*Por Rafael Moura
Depois do manifesto com a cantora Linn da Quebrada, quando lançaram a música ‘Onça/ Docilmente Selvagem’, em que o trio As Baías, formado por Assucena Assucena, Raquel Virginia e Rafael Aberbi, criticaram o ‘boicote dos algoritmos’ com os artistas trans, parece que finalmente essa bolha começa a ser furada. Afinal, as faixas ‘Drama Latino das Rádios’, com Xand Avião, e o mais recente ‘Quarto Andar’, com Luísa Sonza, ultrapassa a marca de 275 mil visualizações no Youtube em menos de 24 horas de lançamento, além de números altamente expressivos nas plataformas de streaming.
“A gente vem de uma cena que é mais cult, indie, e essa relação que estamos construindo com a música pop é uma troca de conceito. Então, quebramos vários muros, como o dos algoritmos e de como se relacionar com as pessoas e sermos mais ouvidos. Uma outra quebra de paradigmas importante nesse processo foi a derrubada do muro estético e artístico que nos movimenta”, conta Assucena.
A parceria com Sonza fecha o álbum ‘Drama Latino’, que traz em sua essência um repertório altamente diversificado explorando diferentes relacionamentos e suas tonalidades particulares, que contou com parcerias de grande nomes da musica brasileira da atualidade como Linn da Quebrada, Xand Avião, Kell Smith, Mc Rebecca, Rincon Sapiência e Cleo. “Nós ganhamos uma aura tão do tipo “ai, meu Deus” artistas que parecem que tudo se aproxima do mundo mais popular não conta. Não é verdade”, revela Raquel. Luísa Sonza completa: “As Baías são super cult, eu acho muito legal isso. Eu venho do pop, né? Então achamos que seria muito incrível unir esses dois universos completamente diferente em uma música”.
Os integrantes da banda contam que a letra de ‘Quarto Andar’ representa os ‘amores efêmeros paulistanos’, provenientes das percepções peculiares, particulares e sensíveis do trio a cerca dos diferentes estilos e nuances de relacionamentos, que existem nas grandes metrópoles, como a capital São Paulo. “Eu acho que, de alguma forma, todo mundo já viveu um pouco desse amor e dessa relação que é efêmera, da mensagem não respondida, daquela saudade que bate. Então, é uma música de amor bem pós-moderna, loucuras e cotidianos. Um amor muito doido vivenciado em São Paulo, nessa situação de quase anonimato em uma cidade gigantesca”, explica Rafael.
O clipe tem direção de Gringo Cardia e Jackson Tinoco, com produção musical de Daniel Ganjaman, unindo moda, arquitetura e o universo pop em um clima artsy, com ares fashionista e inovador. O figurino é assinado pelo stylist Rodrigo Polack que traduziu esse conceito em formas, volumes e texturas. “Eu acho que a gente está conseguindo construir um trabalho a longo prazo de uma estética verdadeira. Eu gosto de mostrar perna, o colo. Gosto de ficar perua hoje”, frisa Assucena. Segundo a produção do clipe, as gravações foram feitas cumprido a todos os cuidados e respeito às normas de saúde, devido à pandemia do Covid-19.
Raquel revela que o feat com Luísa Sonza gerou um grande frisson e alegria na banda. “Eu sempre fico insegura, por mais que eu passe uma imagem de mulher segura, eu sou insegura”. Não precisa, Raquel: os fãs super curtiam essa parceria e o clipe já ultrapassou 275 mil visualizações.
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Uma das inspirações veio da cantora Raquel, que tinha terminado de ler o livro ‘Popismo – Os Anos 60 Segundo Warhol’, de Andy Warhol (1928-1987). “Para o artista, o pop vem de fora para dentro, ou seja, a arte pop atende às demandas das pessoas”, enfatiza Raquel. E acrescenta. “Acredito que a banda passou por um processo intro, que foi quando a gente fez os nossos primeiros álbuns, que são mais conceituais. E, agora, a gente está entendendo essa demanda externa para conseguirmos conversar e levar a nossa mensagem para o maior número de pessoas. É um momento que a banda quer conversar com o de fora para dentro e o pop é justamente isso”.
Para 2021 o trio revela que aguarda ansiosamente a chegada da vacina contra Covid-19 para voltar aos palcos e poder sentir a energia e receber o carinho dos fãs. “Meu sonho para esse ano é viajar o mundo com a banda”, revela Rafael Acerbi. Já Assucena pretende passear “pelas entranhas do Brasil”. Raquel conta que seu grande sonho seria pode ligar o rádio e ouvir suas músicas.
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