Aos 26 anos, recuperado da Covid-19, Jonathan Costa, agora DJ Jon Jon, fala sobre o funk na web em tempos de pandemia


O cantor, DJ, funkeiro e empresário fala da doença, da quarentena e do lançamento da música nova, “Ela tem poder”, no dia 26, exaltando o empoderamento das mulheres. Ele também comenta sobre o novo amor que está vivendo com a empresária Carolina Santos e do desejo de ter mais um filho. Além disso, o funkeiro divide histórias familiares sobre a mãe Verônica Costa, e o pai, Rômulo Costa. E opina sobre o conflito entre Anitta e Ludmilla: “Todas acabam tendo sua razão, seu lado. Acho que tudo tem que ser administrado com paciência. Na vida, trabalhando, todo mundo erra, mas acredito que seja importante reconhecer os erros, evoluir. A coisa mais importante a ser feita, é se escutar. Agora está todo mundo na emoção. Olha, acho que elas vão conseguir se entender com o tempo. É o melhor nestes casos. São duas mulheres incríveis, que nos inspiram em seus trabalhos, representam a música no Brasil e no mundo. Acho que o diálogo é o melhor caminho, temos que deixar o ego de lado, ouvir e evoluir”

*Por Brunna Condini

Para Jonathan Costa, o agora DJ Jon Jon, a quarentena começou difícil. O cantor contraiu a Covid-19, mas se recuperou bem. “Meus sintomas foram considerados leves, mas só eu sei o que passei. Não tive falta de ar, mas tive muita dor, no corpo todo, inexplicável”, relata. “Não é uma gripezinha, é um vírus perigoso e real. Sofri, mas estou aqui bem, sobrevivi. Nem todo mundo tem essa sorte. Redobrei meus cuidados. Tenho meus protocolos em casa, no estúdio. Se protejam e quem puder, fique em casa. Têm milhares de pessoas que não podem. Nem todo mundo tem amparo e a oportunidade de trabalhar sem sair. Nem todo mundo tem privilégios”.

Aos 26 anos, o filho de Rômulo Costa, dono da Furacão 2000, e de Verônica Costa, vereadora e a “mãe loira do funk”, sempre foi considerado o herdeiro dos dois, o “príncipe do funk”, mas não se acomodou neste papel. Ele conta que tem se reinventado e investido na carreira constantemente. Aliás, a inquietude e a paixão com que fala da profissão são características que se destacam imediatamente em Jon Jon.

Jonathan Costa é o DJ Jon Jon: “Estou compondo, produzindo bastante na quarentena e lanço música dia 26″ (Divulgação)

Cantor, DJ, produtor e empresário de novos talentos, ele também divulga o seu projeto Jon Jon O Baile, que já fez turnês internacionais. Apesar do amor pelo funk continuar o mesmo, ele não lembra em nada o menino que cantava aos 7 anos “de segunda à sexta, esporro na escola, sábado e domingo eu solto pipa e jogo bola”, como o “Jonathan da nova geração”, quando começou a carreira. Ele cresceu, apareceu e amadureceu, e conta que tem produzido bastante no período de recolhimento. “Estou compondo, produzindo e lancei  o single“Química Perfeita”, e também “Essa quarentena”, que fala dessa saudade que todo mundo está sentindo porque tem que ficar em isolamento. É sobre a história de um casal que decide passar por essa reclusão juntos”, conta, sobre a música que tem parceria com Ruan Marky. E acrescenta: “A mulher na história dessa música, seria uma mistura de Madonna com Rihanna, Anitta e Ludmilla. Elas inspiram meu trabalho, são poderosas e talentosas. Na minha próxima música também exalto as mulheres, chama “Ela tem poder”. Vou lançar o single dia 26, que é bem dançante. Escrevo sobre amor, paixão. Somos movidos a paixão, não é?”.

Jonathan na infância, ao lado do pai Rômulo Costa, da mãe, Verônica Costa, e da irmã Jeniffer, que mora em Los Angeles (Acervo pessoal)

Em defesa da paz

Anitta e Ludmilla têm protagonizado um desentendimento que se iniciou no ano passado, quando se tornaram públicas questões sobre direitos autorais da música “Onda diferente”, composição de Ludmilla, mas com créditos para Anitta e Snoop Dogg também, após a gravação. A polêmica tem dividido opiniões, e nós por aqui, acreditamos que neste conflito não há vencedoras, já que as duas são mulheres competentes, bem sucedidas e empoderadas.

Perguntamos a Jon Jon, que conhece as duas (Anitta, inclusive, despontou para o público na Furacão 2000), o que ele acha do imbróglio envolvendo as duas profissionais. “Não posso falar sobre a briga delas. Todas acabam tendo sua razão, seu lado. Acho que tudo tem que ser administrado com paciência. Na vida, trabalhando, todo mundo erra, mas acredito que seja importante reconhecer os erros, evoluir. O mais importante a ser feito é se escutar. Agora está todo mundo na emoção”, pondera o cantor, que continua: “Olha, acho que elas vão conseguir se entender com o tempo. É o melhor nestes casos. São duas mulheres incríveis, que nos inspiram em seus trabalhos, representam a música no Brasil e no mundo. Acho que o diálogo é o melhor caminho, temos que deixar o ego de lado, ouvir e evoluir. Tenho muito carinho pela Ludmilla. Adoro, amo, ela é uma pessoa com o coração gigante. E tenho máximo respeito pela Anitta, pelo trampo dela. Ambas são artistas que levaram o funk para um patamar mundial”.

