Atriz e cantora, Ágatha diz: Difícil conseguir personagem na minha idade. Com 14 anos, não sou criança e nem adulta


Nos palcos desde os 9 anos, ela avança no lançamento da sua carreira como cantora. Ágatha, que já participou de novelas como ‘A Força Do Querer’ e ‘O Sétimo Guardião’, conta porque mudou o nome artístico, fala sobre bullying e haters, saúde mental, e revela as dificuldades do momento, na carreira que escolheu precocemente: “Sofri com eles na época das minhas lives musicais. Tinham pessoas que entravam e diziam que eu era feia, cantava mal, mandavam eu sair dali. É bem complicado passar por isso. Também sofri bullying na escola há pouco tempo. Falavam das coisas que posto, do meu conteúdo no Instagram, por exemplo. É difícil porque ainda ligo muito para opinião alheia, mas estou aprendendo a lidar com isso”

Atriz e cantora, Ágatha diz: Difícil conseguir personagem na minha idade. Com 14 anos, não sou criança e nem adulta

*Por Brunna Condini

A atriz Ágatha, ex- Ágatha Félix, tem se dedicado desde o ano passado ao seu lançamento no cenário musical. A nova empreitada é fruto da ligação de anos com a música e também das lives que realizou durante a pandemia, quando aproveitou para explorar sua versão cantora. Rosto conhecido dos espetáculos musicais, Ágatha decidiu mudar o visual e o nome para a nova fase. Sobre o nome artístico, a mudança não veio pelas melhores razões.

“Infelizmente uma criança se chamava Agatha Félix, como eu, e sofreu uma violência no Rio de Janeiro – Ágatha Félix, de 8 anos, foi baleada nas costas quando voltava para casa com a mãe, no Complexo do Alemão, em setembro de 2019. Então, achei que seria melhor não usar meu nome e sobrenome por um tempo, porque trazem lembranças dolorosas para algumas pessoas. E desejo que meu nome seja sinônimo de alegria, entretenimento neste momento. Por isso, uso só Agatha agora”, diz a artista de apenas 14 anos, que esteve em novelas como ‘A Força Do Querer’ (2017) e ‘O Sétimo Guardião’ (2019).

Nesta entrevista, Ágatha fala do redirecionamento da carreira em um momento delicado para a classe artística, e também das dificuldades em conseguir bons papéis na sua idade. “É um super desafio conseguir personagens agora. Até aparento ser mais velha do que sou, mas com 14 anos, não sou nem criança mais e nem adulta ainda. Estou no meio termo”, diz.

Ágatha se lança na carreira musical: "é um super desafio conseguir papeis como atriz aos 14 anos" (Divulgação)

Ágatha se lança na carreira musical: “é um super desafio conseguir papeis como atriz aos 14 anos” (Divulgação)

“A política é para crianças e adolescentes trabalharem menos, em carga horária. Mas isso também faz com que adultos que pareçam mais novos peguem papéis que seriam para adolescentes, por exemplo. É um pouco ruim isso, mas sigo me dedicando, estudando, aguardando boas oportunidades aparecerem”.

Seu primeiro single e vídeo clipe, ‘Notificação’, foi lançado ano passado mostrando sua identidade pop de cara. Logo depois foi a vez de ‘Hora Mágica’, que teve o melhor desempenho da artista nas plataformas digitais com mais de 1 milhão de visualizações no YouTube. E recentemente lançou ‘Boomerang’. Na música, Ágatha evidencia algumas referências sonoras e visuais de ídolos, como as cantoras Sabrina Carpenter e Manu Gavassi. “Na carreira também me inspiro na Larissa Manoela, na Maísa, na Marina Ruy Barbosa e na Bruna Marquezine. Elas trabalham desde pequenas e estão até hoje no mercado. Além de atuar, sempre gostei muito de cantar, cantei em musicais, digo que sou ‘cantriz’. Então, comecei a compartilhar músicas com as pessoas na quarentena, nas lives. Amo música e canto o tempo todo”, afirma.

“E tive a oportunidade de me aperfeiçoar cantando, aprendi instrumentos durante a pandemia, e descobri que não queria mesmo ser só a Agatha atriz, desejava ser a cantora também. Gravar minhas músicas é um desafio e um sonho realizado”.

"Descobri que não queria mesmo ser só a Agatha atriz, desejava ser a cantora também. Gravar minhas músicas é um desafio e um sonho realizado" (Reprodução)

“Descobri que não queria mesmo ser só a Agatha atriz, desejava ser a cantora também. Gravar minhas músicas é um desafio e um sonho realizado” (Reprodução)

Ela escolhe o caminho dela

Ágatha estreou nos palcos no clássico ‘A Noviça Rebelde’, dirigida por Charles Möeller e Claudio Botelho, em cena ao lado de Gabriel Braga Nunes e Larissa Manoela, uma de suas grandes inspirações. “Não tenho artistas na família. Eu quis, escolhi desde cedo que desejava ser atriz. Quando fiz esse musical, ainda não tinha feito um curso de teatro, nada”, conta.

