Eles passarão. Nós passarinho!
Vivemos em tempos de cólera e ver artistas e produtores musicais comemorando o fim de uma rádio como a MPB FM me faz quase perder a fé na humanidade. Mas há TREZE anos faço parte da equipe desta rádio, há seis estou diretamente ligada ao FARO MPB – único programa dentro de uma rádio comercial na segunda maior cidade do Brasil voltado EXCLUSIVAMENTE para a disseminação da produção musical contemporânea – e há cinco sou apresentadora do programa.
Antes de continuar quero dizer que JAMAIS ganhei nada além do meu salário para programar, produzir e apresentar o FARO MPB e que NUNCA sofri censura por parte do meu diretor musical, Luciano Gomes, em relação às escolhas musicais que a equipe do programa e eu fazíamos, semanalmente. Dito isso, acho que já zeramos a questão: “pra tocar em rádio só pagando”.
Sei de cor o clichê, “a vida é feita de ciclos”. Mas como boa ariana com ascendente em capricórnio e lua em touro sou apegada, passional e me entrego de corpo e alma a tudo que me proponho a fazer. E fazer parte da MPB FM foi a maior entrega profissional da minha vida! Muitos irão dizer, “que drama, é só um trabalho!”. Engana-se quem pensa que a MPB FM era só um trabalho e não falo por mim, falo por TODOS da equipe. Nunca vi pessoas tão apaixonadas por um ofício e foi lá dentro que aprendi que a PAIXÃO MOVE O MUNDO. Nestes tempos sombrios em que vivemos, é estranho mesmo saber que existe um lugar onde as pessoas vão trabalhar felizes, mantém-se muito alegres durante todo o expediente e vão para suas casas muito melhores do que quando chegaram. Mas como eu estava acostumada, isso pra mim é a normalidade.
A MPB FM não era só a casa da música popular brasileira. Era a minha casa também. Casa esta inaugurada há 17 anos pela mulher mais guerreira que conheci neste mercado “crazy”, Ariane Carvalho, idealizadora e presidenta da rádio durante todos os anos em que ela esteve presente no dial carioca.
Sei que a hastag GRATIDÃO é cafona pra esta “bolha cool” da qual faço parte (ou nem faço, não sei!) mas hoje só posso dizer MUITO OBRIGADA a todos que lá conheci. Tinha 23 anos quando pisei pela primeira vez na MPB FM e muito do que sou, do que penso e dos caminhos que decidi tomar na vida foram pensados a partir desta passagem pela rádio.
Aprendi lá dentro que ideologia é LUTA. Falar na primeira pessoa soa estranho porque lá sempre fomos NÓS. São 13 anos. Meu Deus! 13 anos não são 13 dias!!
Ser abraçada virtualmente (já que encontro-me em Lisboa, neste momento) por tantos artistas e produtores talentosos, pela minha família, pelos meus amigos, pelos meus chefes – Vivi Groisman e Luciano Gomes, eu amo vocês! -, pelas produtoras do FARO MPB, Bárbara Vianna e Cissa (forever!), pela Verônica Pessoa, amiga que aceitou tomar conta do meu filhote enquanto dou asas a outros sonhos, pelos ouvintes (“meus colegas de trabalho”) e por todas as pessoas que acreditam que fechar um veículo de comunicação é criar mais um muro no meio de tantos que já existem neste mundo, é MUITO gratificante/confortante!
O Faro MPB é uma marca, uma chancela e eu PROMETO que ele não vai acabar. Não vai porque a Ariane, proprietária da marca, acredita em ideologias como eu. Não vai porque sabemos o quão brilhante é o trabalho que realizamos. Não vai porque resistência é minha mola propulsora de vida.
Eles passarão. Nós passarinho! Em breve, novidades!
*Fabiane Pereira é jornalista, pós graduada em “Jornalismo Cultural” e “Formação do Escritor”, mestranda em “Comunicação, Cultura e Tecnologia da Informação” no Instituto Universitário de Lisboa. Curadora do projeto literário “Som & Pausa” e ainda toca vários outros projetos pela sua empresa, a Valentina Comunicação, especializada em projetos musicais e literários. Foi apresentadora do programa Faro MPB na MPB FM por quatro anos e atualmente comandava o boletim “Faro Pelo Mundo” na emissora de rádio carioca.
Artigos relacionados