* Com Isabella Pavão
Que o Rio de Janeiro é um lugar democrático, com espaço para todas as tribos e todos os ritmos, todo mundo sabe. E é com esse espírito que a 11a edição do Imperator Novo Rock chega nos palcos do Centro Cultural João Nogueira, no Méier, trazendo duas bandas: a The Outs e a Montanha Russa. A novidade dessa edição do evento é que o público vai receber vouchers na entrada do evento para poder votar na sua banda favorita, que se apresentará na edição de aniversário de 1 ano do INR, que será dia 30 de julho.
A banda Montanha Russa já tem oito anos de estrada, focada principalmente no rock autoral. Em 2009, eles lançaram seu disco de estreia, que rendeu dois singles nas rádios – “Me dá um beijo” e “Tarde de Verão” -, participações em programas de TV e mais de 100 shows nas principais casas do Rio e São Paulo. Já a The Outs aparece com um dos nomes mais promissores da Nova Psicodelia brasileira. Desde 2012, eles refinam seu som, que tem uma pegada mais vintage. Além das duas bandas, o Imperator Novo Rock também terá a participação da DJ Priscila Dau e do VJ Luciano Cian. O Site HT conversou com as duas bandas para conhecê-las melhor, vem ver!
Banda Montanha Russa
HT: O que vocês esperam do Imperator Novo Rock? Acham que esse tipo de evento é importante na divulgação do trabalho de novas bandas?
MR: Esperamos fazer uma grande apresentação. Pra gente é o show mais importante da história da banda. O Imperator Novo Rock é um marco para a música independente da cidade. O evento valoriza artistas autorais que estão fazendo um trabalho sério e comprometido. Falando pela nossa experiência, o show está colocando a banda em outro nível, tanto em termos de divulgação quanto de preparação para um show de grande porte.
HT: Como vocês se conheceram e perceberam que seria uma boa ideia criar uma banda?
MR: O projeto inicial da Montanha Russa nasceu há mais ou menos dez anos. A vontade de ter uma banda surgiu primeiramente como uma forma de expressar nossas composições. O nome surgiu de uma analogia ao som que gostamos de fazer, sem amarras, sem estar preso a um estilo apenas. Gostamos de misturar reggae com rock, fazer baladas que se transformam em hard rock, e por aí vai. Esse conceito foi criado com dois amigos de escola (Bernardo Bentes e Fellipe Largado), que hoje em dia não fazem mais parte do grupo como integrantes, mas como parceiros de composição. Nossa formação tem Thiago Frazão no baixo, Enio Vieira na guitarra solo, Thiago Hideki na bateria e eu, Arthur Bellizzi, no vocal e guitarra.
HT: Qual a imagem que vocês acham que o rock tem hoje em dia? Em especial, claro, aqui no Brasil.
MR: O rock está em plena eferverscência. No Rio, em especial, mais de 100 bandas estão organizadas sob a hashtag #acenavive e ocupando toda a cidade com eventos. As bandas estão produzindo seus próprios shows. Nós da Montanha Russa, fazemos o Montanha Sessions que acontece aos domingos no Calçadão de Ipanema. Cada banda abre espaço pras outras e divulga o trabalho das outras, assim a pedra gira e a situação está melhorando para todos.
HT: Como foi o processo de produção do CD que leva o nome da banda?
MR: Foi um grande aprendizado. Cada passo que demos foi essencial para que a banda ganhasse mais experiência. Trabalhamos com excelentes profissionais como Marcelo Sussekind, Ronaldo Lima e Dan Sebastian. Esse álbum nos rendeu boa visibilidade na mídia com execuções em rádios e participações em programas de TV.
HT: A gente sabe que vocês já ganharam um presentinho do Roberto Frejat e do George Israel. Como foi que surgiu essa parceria com a faixa “Vizinha”?
MR: Foi uma grande honra para nós. Já tinhamos uma boa relação com o George Israel, pois ele fez participação especial em alguns shows nossos. Quando surgiu a oportunidade de gravar essa canção, que tem a parceria do George com o Frejat e Mauro Santa Cecília, agarramos com toda força. Nossa intenção é seguir a tradição do rock brasileiro iniciada por músicos como eles na década de 80. Gravar uma música inédita deles é algo muito especial para nós.
HT: Além do INR, quais são os planos e projetos para o futuro da banda?
MR: Nosso próximo passo é o lançamento do single “Perdida”, que foi gravado na Toca do Bandido e produzido por Felipe Rodarte, que vai estar no nosso EP “Incendeia”, que será lançado no segundo semestre de 2015.
Banda The Outs
HT: Como foi o processo de criação do mini-álbum “Marmalade Land”?
