*Por Domênica Soares
Eclética como ela só, Alice Caymmi traz em novo clipe, muita intensidade, desenvoltura, inteligência e impacto. “Areia Fina” chegou às plataformas digitais já com um clipe de tirar o fôlego. A faixa faz parte do seu último álbum, “Eletrika” e leva ao público uma esplêndida obra de arte dirigida por Pedro Freire. “Areia Fina” é a minha mais pura verdade. Sem pudor e sem medo. Uma das coisas mais difíceis que já fiz na vida. Esse clipe é resultado de muitas conversas entre eu e o diretor Paulo Freire. Tentamos chegar ao centro do problema, trazer toda minha potência de atuação e performance em um só vídeo”. Além do clipe, foi lançado também o remix da música.
Sobre essa nova montagem musical, Alice ressalta que nunca saiu do pop e inclusive acha engraçado quando as pessoas não se lembram que seu disco de maior sucesso foi “Rainha dos raios”, um álbum absolutamente pop que já carrega consigo essa força. “Eu sou uma artista popular, gosto de fazer coisas para todos, amo ouvir o público cantando, chorando, dançando. Não quero entrar para o hall dos inalcançáveis. Também não acho legal viver uma carreira efêmera com apenas um caminho ou uma estética. Eu quero viver a vida inteira de música”, frisa.
Em entrevista exclusiva ao site Heloisa Tolipan, a cantora que é neta de Dorival Caymmi, conta que é importante lançar um clipe pela época que vivemos, visto que somos muito audiovisuais e assimilamos melhor qualquer informação dessa forma mais visual. Para ela, o impacto de um clipe é sempre maior do que disponibilizar somente a música. Com emoção, Alice diz que chorou copiosamente após ver o primeiro corte do clipe que teve um grande significado em sua vida. “Foi muito duro assisti-lo. Ele é uma experiência semanário que fala muito sobre o corpo presente, como verdadeiro invólucro das nossas vidas. O que achamos de aceitação não se resume só a se aceitar. É se entender no mundo e o clipe aborda isso e muito mais”.
Sobre seu novo álbum “Elétrika” que chega ao público no primeiro semestre de 2020, a cantora comenta que o disco será de cunho popular, mas com uma roupagem muito típica da cantora. “Um acabamento refinado que o público já espera é um discurso esperançoso”. Ela conta que sempre busca passar para o público com suas músicas uma solução, direcionamento e transformação. “2020 vai ser o ano de mostrar minha luz e minha verdadeira eletricidade. 2019 foi o ano que tirei para libertar todos os demoníacos e expurgar todo resto de sombras que restava em mim”. Sempre ligada às novidades e às exigências do mercado, Alice diz que a internet possibilitou a todos a exposição de trabalhos artísticos fazendo com que a música não precisasse de A&Rs pra existir ou não. Contudo, em meio aos aspectos positivos não deixa de afirmar que os avanços tecnológicos trouxeram consigo a doença social da exposição, exploração da imagem e a ansiedade.
A sobrinha de Nana Caymmi, iniciou a carreira quando ainda era criança com 12 anos, quando gravou sua primeira música “Seus Olhos”, escrita pela irmã, Juliana, e incluída no álbum Desejo, de sua tia. Profissionalmente, assinou com a Sony Music em 2012 e lançou seu primeiro álbum de estúdio, que deu origem a inúmeras apresentações e projetos. Ela explica que é uma artista de origem tradicional, mas que vive o seu próprio tempo. Dessa forma, escolheu então não se alienar apesar de ter sido criada nos moldes da “alta cultura”. “Um artista que não vive no seu tempo, não expressa a ideia de sua era e não tem expressão não é artista. No percurso da minha carreira, percebi que bater na mesma tecla muitas vezes me dava tédio, porque eu sei fazer muitas coisas. Sou polivalente, mas não dispersa. Acho que a imprevisibilidade do meu trabalho abala alguns e agrada a muitos porque a surpresa ainda é um dos fatores chaves da criatividade”, pontua a cantora.
Mas não é só no mundo musical que Alice Caymmi coloca suas energias. Ela também se dedica a projetos sociais e tenta sempre se manter presente nessa ocasiões que estão em andamento e busca também angariar fundos. “Deixo minha marca com a arte de uma forma ou de outra”. Se fosse escolher uma manchete para sair nos jornais no ano de 2020, desejaria: “Alice Caymmi encontra sua luz”. E sobre seu maior sonho ela comenta: “Ter um sítio com muitos bichos e mato, e claro, com um estúdio dentro”.
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