Amando no confinamento

Ele tem cumprido a recomendação de isolamento e tem ficado em casa, mas não sozinho. No último Dia dos Namorados, ele tornou pública sua relação com Carolina Santos, 31. “Estou passando a quarentena com ela, não saímos de casa. Só vou para rua para ver meus filhos (Maithe e Salvatore),  ao mercado uma vez por semana, e quando preciso, fazer ajustes em um estúdio próximo de casa, mas tomo todos os cuidados”, diz.

“A Carol é minha empresária, ela faz o Jon Jon Baile comigo. Com a quarentena, ficamos muito juntos e resolvemos experimentar” (Reprodução Instagram)

É o primeiro relacionamento que Jonathan torna público depois do término do casamento com Antonia Fontenelle. O cantor diz que ele e Carolina já se conheciam trabalhando, mas que só agora decidiram investir no romance. “A Carol é minha empresária, ela faz o Jon Jon Baile comigo. Um dia ficamos, mas pensamos melhor e nos distanciamos, pelo trabalho. Com a quarentena, ficamos muito juntos e resolvemos experimentar. Estamos há três meses juntos”, revela. Como é iniciar uma relação em isolamento? “Já tínhamos uma rotina juntos, só está mais intensa (risos). Estamos bem, está bom o que estamos vivendo”.

Pai de Maithe, de 7 anos, da relação com Vanessa Rocha, e de Salvatore, da relação com Antonia, ele revela que pretende ter mais filhos. “É um desejo real. Eles são minha fonte de energia, desmonto quando escuto um “papai”. Quero adotar mais um”, divide. E seria com a Carolina? “Quem sabe? (risos). Se ela ler a matéria e topar, estou aí”.

O cantor com os filhos Maithe e Salvatore: “Quero ter mais um filho. Pretendo adotar” (Acervo pessoal)

Nascido para o batidão

Ele nasceu em 21 de agosto de 1993 e quase em cima do palco, literalmente. “A bolsa da minha mãe estourou e ela estava no baile. Nasci no funk. Ela disse no microfone que a bolsa estourou, abriram caminho e ela foi para maternidade”, conta.

Verônica e Rômulo Costa se separaram há mais de 15 anos, mas Jonathan reconhece que todos os valores que aprendeu e tenta passar para os filhos, aprendeu com eles. “Meus pais são meus pontos de referência na vida. Nada veio fácil, batalharam muito. Abriram caminho para o funk no país, para muitos artistas. É uma bandeira de muitas décadas de trabalho”, destaca Jon. “Eles sempre lutaram para que acabasse o preconceito em relação ao funk. Lembro, que quando eu era pequeno, questionei os meus pais se um dia eu veria funk como trilha de novelas, séries. E vemos isso hoje! Isso é uma vitória, meus pais foram precursores e isso é demais. Me apaixonei porque vi tudo isso pelos olhos deles, através do trabalho deles. Mas acho que o funk ainda é um bebê, temos muito para fazer pelo ritmo, pelo movimento”.

Verônica Costa, Jon Jon e a irmã, Jeniffer Costa: “A política exige uma dedicação integral, vejo minha mãe, que não se desliga nunca, para ela é essa a missão” (Divulgação)

Se sente cobrado? “Tem essa parte, sim. Mas é normal. É mais ou menos assim: se eu acertar, é mais que a obrigação. E se eu errar, estou destruindo o legado que eles levaram a vida para construir”, analisa. “Mas estou acostumado, sempre lidei com essas questões a vida toda. Eu chegava na playboyzada e era o favelado. Por outro lado, chegava na favela e era o playboy. Tudo sempre foi questão de ponto de vista. Por isso não acho uma boa essa coisa de julgamento”.

Sua mãe está no quinto mandato e nas eleições deste ano tenta nova reeleição. Você já foi convidado ou pensou em seguir carreira política? “Não penso nisso. Mas não digo nunca em nada na minha vida. Quem sabe lá pelos 50, 60? Tenho muitas missões agora. Muito para mostrar e ser feito pelo funk. E a política exige uma dedicação integral, vejo minha mãe, que não se desliga nunca, para ela é essa a missão”.

Jonathan com Salvatore e o pai, Rômulo Costa: “Hoje meu contato com ele está mais distante, mas estamos melhorando. Já fomos muito próximos, estamos nos reaproximando. Todos têm diferenças” (Acervo pessoal)

E seu pai, o que tem feito? “Ele continua à frente da Furacão 2000, trabalhando muito”, diz. E lamenta: “Hoje meu contato com ele está mais distante, mas estamos melhorando. Já fomos muito próximos, estamos nos reaproximando. Todos têm diferenças”.

Apesar do momento difícil para o Brasil e para o mundo, o funkeiro está esperançoso sobre o que vem pela frente. Como acha que os bailes vão ficar já que nem tão cedo as aglomerações serão permitidas? “Imagino que neste primeiro momento tudo continuará online. Tudo bem, o funk sempre se adaptou, temos esse dom. Precisamos continuar com o isolamento e apoiamos isso”, garante. “Vamos de transmissões ao vivo. Vemos grandes lives do movimento funk, que hoje já reúnem cerca de 4 milhões de pessoas. Nos adaptamos, evoluímos. Não vai ser diferente com a pandemia. Sejam através das lives, podcasts. É livre a expressão do movimento e não vai faltar em um baile à distância alegria e grave no talo para dançar. Isso tudo vai passar e quero acreditar que a gente recupere, que todo mundo tente ser uma versão melhor”.