*Por Iron Ferreira
Foi na força cultural e na pluralidade de ritmos presentes na cultura latino-americana que a goiana Sarah Abdala se inspirou para produzir o seu mais novo disco, o terceiro de sua carreia. Intitulado “Pueblo”, o álbum será lançado em outubro e contou com uma importante base de estudos sobre a história dos povos da América-Latina. Em conversa com o site Heloisa Tolipan, a artista, que é uma das promessas dessa nova geração, contou que a sua intenção era trazer uma nova estética sonora para os seus trabalhos.
“O disco todo gira em torno de um estudo que eu fiz sobre a América Latina. Eu me interesso bastante por essa linha e decidi incluí-la no meu trabalho. No curso, estudei sobre revoluções, povos originários, o que me serviu de inspiração. Cada faixa desse álbum reflete a cultura e as características dos povos latinos. O trabalho foi todo realizado no meu estúdio próprio e usa a viola como guia principal para a construção das melodias das canções”, revelou.
A primeira canção do projeto a ser disponibilizada foi a deliciosa “Migrante”, que mescla elementos do folk. A faixa foi escrita a partir da história da sua própria família, afinal, seu bisavô foi um imigrante libanês. “Essa canção reflete mais um tema que será abordado no meu disco. Peguei a história da minha família como inspiração para essa canção. Meu bisavô veio do Líbano de navio para o Rio de Janeiro. Utilizei toda essa narrativa como pano de fundo. Aproveitei, também, essa triste onda de preconceito e violência contra os imigrantes para tocar em um assunto de extrema importância”, disse.
Assista:
Outro gostinho de “Pueblo” pode ser saboreado em “Seio Azul”, seu mais recente lançamento. A música reflete bem a sonoridade e a temática proposta pelo disco, podendo ser considerada um prelúdio. Dirigido por Tai Fonseca, o clipe foi gravado no Bosque da Barra, no Rio, e mostra as inúmeras transformações que a natureza enfrenta: “A música é um pequeno exemplo do que poderá ser ouvido no disco todo. Ela tem elementos do folclore e de músicas regionais. Ela mistura guitarras e sintetizadores com esses elementos mais clássicos. O bosque tem uma variedade de cenários bem diferentes. Desde mangue até água parada sem vida. A ideia do clipe é mostrar a natureza nos seis ciclos, desde o galho seco até a flor mais linda e o verde mais vivo”.
Assista:
Sua jornada musical começou em 2014, com “Futuro Imaginário”. Quatro anos depois nasceu “Oeste”, cujo sucesso a levou para o México, onde fez dois shows, um na cidade de Guadalajara e outro na Cidade do México. “Foi ótimo. A recepção foi impressionante. O público mexicano é muito atento e realmente queria escutar o que eu estava apresentando. Eu sentia o interesse de todos pelas canções”, afirmou.
Ela ainda falou sobre as suas maiores referências artísticas e a importância da cantora indie americana Cat Power na sua formação musical: “Cat Power é minha maior referência. Ela foi muito importante na minha adolescência, com músicas fortes e uma voz bem grave. Eu, que era acostumada a ouvir Gal Costa e Maria Bethânia, que são grandes intérpretes, fiquei impressionada. Norah Jones também uma grande referência pra mim. Das músicas latinas, Natalia Lafourcade, Julieta Venegas, Silvana Estrada e Chavela Vargas são as minhas preferidas”.
Sarah também nos contou que a música a fez amadurecer. Segundo ela, o processo de composição e o contato com os mais diferentes estilos e ritmos a fez olhar para o mundo de maneira diferente. Desde o seu disco de estreia até o atual momento, a forma de se expressar através das canções sofreu transformações: “Eu acho que mudou o meu discurso. Ainda continuo falando sobre amor e desamor, mas de uma forma mais madura, de forma mais ingênua ou juvenil. Continuo falando sobre isso, mas de uma maneira mais intensa. É falar de amor e desamor sobre as relações humanas e os ciclos da natureza. Antes era o micro e agora é o macro”.
Focada na divulgação do álbum, a artista confirmou que lançará o clipe para a canção “Oração para as Américas”. “No próximo mês, irei lançar o clipe para essa nova faixa. Já em outubro sai o disco completo. A ideia é trabalhar em cima desse material e fazer uma turnê para o ano que vem. Quero levar esse disco para fora do online e ter um contato mais próximo e intimista com o público”.
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