A noite deste sábado foi mais hardcore do que suspeita a vã filosofia dos cariocas. Poucos dias após o show levinho do bom moço havaiano Jack Johnson, a banda norte-americana de metal Avenged Sevenfold, também conhecida A7X, deu expediente no mesmo palco do HSBC Arena, sem muito estardalhaço de mídia, mas com garra suficiente para levar ao delírio uma legião de fãs enlouquecidos, inclusive muitas mulheres que portavam cartazes com dizeres dirigidos ao guitarrista Zacky Vengeance, uma espécie de sex symbol para o time feminino de metaleiras, braços todos tatuados, pinta de caçador de zumbis e que, além de tudo, gosta de moda e tem uma grife de roupas chamada Vengeance University, com t-shirts, bandanas, hoodies e colares.
Surgida na Califórnia no final dos anos 1990, a banda contrasta com outras que são baluartes do segmento, algumas com mais de 40 anos de carreira. Seus integrantes, ao contrário, esbanjam vigor e ainda têm as peles esticadinhas e caras de gostosos, ao contrário de muitos dos seus colegas de estilo musical que, pela longevidade dos grupos, continuam décadas a fio na ativa como verdadeiros maracujás de gaveta musicais. Tipo Kiss ou Iggy Pop, não é mesmo? Ou, quem sabe, um Axl Rose que, de bonitão nos anos 1980 e 1990, virou um sapo inchadão. Os rapazes do A7X, porém, ainda estão na flor da idade e isto – aliado ao inegável talento e vários hits no topo das paradas – confere aos garotões um ar mais jovial do que a média dos grandes standards neste nicho musical. O guitarrista Synyster Gates, por exemplo, com suas tatuagens ainda sobre uma pele viçosa e sua cara de Dragon Ball Z, costuma despertar a libido das fãs histéricas.
Eles começaram tocando metalcore nos dois primeiros álbuns, mas mudaram de estilo para o heavy metal e hoje são considerados uma das revelações da última década. O vocalista M. Shadows e o guitarrista Zacky Vengeance fazem parte da formação da banda desde o início e alegam que todos usam nomes artísticos que definem bem naquilo em que se transformam no palco. Deve ser o mesmo tipo de possessão demoníaca que também toma conta da plateia, que incendeia – tipo combustão humana – a cada sucesso do grupo, como “Blinded in Chains”,“Chapeter Four” e “Beast and the Harlot”, todas do álbum “City of Evil”, lançado pela Warner Bros Records em 2005/06 e presentes em jogos de RPG. Este disco já vendeu até hoje um milhão de cópias, provando que a banda, ao contrário do mercado fonográfico em declínio, é um sucesso absoluto, ainda mais impulsionada pelos videogames.
Atualmente, além dos dois fundadores e do guitarrista Synyster Gates, o baixista Jonnhy Christ e o baterista Arin Ilejay fazem parte da formação da banda, com outros cinco músicos já tendo comparecidos como membros do clã, o que prova que participar do Avenged Sevenfold pode ser considerado atividade de alto risco. Mas todos sempre como nomes estranhíssimos, indicando que possivelmente algum publicista dublê de numerólogo satânico deve ganhar um tutu básico dando consultoria para a banda. Mesmo assim, o grupo já por alguns percalços pesadinhos, como a paralisia facial de M. Shadows em 2008, durante uma apresentação em Baltimore por conta da “Fall Tour”. Por cantar excessivamente, ele teve problemas na articulação temporomandibular e sua mandíbula se deslocou. Mas ele afirma que ainda pode gritar (segundo ele, “Até melhor que antes”). E, no ano seguinte, o baterista Jimmy Sullivan, conhecido como The Rev, foi encontrado morto em sua casa, aos 28 anos. Porém, nada que abalasse a estrada do grupo, aí até hoje para o deleite dos fãs.
No show carioca, o A7X incendiou o palco, que tinha como cenografia o famoso logotipo da caveira com asa de morcego, identidade visual da banda. Confira as fotos de Vinícius Pereira.
Artigos relacionados