*Por Simone Gondim
Atuando na linha de frente contra a pandemia provocada pelo novo coronavírus, os profissionais do setor de saúde ganharam uma homenagem do cantor e compositor Alex Fava, com a colaboração do professor, historiador e filósofo Leandro Karnal. O clipe da música “Sem você”, lançado semana passada, é dedicado a quem trabalha nas áreas de medicina e enfermagem, colocando em risco a própria vida para garantir o bem-estar da população e os cuidados com as pessoas que testaram positivo para Covid-19 ou apresentam os sintomas da doença. “Todo o nosso apoio e toda a nossa gratidão. Vocês são a luz e a esperança de um dia melhor. Muito obrigado por vocês existirem”, diz Karnal, ao fim do vídeo. Após a mensagem, aparece um QR Code que permite a quem assiste fazer uma doação apontando a câmera do celular. O valor arrecadado será usado para comprar EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e produtos como álcool em gel para o Hospital São Paulo.
Alex revela que escreveu “Sem você” duas semanas antes de a pandemia explodir no Brasil e o país adotar o isolamento social na maioria das cidades. A letra, que fala de uma pessoa sofrendo por alguém que partiu, acabou se encaixando no momento difícil que o planeta atravessa. “A música começa com uma pessoa sozinha, pensando no quanto o mundo está vazio e sem encanto. Com a pandemia, muitos estão perdendo pessoas queridas e familiares. Quis mostrar no clipe um pouco do cotidiano da quarentena e lembrar que os profissionais de saúde são os que mais podem nos ajudar a passar por essa situação”, afirma ele.
O nome de Leandro Karnal para fazer uma participação no clipe surgiu naturalmente. Fã do trabalho do professor e historiador, Alex fez questão de colocar uma mensagem para os profissionais de saúde ao fim do vídeo, pensando em Karnal para dar esse recado. “Acompanho o trabalho do Leandro Karnal por meio de entrevistas e pela internet. Também já fui a algumas palestras dele e sabia que, com certeza, passaria uma excelente mensagem, com sabedoria. Fizemos o convite dizendo que se tratava de um clipe em homenagem aos profissionais da saúde e ele prontamente nos atendeu. Ficamos muito felizes”, conta o artista.
Mesmo entusiasmado com o novo trabalho, Alex reconhece que a quarentena também mexe com seu lado emocional e causa mudanças na rotina. “Algumas vezes me pego pensando nessa loucura que estamos vivendo. Claro que todos nós temos dias ruins e mais difíceis, mas procuro sempre conversar com a minha família e extrair coisas boas dessa situação. Meu desejo é que possamos sair pessoas melhores dessa pandemia”, confessa. “Tomo muito cuidado em relação à alimentação, procuro lavar bem os alimentos e presto muita atenção quando vou lavar as mãos. Fora isso, tenho permanecido isolado socialmente, coisa que eu não costumava fazer”, acrescenta.
Como todos os profissionais da área de artes e cultura, Alex teve a vida profissional bastante afetada pelo coronavírus. A agenda de apresentações, por exemplo, entrou em pausa forçada. “O que mais me dói é ficar longe dos fãs. Meus fã-clubes sempre foram muito presentes nos shows, não receber esse carinho pessoalmente está sendo bem difícil. Por outro lado, passei a escrever muito mais, comecei a fazer meditação e refletir bastante sobre a vida. Acredito que essas coisas vão me fazer mais forte para encarar o mundo pós-pandemia”, observa.
Alex ressalta que a preocupação com questões sociais não é algo novo em seu dia a dia. A canção “Vô”, lançada em 2018, aborda com delicadeza um tema triste: o abandono de idosos. “A partir da repercussão dessa música, vi o tanto de pessoas que ficaram emocionadas e me agradeceram por ter tocado nesse assunto, por vezes esquecido pela nossa sociedade. A partir daí, criei o projeto ‘Consciência’ no qual uso a música e o videoclipe para mostrar questões que considero importantes, como a depressão e o abandono de animais, por exemplo”, explica.
O lado solidário de Alex não se restringe às canções. Ele colabora com a Casa do Zezinho, instituição localizada no Capão Redondo, em São Paulo, cujo objetivo é ajudar crianças e jovens que vivem em situação de alta vulnerabilidade social. “O clipe da música ‘Todo mundo tem um anjo’ foi gravado com as crianças de lá”, fala o artista. “Já me apresentei em alguns asilos, também. Nesse momento em que muitos estão passando fome, fui por conta própria entregar marmitas nas ruas de São Paulo. Procuro fazer o que está ao meu alcance e tentar criar uma corrente de solidariedade, incentivando todos os que estão ao meu redor a fazerem o mesmo”, completa.
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