TO: Podemos dizer que o Marmalade começou a ser gravado junto com o nosso último EP, o ‘Spiral Dreams’. Na verdade, ele é fruto de 2 anos de trabalho. Como gostamos de gravar e produzir nossas próprias músicas em casa, passando horas pensando em cada detalhe e sonoridade que temos em mente, acumulamos bastante material. O trabalho mesmo foi o de escolher as músicas certas para o conceito que queríamos explorar, de forma que tudo isso pudesse ser passado em apenas um “mini-álbum”. Conseguimos escolher 4 músicas que se completam de diferentes formas, dando uma dinâmica legal pro álbum como um todo. Ficamos bastante satisfeitos com o resultado!
HT: Quais são as maiores inspirações pra vocês? As bandas que vocês curtem e se espelham…
TO: Muitas coisas podem ser vistas como inspirações. Desde uma manhã ensolarada até um som novo diferente de tudo que a gente já conhecia antes. Gostamos de explorar a melhor parte de tudo que curtimos ouvir e que marcaram nossas vidas de alguma forma, independente de rótulos. Claro que as influências começam lá no início – Beatles, Rolling Stones, Mutantes, Pink Floyd, Beach Boys, CSNY, The Who, Clube da Esquina, Novos Baianos, Harry Nilsson, Nazz, The Pretty Things, … -, mas até os dias de hoje tem muita banda que não deixa em nada a desejar, como o Temples – que abrimos o show recentemente em SP -, Tame Impala, Mac DeMarco, Kasabian, Unknown Mortal Orchestra, Boogarins, O Terno, Jacco Gardner, Melody’s Echo Chamber, … O que todos esses têm em comum, e melhor de tudo, é que todos olharam pra frente e buscaram algo novo, sem se prender a formatos de mercado já estabelecidos.
HT: Vocês participaram do Breakout Brasil, no Canal Sony. Como foi essa experiência e o que isso acrescentou pra carreira de vocês?
TO: O Breakout Brasil foi o maior acontecimento pra nós até hoje. Tivemos a oportunidade de trabalhar 100% focados na nossa música, coisa rara nos dias de hoje para uma banda independente. Também tivemos uma exposição e um reconhecimento do nosso trabalho que, de outra forma, demoraria muito mais tempo para conquistarmos. Por último, mas não menos importante, fizemos grandes amizades pra vida!
HT: E como é saber que o EP de vocês foi muito bem recebido em outros países além do Brasil, como EUA, Portugal e Espanha?
TO: É muito legal ver a aceitação da nossa música, seja aqui no Brasil ou fora dele. Mas ter um primeiro trabalho reconhecido lá fora é um ótimo sinal de que estamos num bom caminho. Independente do idioma em que cantamos, produzimos música do Brasil para o mundo.
HT: Como vocês definiriam “Nova Psicodelia” na música brasileira?
TO: A psicodelia sempre foi um movimento fortemente ligado à criação artística, principalmente por ser muito abrangente. É legal ver que tem muitas bandas de qualidade criativa no Brasil, e que todas elas percebem essa versatilidade do movimento. Independente de ser rock, mpb ou baião, tudo pode ser feito de forma criativa, se pensando em texturas e sonoridades. Ainda temos muitos bons frutos pra colher dessa nova safra.
HT: E, por fim, o que vocês andam planejando para o futuro?
TO: Além dos planos de rodar por mais cidades no Brasil apresentando nosso som, acabamos de inaugurar nosso novo selo próprio, Novadema Records, voltado para artistas independentes. Dentro do selo existe o projeto “Limitado”, que são álbuns-conceito compactos (O Marmalade Land é o primeiro da história do selo!). A ideia é que a experiência seja como a de escutar um álbum padrão, com 10 ou 12 faixas, porém de forma mais resumida. Como nos dias de hoje a velocidade é um fator importante, nossa intenção é conseguir fazer mais lançamentos e gerar mais conteúdo durante o ano (antes do lançamento de um álbum conceito padrão). Também tem o fato de que, como o próprio nome diz, foram feitas cópias limitadas do trabalho (apenas 400). Quando esgotar, só no próximo lançamento com novas músicas. Além do teor exclusivo e raro da tiragem reduzida, pretendemos gerar mais conteúdo a cada ano. Nossa vontade com tudo isso é fortalecer e contribuir de alguma forma com a música independente produzida na nossa região, somando força com a galera que quer fazer acontecer, e ajudar a inserir no Rio em todo esse circuito alternativo que está a pleno vapor pelo Brasil.
SERVIÇO:
Imperator Novo Rock apresenta: The Outs e Montanha Russa
Data: 28 de maio, às 20h
Local: Centro Cultural João Nogueira, localizado na Rua Dias da Cruz, 170 – Méier
Ingressos: R$10 (inteira) / R$5 (meia) – A meia entrada também sera válida na doação de 1kg de alimento não perecível
Classificação: 16 anos
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