Alcione celebra 50 anos de carreira, revela como a espiritualidade foi fundamental nos últimos anos e fala do futuro


Seguindo em turnê celebrando o cinquentenário pelo Brasil e fora dele, a Marrom sobe ao palco do Qualistage neste sábado (2) para emocionar sua legião de fãs. Em entrevista ao site, Alcione revela curiosidades com os fãs, avalia trajetória e revela como enfrentar situações de saúde delicadas nos últimos anos a transformou e à sua fé. “Hoje sou uma pessoa mais tranquila, mas não me transformei em nenhuma santa não! Tudo graças à espiritualidade. Também fico atenta à minha intuição. Resolver correr atrás de outras opiniões e de um tratamento espiritual quando fui diagnosticada com um problema nas cordas vocais e o médico me disse que talvez não  pudesse mais cantar, só pode ter sido intuitivo … ou até mesmo um ‘alerta’ dos meus protetores espirituais”

*Por Brunna Condini

Alcione vem celebrando mais de 50 anos de uma bem-sucedida trajetória, com direito a muitas homenagens, como ser enredo da Mangueira, sua escola de coração, e também da versão mirim que fundou e é presidente de honra (‘Mangueira do Amanhã’), além da gravação do DVD no Theatro Municipal do Rio de Janeiro com o show que roda o Brasil, lançamento da cinebiografia ‘O Samba é Primo do Jazz’, dirigido por Ângela Zoé; e do espetáculo musical ‘Marrom, o Musical’, escrito e dirigido por Miguel Falabella que já se apresentou em várias cidades. É com a potência de quem tem uma carreira icônica, muito a celebrar e muitas histórias para contar, que a cantora se apresenta neste sábado (2) no Qualistage, às 21h30  e promete emocionar o público com seus maiores hits. “Com essa turnê já fiz shows por todo o território nacional. Poucas foram as regiões pelas quais não nos apresentamos e continuamos firmes e fortes na estrada. Só este mês, ainda passaremos por São Paulo, Recife, Brasília, Teresópolis, Cascavel e Foz do Iguaçu. E estamos programando novidades e surpresas para as próximas cidades”, anuncia a Marrom, em entrevista exclusiva ao site.

A aclamada artista maranhense também festeja a constância do seu público e a renovação dele através das novas gerações. Com tantos anos de estrada, Alcione coleciona histórias de fãs, das mais românticas, tendo suas canções como trilha sonora, às mais curiosas. “Tem muita coisa inusitada. Mas a que me recordo agora, e é bem estranha, aconteceu durante um show em Porto Alegre (RS), quando eu cantava em uma casa em que já tinha me apresentado diversas vezes. De repente, um cara puxou o meu sapato e mordeu o meu dedão! (risos). Eu estava cantando toda compenetrada, sentada em um banquinho na base de voz e violão, e o cara fez isso. Levei um susto tremendo!”, lembra.

Se pudesse conversar com a Alcione menina, aquela de 12 anos que  começou a cantar, diria para ela que nunca desistisse dos seus sonhos…o que, aliás, eu fiz – Alcione

Alcione celebra 50 anos de carreira e se apresenta no palco do Qualistage (Foto: Vinícius Mochizuki)

Alcione celebra 50 anos de carreira e se apresenta no palco do Qualistage (Foto: Vinícius Mochizuki)

Mesmo com a trajetória marcada por muitos sucessos, Alcione continua elegendo ‘A Loba’ como a música que tem mais a sua cara, principalmente no trecho que diz: “Sou doce, dengosa, polida/Fiel como um cão/ Sou capaz de te dar minha vida/Mas olha, não pise na bola”. E ela complementa sobre isso: “Sou muito romântica sim, e existem inúmeras canções que poderiam me traduzir, mas sou, continuo um pouco ‘Loba'”.

