Britto para comporem a banda. Em parceria com Rodriguinho, o artista lançou ‘Só sei te arrepiar’, que mescla o soul, black music e o pagode mostrando seu talento como um grande cronista da paixão.
Suas letras são altamente conhecidas por fãs do gênero. Ele emprestou seus versos para serem interpretados por Ferrugem, como ‘Sinto Sua Falta’; ‘Pouco a Pouco’, gravada por Dilsinho; e ‘Até Que Durou’ e ‘Dois Rivais’, por Péricles. “É gratificante demais! Eu sempre sonhei em ver minhas músicas sendo cantadas por grandes artistas e multidões. Costumo dizer que é uma sensação inexplicável. Cada música gravada é como se fosse a primeira, a emoção é sempre a mesma”, conta.
Perguntamos ao cantor como ele enxerga a tal ‘falta de investimento’ no pagode ainda hoje em relação ao montante da renda revertida para o sertanejo. “Olha, temos grandes nomes no nosso meio que enchem shows em todos os lugares do Brasil, como o Dilsinho, o Thiaguinho, o Péricles, a Marvvila, que está surgindo agora como uma grande voz feminina do gênero, e muitos outros. E ainda temos uma história com o samba, e grandes ídolos como Jorge Aragão e Zeca Pagodinho, que são super respeitados por aqui. O sertanejo é um movimento muito grande, mas não está isolado nas paradas de sucesso – ele está com o pagode, o funk e o rap”.
Nesse momento de pandemia, as plataformas digitais tem sido o grande canal de entretenimento e lançamento de artistas em todos o mundo, se tornando um grande holofote que dá visibilidade a novos talentos. Segundo BG, “o poder que as redes sociais tem proporcionado a cantores e compositores que não moram nas grandes cidades a oportunidade para voar. Eu demorei para ser mais ativo na internet. Sempre compus no meu quarto, algo bem intimista. Mas entendi que é preciso mostrar um pouco da minha rotina para quem quer me conhecer melhor, acompanhar a minha carreira. É uma via de mão dupla que me ajuda a seguir em frente também”, conclui.
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