Gilberto Gil é um daqueles gênios que dispensa apresentações. Por si só, o nome de um dos maiores artistas da música brasileira já vem carregado de muita história e sucesso. Não poderia ser diferente. Em 50 anos de carreira, Gil acumula prêmios nacionais e internacionais de música e sucessos que marcam diferentes gerações. Por essa louvável trajetória, o músico é uma das pessoas lembradas no espetáculo “Ensaio sobre alguma coisa que a gente ainda não sabe o que é”, com Maria Ribeiro, Pretinho da Serrinha e Carolina Dieckmann. Na peça, o trio destaca diferentes nomes que marcaram suas trajetórias pessoais e profissionais.
Na plateia no dia da estreia da peça, Gilberto Gil contou que se emocionou com a homenagem de Maria, Pretinho e Carolina. Em “Ensaio sobre alguma coisa que a gente ainda não sabe o que é”, o músico é lembrado em diferentes momentos e reverenciado pelo trio no palco. “O interessante é que elas são meninas e poderiam até ser minhas filhas. São artistas super cultas da cultura popular, sabem de tudo e tem uma experiência enorme. Na peça, o trio tem uma leveza incrível e uma capacidade de flutuar entre o universo da fantasia e da realidade”, analisou.
E não tem idade para ser fã de Gilberto Gil. De “Sítio do Pica-pau Amarelo” aos clássicos consagrados da música brasileira, ele é unanimidade entre os amantes da cultura nacional. Depois da turnê com Caetano Veloso no espetáculo “Dois amigos, um século de música”, que rodou o Brasil em 2015, agora, Gil se prepara para seu próximo projeto. No mês que vem, o músico põe o pé na estrada ao lado de Gal Costa e Nando Reis. Como nos contou, o novo show, batizado de “Trinca de Ases” foi uma ideia de Jorge Bastos Moreno, jornalista brasileiro que morreu no último mês. “O Moreno era uma figura extraordinária e que era amigo de muita gente. Então, nas reuniões, ele criava novos ciclos de amizades que gerava grupos e projetos. E eu faço parte disso tudo”, lembrou sobre o início desta parceria com Gal e Nando. No Rio de Janeiro, o show “Trinca de Ases” está marcado para os dias 11 e 12 no KM de Vantagens Hall.
Porém, aos 75 anos, Gilberto Gil confessou que já não se cobra tanto quando o assunto é a carreira artística. Depois de alguns problemas de saúde, o músico disse que se permite ficar mais em casa e descansar depois de meio século de dedicação à cultura nacional. “Eu ainda estou vivo e com alguma energia. Durante o tempo, eu fui acumulando esse gosto pela música que me deu esses anos de carreira. Mas agora, eu também estou gostando de ficar em casa. Não estou me cobrando para trabalhar tanto”, destacou.
Além de sua contribuição para a música brasileira, a trajetória de Gilberto Gil também foi marcada por sua experiência como Ministro da Cultura do governo Lula, entre os anos 2003 e 2008. Hoje, com o panorama mais instável e com tantas notícias que vêm na contramão da produção artística, Gilberto Gil analisou a situação de forma favorável. Na opinião no músico, as artes brasileiras “continuam bem”. “Dentre essa confusão geral que o mundo se meteu, as artes são um dos poucos exemplos de movimentos que se salvam. A cultura continua sendo um oásis na vida das sociedades. E, entre as diferentes expressões, a música é a mais abençoada, que se propaga no ar e no vento”, analisou Gil que completou: “Os artistas continuam salvando o mundo”.
Para completar, Gilberto Gil ainda fez um breve comentário sobre as declarações de Lobão em seu livro. Em “Guia Politicamente Incorreto dos Anos 80 Pelo Rock”, o músico não foge de sua característica mordaz e, além de Gil, critica também Caetano Veloso e Chico Buarque pelos trabalhos desenvolvidos neste período. No caso de Gilberto Gil, Lobão ataca o álbum “Realce”: “teríamos um trailer dos horrores que haveriam de ocorrer nos anos 1980 e suas tenebrosas produções musicais”. Sobre tudo isso, Gilberto Gil garantiu não ter se abalado e reduziu à “Lobão é Lobão. A gente já sabe o que esperar…”, disse sem se alongar.
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