Cantando o amor pelo Brasil e fora dele, em cidades da Europa e África, como Londres, Lisboa, Porto e Angola, desde 2022, quando o cinquentenário se ‘cravou’, ela já declarou que acredita que o amor é ” a mola do mundo”. Aos 76 anos e com vitalidade inspiradora, a artista que já foi casada três vezes (com Chiquinho da Mangueira, com um francês e um italiano), conta se está amando ou se deseja se apaixonar ainda. “Amando muito…a mim mesma! Conforme venho dizendo, não sou mais ‘caçadora’. Estou preferindo ficar na minha e bastante tranquila. Não  ando tendo paciência para iniciar relacionamentos. E o que espero é ter saúde e paz para continuar fazendo o que gosto. Nada é mais importante!”.

Vinda de São Luís para o Rio de Janeiro no final da década de 1960, Alcione continuou em busca dos seus sonhos por aqui, cantando na noite e desbravando seu espaço como cantora. Gravou o primeiro compacto em 1972, depois vieram os LPs, DVDs e 42 álbuns, que lhe renderam 26 Discos de Ouro, sete de Platina, sendo dois deles de Platina Duplo, três DVDS de Ouro e um de Platina. Com uma vida dedicada ao samba e à música, ganhou muitas – e merecidas- honrarias, homenagens e troféus, por aqui, como os 21 que arrebatou nas 29 edições do Prêmio da Música Brasileira; e internacionais, como o Grammy Latino na categoria ‘Melhor álbum de samba’. Tudo conquistado à base de muito trabalho, e porque não dizer, sacrifícios também. “Quem almeja viver do ofício que ama, e eu adoro cantar, enfrenta adversidades e precisa renunciar à alguma coisa. No meu caso,  nenhuma dificuldade jamais pareceu intransponível. Abdicar de certas comodidades é natural, comum…e com os artistas não é diferente porque a gente vive na estrada, em turnês, perdemos aniversários, natais, datas festivas com as nossas famílias”, avalia.

Jamais imaginei receber tamanho carinho. E vindo de tantas instituições, pessoas tão diferentes, por todos os cantos do planeta – Alcione

“O que espero é ter saúde e paz para continuar fazendo o que gosto. Nada é mais importante!” (Foto: Vinícius Mochizuki)

Saúde e espiritualidade

Além da perseverança na estrada como artista, Alcione também teve resiliência e fé ao cuidar da saúde quando foi preciso, como quando colocou dois stents para desobstruir as artérias do coração, em 2016, ou quando teve um problema nas cordas vocais e recorreu à espiritualidade. “Em ambos os casos os sustos foram grandes. Mas estou me cuidando e, graças a Deus, descobri esses problemas a tempo de procurar ajuda. Tanto médica quanto espiritual. Problemas de saúde sempre são os mais delicados. No caso da voz, naquela época, fiz uma cirurgia espiritual. Depois disso, e lá se vão anos, já ganhei muitos discos de ouro e até platina”, diz ela, que em 2022 também passou por uma delicada cirurgia na coluna.

E revela como passar por essas situações transformou sua vida: “Hoje sou uma pessoa mais tranquila, mas não me transformei em nenhuma santa não! Tudo graças à espiritualidade. Também fico atenta à minha intuição. Resolver correr atrás de outras opiniões e de um tratamento espiritual quando fui diagnosticada com um problema nas cordas vocais e o médico me disse que talvez não  pudesse mais cantar, só pode ter sido intuitivo … ou até mesmo um ‘alerta’ dos meus protetores espirituais”.

Para os próximos anos, muitos desejos e planos. “Sempre tive metas, já trabalhei com um bocado de gente, e vou realizando o que quero, por exemplo, ao participar de álbuns e espetáculos com amigos que admiro. Isso quando me sobra um tempinho, o que não ando tendo muito ultimamente”. E conclui:

Meu maior desejo não se resume a hoje, é atemporal. O que mais peço a Deus atualmente é mesmo saúde, energia e  alegria para poder continuar cantando pra esse povo que me acompanha há cinco décadas – Alcione