*Por Rafael Moura
“Já fazia algum tempo que estava cada vez mais envolvido com o processo de produção de nossas músicas, tudo isso antes do coronavirus. Quando essa pandemia começou, e tudo foi paralisando, conversamos muito sobre o que fazer, como lançar nossas músicas e nos comunicar com vocês”. Foi assim que Rafael Acerbi, integrante do trio ‘As Bahias e a Cozinha Mineira’ e produtor do EP ‘Enquanto estamos distantes’, começou o papo sobre esse novo trabalho com o site Heloisa Tolipan. Em menos de um ano após do elogiadíssimo álbum ‘Tarântula’, o terceiro do grupo, que fazia uma crítica à Operação Tarântula, uma caça a travestis e pessoas LGBTs em 1987, em São Paulo, no qual cerca de 300 pessoas foram mortas.
Diferente do anterior, a banda opta agora por uma leveza, prometendo balançar os corações e aflorar os sentimentos das pessoas que passam por uma situação tão delicada e sensível por conta da emergência sanitária causada pela pandemia pela Covid-19. “Trabalhar com arte nesse momento mesmo que remotamente ajudou muito na nossa saúde mental. O nome do EP veio da Raquel Virgínia, e é muito sensível. Apesar de distantes estamos muito conectados e retomando laços de afeto, por conta da saudade.”, enfatiza Acerbi.
Com cinco faixas ‘Éramos Chuva’, ‘Forasteira’, ‘Mama’, ‘Eu sei que você gosta de brincar de amores’ e ‘Nosso apartamento’, o EP traz em seu conteúdo a mensagem de empatia, carinho e leveza para a nova realidade de nossas vidas, com uma imagem angelical, pura e autêntica, como um calor e esperança, propondo uma reflexão sobre a atualidade por meio da arte, tocando as pessoas e tirando-as da zona de conforto, mexendo com suas emoções e sentimentos mais íntimos. É uma coletânea introspectiva, que mergulha de dentro para fora e propõe uma viagem de autoconhecimento ao público.
“Falar sobre música nesse momento delicado com tantas notícias difíceis é um alento. Fazer música à distância foi uma desafio para suportar esse momento e a ideia foi oferecer qualidade para as pessoas. E eu gosto muito do Rafa ter sido o produtor, assinar todos os arranjos, instrumentos e foi uma delícia redescobrir esse talento desse parceiro que trabalhamos juntos há cinco anos”, comemora Raquel Virgínia.
Já Assucena Assucena rende muitos elogios aos seus parceiros de banda. “O Rafa se mostrou um produtor incrível e a Raquel foi uma grande produtora executiva”. E completa. “Estou muito feliz e empolgada porque esse projeto foi feito com muito carinho. O maior desafio de um artista é criar uma obra, e quando você está longe, ele se manifesta desafiador ao quadrado. Mas soubemos flutuar de maneira leve na busca pela beleza. É um álbum cheiro de leveza, sedutor, em que acreditamos nessas composições de maneira tão linda. Foi uma oportunidade de trazer um trabalho de maneira livre e autêntica. Acredite na sua música e acredita na sua arte que ela pode chegar longe”.
O músico revela que tomou um susto quando recebeu a mensagem de Raquel dizendo que íamos fazer o EP e que a produção seria minha. “Foi um grande desafio, primeiro de produzir à distância, dar a unidade musical e achar a estética desse produto, que durou de 10 a 15 dias. Foi um processo de troca intenso até chegarmos no que me deixou muito orgulhoso”, conta Rafael Acerbi.
“Mesmo de casa, a gente não tem parado um instante. Foi quando surgiu a ideia de lançar músicas que estávamos produzindo durante este período de isolamento que o mundo e o Brasil têm vivido. Trabalhamos intensamente, cada um de sua casa para levar o que de melhor As Bahias e a Cozinha Mineira tem para mostrar, que é a arte”, complementou Assucena.
Raquel acredita que a arte é transformadora, por isso para esse álbum a banda convidou a artista trans Patrick Ringon, natural de Cachoeira do Sul (RS), que desenhou tanto a capa do EP como mais 14 ilustrações, cumprindo uma mesma linguagem que faz uma alusão ao ‘nascimento da virgem’, o nascimento de uma nova sociedade cheia de esperança e empatia. O disco vem acompanhado do clipe do single ‘Éramos Chuva’, um vídeo gravado de casa com diversos convidados como Tais Araújo, Débora Nascimento, Juliana Paes, Lea T, Thelma Assis, Renata Carvalho, Magô Tonhon, Sarah Oliveira, Dona Jacira, Dom, Samantha Almeida, Gominho, Babiy Querino e Djamila Ribeiro. A ideia do roteiro buscou enaltecer afazeres do dia-a-dia de cada pessoa dentro de casa de forma poética, tocante e sensível. “Esperamos que gostem deste novo EP, que foi criado com muita esperança para o público que tanto precisa de música e arte em qualquer momento da vida. Que ele sirva de inspiração para muitas pessoas ao redor do país e do mundo”, finaliza Acerbi.
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