Série “Ratched” traz Sarah Paulson com visual inspirado no New Look de Dior


Série se tornou a maior estreia original da Netflix, em 2020. Figurinos da trama de suspense produzida por Ryan Murphy, disponível na Netflix, levam a assinatura das ganhadoras do Emmy Lou Eyrich e Rebecca Guzzi. Na tela, o contraste das cores primárias ajuda a tornar as cenas ainda mais impactantes.

*Por Simone Gondim

A série “Ratched”, cuja primeira temporada está disponível na Netflix e consta como a maior audiência de estreia em 2020 (vista por 48 milhões de pessoas), é mais uma com a grife do produtor Ryan Murphy. Desde o primeiro episódio, chamam a atenção os looks chiquérrimos e os cenários caprichados. Ambientada em 1947, a trama é centrada na história da enfermeira Mildred Ratched, interpretada por Sarah Paulson. A personagem é a figura assustadora do filme “Um estranho no ninho”, cerca de 15 anos antes de o caminho dela cruzar com o de R.P. McMurphy, vivido no cinema por Jack Nicholson.

(Foto: Divulgação)

O figurino leva a assinatura das ganhadoras do Emmy Lou Eyrich e Rebecca Guzzi, que já trabalharam com Murphy em “Feud” e “American Horror Story”. Na tela, o contraste das cores primárias ajuda a tornar as cenas ainda mais impactantes. Em entrevista ao site Refinery29, a dupla falou da paleta de tons, tradicionalmente definida por Murphy antes das gravações. “Foi a paleta mais rígida que ele nos deu: sem vermelho, sem laranja, sem roxo. O único vermelho é de batom e sangue”, contaram Eyrich e Guzzi.

Sarah Paulson chega ao hospital em “Ratched” vestindo tailleur de crepe de lã mostarda, inspirado no célebre bar suit de Christian Dior (Foto: Divulgação)

Uma vez estabelecida a paleta de tons, as figurinistas optaram, principalmente, por cores frias, com muito verde. “O verde se tornou essa cor usada de várias maneiras. Para Ryan, o verde representa luxúria, inveja, opressão e violência, muitas coisas diferentes”, explicaram. “Usamos isso para prefigurar e indicar o humor dos personagens”, revelaram Eyrich e Guzzi.

Com visual que remete ao New Look de Christian Dior, a personagem de Sarah Paulson aparece com vestidos alternando shapes em A (trapézio), H (tubinho) e Y (ombros mais largos). Uma das roupas que mais chamam a atenção é o tailleur de crepe de lã mostarda escolhido por Mildred Ratched para uma entrevista de emprego com o diretor do Hospital Psiquiátrico de Santa Lucia. Inspirada no célebre bar suit de Dior, a peça tem cintura bem marcada e saia ampla e rodada.

(Foto: Reprodução Instagram)

Em entrevistas a veículos internacionais, Lou Eyrich e Rebecca Guzzi explicaram o motivo de tanta elegância da enfermeira. “Desde nossa primeira prova com Sarah, discutimos a ideia de Mildred usar suas roupas como uma tática de manipulação”, afirmaram as duas. “Suas roupas e apresentação externa ajudam Mildred a persuadir, confortar e controlar os outros na tentativa de se aproximar de seus objetivos pessoais”, acrescentaram.

Para vestir a atriz Judy Davis, que vive Betsy Bucket, a enfermeira-chefe do hospital, a ideia era criar algo tão elegante e vigoroso quanto a personagem. “Para os uniformes de enfermeira, selecionamos uma seda azul-esverdeada de quatro camadas, com botões tingidos personalizados e fivelas de cinto para combinar. Levamos semanas, nós e nossa grande equipe talentosa, para encontrar e aperfeiçoar as combinações de azul-esverdeado vistas em todos os uniformes da equipe do hospital”, disseram as figurinistas.

Sarah Paulson, Cynthia Nixon e Judy Davis: cores para combinar com o perfil de suas personagens (Foto: Divulgação)

No caso de Sophie Okonedo, que interpreta Charlotte Wells, uma paciente do hospital que sofre de transtorno de personalidade múltipla, o guarda-roupa da personagem pode ser tão eclético quanto seu comportamento. Para a cena do baile do hospital, por exemplo, foi escolhida uma elegante combinação de blusa de seda com saia xadrez, complementada com luvas brancas e um colar de pérolas. Mais adequado à época, impossível.

Cynthia Nixon, na pele de Gwendolyn Briggs, assessora de imprensa do governador da Califórnia, alterna entre um estilo que puxa para o masculino, com terninhos em padrão xadrez e tons de marrom e marinho, e um visual mais suave. Na entrevista para o site Refinery29, Rebecca Guzzi garantiu que não era proposital. “Nos anos 1940, as roupas, em sua maioria, tinham um tom masculino, porque os ternos para homens e mulheres eram muito estruturados e feitos sob medida, com ombros muito fortes e cintura acentuada”, observou a figurinsta. “Ryan tinha pensado em uma Carole Lombard, Katharine Hepburn, inspiração casual para quando vemos Gwendolyn fora do trabalho. Mas, quando está no trabalho, ela é mais do tipo Rosalind Russell“, finalizou.

A atriz Sophie Okonedo usa seda e pérolas para viver uma das pacientes do hospital (Foto: Reprodução Instagram)

E a extravagante Lenore Osgood, vivida por Sharon Stone, também mostra em suas roupas toda a exuberância da personagem, rica e excêntrica. Ao longo da temporada, ela desfila uma variedade de ternos de seda, casacos de pele e vestidos de alta costura sob medida. “Com Lenore, mais era mais. Fossem acessórios ou peles, ela colocava em camadas. Ryan disse que ela deveria pingar diamantes, mesmo no banho”, lembrou Rebecca Guzzi.

Lenore foge do padrão austero da maioria dos personagens de “Ratched”. “Ryan queria manter as coisas muito limpas e austeras, até mesmo chegando ao ponto de não ter muitas penas ou decoração nos chapéus”, recordou Guzzi. “Mas, quando chegamos a Lenore, Ryan disse que ela era o único personagem – uma herdeira rica e excêntrica – que podíamos encher de enfeites, porque seria preciso. Usamos lantejoulas, contas, peles, padrões de leopardo e joias sobre joias”, completou.

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