“Não sei o que seria se não fosse artista. Isso é o que quero fazer para o resto da vida. Acho que se manter firme, ter resiliência, é um bom direcionamento na carreira. E minha família, as pessoas que escolhemos para trabalhar comigo, estão sempre me acompanhando e apoiando”.

Ao lado de Vinicius Pieri no musical 'A Noviça Rebelde', sua estreia aos 9 anos (Acervo)

Ao lado de Vinicius Pieri no musical ‘A Noviça Rebelde’, sua estreia aos 9 anos (Acervo)

Mesmo com tão pouca idade, ela já precisou lidar com as frustrações no caminho. “Muita gente acha que a vida do ator, da atriz, tem só a parte boa, os luxos da profissão. É muito complicado explicar para uma criança que ela não passou em um teste, por exemplo. Ou que ela vai perder o aniversário que tanto quer ir porque vai precisar ensaiar, trabalhar. Você acaba adquirindo uma maturidade antes do que deveria, precoce mesmo”, pondera.

“Não me arrependo de ter começado cedo. Eu sempre quis muito, é o que amo fazer. Nunca foi uma obrigação. Mas amadureci antes das crianças da minha idade. Tinha responsabilidades que as outras crianças não tinham. Mas sempre tive meus pais ao meu lado, de perto. Me apoiavam, nunca me forçaram a nada, pelo contrário. Perguntavam sempre se era aquilo o que queria mesmo, dando todo suporte”.

Ágatha sobre a carreira: "Não sei o que seria se não fosse artista. Isso é o que quero fazer para o resto da vida" (Divulgação)

Ágatha sobre a carreira: “Não sei o que seria se não fosse artista. Isso é o que quero fazer para o resto da vida” (Divulgação)

Saúde mental

Apesar dos pais respeitarem sua precoce escolha, a preocupação com sua saúde mental sempre esteve presente. “Tenho cuidado. É complicada essa Era que vivemos, muita internet, tem a escola, trabalho, muita coisa para conciliar. Estou fazendo terapia agora para me cuidar melhor, me ajudar com as coisas”. E revela que a cobrança em gerar conteúdo nas redes sociais, já não caiu bem: “Dá muita ansiedade as vezes esse ‘compromisso’. Um exemplo, é que na época que eu sofri bullying no colégio, fiquei um pouco afastada do Instagram. E ao mesmo tempo, também me sentia mal por não estar em contato, produzindo conteúdo para os seguidores que esperavam isso de mim. Tudo gerava ansiedade, mas hoje sei que o mais importante é fazer o que nos faz bem”.

Algo comum à sua idade, Ágatha é bem assídua nas redes, no entanto, já tem consciência dos excessos: “Confesso que fico muito tempo online. Às vezes perco a hora, vendo vídeos no Tik Tok e outros temas na internet. Hoje tento ter essa relação nas redes, mas não me perder das outras coisas na vida que tenho pra fazer. Gosto muito de ficar online, mas tento ficar atenta para não ficar viciada (risos)”.

A atriz e cantora na gravação do primeiro vídeo clipe: "Pretendo ser atriz e cantora daqui pra frente" (Divulgação)

A atriz e cantora na gravação do primeiro vídeo clipe: “Pretendo ser atriz e cantora daqui pra frente” (Divulgação)

E compartilha algumas situações com os chamados haters. “Sofri com eles na época das minhas lives musicais. Tinham pessoas que entravam e diziam que eu era feia, cantava mal, mandavam eu sair dali. É bem complicado passar por isso. Também sofri bullying na escola há pouco tempo. Falavam das coisas que posto, do meu conteúdo no Instagram, por exemplo. É difícil porque ainda ligo muito para opinião alheia, mas estou aprendendo a lidar com isso”, divide.

“É desagradável, desestimulante, mas estou aprendendo que a opinião de pessoas que não gostam de mim, e estão usando seu tempo para falarem coisas negativas, não pode me afetar. Tem muita gente que gosta de mim, do que posto, me acompanha. É tentar não deixar que isso afete mesmo”.

Ágatha também fala sobre o ‘cancelamento’, fenômeno dos tempos atuais. “Acho que todo mundo tem medo dele. Principalmente hoje em dia, que muitas vezes ‘cancelam’ a pessoa por nada, até por interpretarem mal alguma coisa. Acho que no geral quem ‘cancela’ são pessoas que não têm muito o que fazer. Ficam ali julgando o outro ao invés de olharem para si e suas vidas. Acho que o ‘cancelamento’ deveria ser cancelado, porque é algo ruim, afeta muito. As pessoas deveriam ter mais empatia umas com as outras”.

Ainda na adolescência, mas com atitude e tendo descoberto desde cedo sua vocação, ela fala dos sonhos sem inibição ou medo de parecerem muito grandes: “Quando eu crescer quero continuar na minha profissão e ter uma carreira internacional. Meu sonho como atriz é ganhar um Oscar. Fazer um filme em Hollywood e um musical na Broadway. Também queria poder fazer uma vilã daquelas, uma psicopata (risos)”.