“A pele do futuro sou eu e a minha geração. Todos continuamos na ativa e cheios de vida”, frisa Gal Costa


A musa tropicalista escolheu o Tom Brasil, numa sexta-feira 13, para lançar ‘A Pele do Futuro ao vivo’, que chega em CD duplo e DVD. O show foi gravado na Casa Natura Musical, em São Paulo

Gal Costa lança no Tom Brasil o CD Duplo e o DVD 'Pele do Futuro ao Vivo' (Foto: Marcos Hermes)

Gal Costa lança no Tom Brasil o CD Duplo e o DVD ‘A Pele do Futuro ao Vivo’ (Foto: Marcos Hermes)

*Por Rafael Moura

Uma das maiores vozes da música brasileira, a musa tropicalista, Gal Costa é pura gentileza e conversou com o site Heloisa Tolipan sobre ‘A Pele do Futuro ao vivo’, que sai em DVD e CD duplo. Durante os momentos da conversa, a tarde de veranico no inverno do Rio ganharia uma suave brisa fresca, nos transportando para um universo cheio de vitalidade, afiado pela lâmina do tempo reavivando marcas e sucessos. “A pele do futuro sou eu, é a minha geração que continua na ativa e cheia de vida”, frisa Gal. A voz cintilante e marcante soa ainda mais potente nesse trabalho, como um grande globo de espelhos que ilumina as 24 faixas desse projeto que já nasceu um must have. O álbum de estúdio lançado em 2018 é o 40º trabalho da artista e reafirma a verve transgressora do movimento que lançou essa diva, mas flerta com a disco music e o soul. “Eu penso que fiz tantas apresentações memoráveis, tantos shows lindos com a plateia conectada comigo e não tenho isso gravado. Agora, sempre que puder, quero deixar uma turnê registrada. Além de ser uma maneira das pessoas em casa se sentirem mais próximas, porque o disco ao vivo tem uma outra energia”, afirma Gal.

A capa do DVD ‘A Pele do Futuro ao vivo’, de Gal Costa, assinada por Omar Salomão e gravado na Casa Natura Musical

Registrado em março, durante duas apresentações na Casa Natura Musical (SP), o projeto acaba de chegar às plataformas digitais, pela gravadora Biscoito Fino e, simultaneamente, em edições luxuosas físicas. O lançamento contempla o roteiro integral do espetáculo idealizado e dirigido por Marcus Preto, que assina este texto, e soma 24 canções, entre clássicos e novidades. O DVD tem direção da dupla Henrique Carvalhaes e Rafael Gomes e captação de som e a mixagem ficaram sob os cuidados de Duda Mello. A versão ao vivo expande o conceito original do álbum gravado em 2018, que imprimia, em 13 canções inéditas, as maravilhas que o passar do tempo tatuou na voz da cantora – e, por consequência inevitável, na pele de toda a música popular brasileira transformada pela força estética estratosférica de seu canto. O roteiro do show foi em busca das tatuagens anteriores, matrizes dessa pele que se renova em peças-chave já consagradas por Gal em mais de cinco décadas de gravações. “Apesar de estar tanto tempo na estrada, eu tenho muitos jovens nos meus shows e acho isso impressionante. Creio que a minha geração está muito presente na juventude”, ressalta.

Sobre o balanço da black music e a batida do soul, Gal confessa que “sempre teve muita vontade” de experimentar disco music. “Então, nesse disco eu consegui duas músicas e fiquei muito feliz com o resultado. Uma delas, ‘Sublime’, era um samba que virou disco e, a outra, ‘Cuidando de Longe‘, é uma parceria com Marília Mendonça“. A femineja assina a composição da faixa e também divide os vocais com a baiana, na versão de estúdio. “Ela tem um jeito de compor ímpar e conversa muito com o povo. E Marília possui uma forma de cantar que acho especial”, elogia.

O diretor Marcus Preto dividiu o show em três etapas: primeiro concentrou as músicas dos anos 1960 e 1970, escritas à sombra da ditadura militar, como ‘Dê um Rolê’ (Moraes Moreira/ Galvão), ‘Mamãe Coragem’ (Caetano Veloso/ Torquato Neto), ‘London, London’ (Caetano Veloso) e, inédita na voz de Gal até aqui, ‘As Curvas da Estrada de Santos’ (Roberto Carlos/ Erasmo Carlos), música que Roberto apresentou a Caetano Veloso em uma visita a ele em pleno exílio londrino. O segundo momento, a voz e o peito de Gal se expande com canções de amor e desamor como: ‘Lágrimas Negras’ (Jorge Mautner/ Nelson Jacobina), ‘Sua Estupidez’ (de novo Roberto e Erasmo), ‘Volta’ (Lupicínio Rodrigues), ‘Que Pena’ (Jorge Ben Jor), ‘Motor’ (Teago Oliveira, jovem compositor e vocalista da banda baiana Maglore) e ‘O que É que Há’ (Fábio Jr./ Sérgio Sá). As duas últimas, também nunca foram cantadas por Gal e se transformaram nos primeiros singles deste trabalho e lançados em maio e junho. Para fechar essa trinca, vamos parafrasear Mano Brown que disse: “Em tempos crise dance”. A artista levou esse conselho ao pé da letra e fecha o show com a energia lá no alto, afinal ela traz os hits ‘Chuva de Prata’ (Ed Wilson/ Ronaldo Bastos), ‘Azul’ (Djavan) e um pot-pourri com os frevos carnavalescos ‘Bloco do Prazer’ (Moraes Moreira/ Fausto Nilo), ‘Balancê’ (João de Barro/ Alberto Ribeiro), ‘Massa Real’ (Caetano Veloso) e ‘Festa do Interior’ (Moraes Moreira/ Abel Silva).

A iluminação proporciona o clima ideal para cada momento e todas as transições: da profunda reflexão sobre os dias de hoje à noite brilhante e redentora do globo de espelhos na pista de dança. O projeto é assinado pelo trio Omar Salomão (que também assina cada do CD e DVD), Alessandro Boschini e Paulo Denizot. No palco, a artista é acompanhada por Pedro Sá, na guitarra, Chicão, nos teclados, Lucas Martins, no baixo, Hugo Hori, na flauta e no saxofone e Pupillo na bateria e direção musical. Depois de São Paulo, neste fim de semana, o show irá sacudir as plateias de Fortaleza, no dia 28 de setembro, em Natal, dia 26 de outubro, e, no Rio, dia 16 de novembro. Em seguida, Europa e América Latina.

‘A Pele do futuro ao vivo’ traz o perfume da black music e gingado do soul para a tropicalista Gal Costa