SENAI CETIQT: No espírito do tempo, 3º Fórum da Indústria da Moda é realizado sobre o tema ‘Novos Ritmos’


Na plataforma digital da instituição – que tem como pilares tecnologia, inovação e educação -, o encontro reuniu empresários e profissionais do setor têxtil e de confecção do país e do mundo para dois dias de reflexões sobre soluções efetivas para questões ligadas à Quarta Revolução Industrial, como a agenda da sustentabilidade e a economia circular, e ao ser humano que, em equipe e com pensamento crítico, está em sinergia com a maturação das empresas para torná-las mais responsivas

A pandemia de Covid-19 mudou a cara do planeta e mexeu com corações e mentes de homens, mulheres e crianças. E, durante todos esses meses, muito foi discutido sobre o novo cenário desenhado para a moda pós-pandemia. Mas vimos, no aqui e agora, empresas capazes de encarar uma disruptura com o mainstream e a criatividade ressignificando o modo de comunicar, vender produtos, empreender, experimentar novas tecnologias do mundo digital com engajamento, união, esperança. Antídotos que combateram qualquer possibilidade de desistir. Com a pandemia, o investimento em tecnologia digital cresceu em seis meses o que era previsto para seis anos. E, neste cenário, o SENAI CETIQT realizou o 3º Fórum da Indústria da Moda em plataforma digital. Com o tema “Novos Ritmos”, o encontro virtual reuniu empresários e profissionais do setor têxtil e de confecção de Norte a Sul para tratar de assuntos como novas formas de lideranças nas empresas, aplicação prática de têxteis técnicos antivirais na área de Saúde, uma apresentação dos portfólios de novos produtos criados pelo SENAI CETIQT para dar suporte ao setor, economia circular, sustentabilidade e apresentação de cases de marcas já em pleno processo de transição para um mundo onde conceitos como zero waste, economia circular, sustentabilidade e consumo consciente estão revolucionando a forma como se produz, vende e consome em todo o mundo.

No primeiro dia de Fórum foram apresentadas as palestras “Liderança Transformacional”, com o consultor de Recursos Humanos em Indústrias de Confecção Rodrigo Bittencourt Ferreira, e “Têxteis Técnicos Antivirais”, com o engenheiro Eduardo Habitzreuter, da Diklatex Industrial Têxtil S.A, e mediação de Adriano Alves Passos, coordenador de Inovação em Fibras do Instituto SENAI de Inovação de Biossintéticos e Fibras. As mesas contaram com apresentação do antropólogo Marcelo Ramos, assessor da Diretoria Executiva do SENAI CETIQT para Projetos Especiais e Relações Institucionais. O encontro virtual foi encerrado com as apresentações dos portfólios digitais do SENAI CETIQT para as áreas Têxtil e de Confecção pelas consultoras do Instituto Senai de Tecnologia Camila Borelli e Patrícia Diniz.

“O SENAI CETIQT sempre procura promover debates sobre temas que estão na ordem do dia e que venham lançar luz sobre questões relevantes para o presente e o futuro do setor têxtil e de confecção. Estamos tratando de temas muito importantes, que fazem parte da visão estratégica do SENAI CETIQT nas áreas de consultoria, inovação e educação diante da Quarta Revolução Industrial, agenda da sustentabilidade, economia circular, como fazer pesquisa, projetar e comunicar produtos de moda e como as nossas consultorias nessas diferentes áreas podem dar suporte às empresas do setor no seu desenvolvimento”, ressaltou Marcelo Ramos ao abrir o evento.

A LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL

Consultor da Área de Recursos Humanos em Indústrias de Confecção, Rodrigo Bittencourt Ferreira deu o start analisando que abordar a questão da liderança, acima de tudo, proporciona transformações importantíssimas no momento que estamos vivendo. “Muitas vezes, as pessoas dizem: ‘Meu projeto nessa pandemia é esse’; ‘A proposta de transformação digital da minha indústria é essa”, “O meu foco de aprimoramento de produto é esse”. Aqui são casos de projetos. Liderar é muito mais pessoas do que projetos, mais arte do que ciência, intuição ou fórmulas mágicas. Liderar também é muito mais ação do que reação. É estar em conexão com a equipe. Isso é Liderança Transformacional. Eu entro nas empresas e vejo Regulamento Interno, políticas de compras, política comercial, uma série de regras fundamentais para que haja ordem e organização de processos. Mas, liderança é relacionamento”.

A Liderança Transformacional acontece quando se amplia e eleva os interesses dos subordinados. “Um dia eu estava numa empresa e perguntaram: ‘Por que as pessoas desistem da minha empresa? Por que pedem para sair?’ E eu disse: ‘Será que as pessoas desistem da empresa ou desistem dos seus líderes?’, porque a empresa em si era boa, agradável. Mas a gestão deixava a desejar, porque os líderes estavam focados em gerenciamento, em supervisionar uma equipe, um setor, um departamento. O que faltava era o líder que amplia o interesse dos seus subordinados”, pontou.

Rodrigo Bittencourt Ferreira nos deu outro exemplo: a empresa está com foco maior no e-commerce, no market place, na divulgação pelas mídias sociais. Antes de o liderado comprar esta ideia, que é uma ação, um projeto, ele precisa compreender os objetivos da empresa e sentir a importância da sua missão no contexto. “Eu vi na região de Nova Friburgo confecções que tiveram muitas dificuldades durante os meses de isolamento social em função da pandemia. E, quando começou a flexibilização, elas tinham preocupação com a saúde, higiene sanitária, distanciamento, uso de máscara no ambiente de trabalho. Extremamente importante. No entanto, os colaboradores não sabiam mais qual seria a nova missão, porque os líderes não compartilharam informação. ‘Gente, a situação é essa, nós estamos passando por algumas dificuldades financeiras ou de entrega de pedidos’, era falar algo nesse sentido. E quando não há clareza da liderança perde-se o entusiasmo”, analisou.

E o que a indústria precisa hoje? Inovação? Claro. Suporte tecnológico, busca de ações criativas nesse momento de pós-pandemia. “Mas a indústria precisa de produtividade e sem ela perde competitividade. Quando o líder consegue proporcionar ao subordinado uma reflexão sobre o interesse em trabalhar em equipe, além do seu interesse pessoal, nós ganhamos produtividade. Ganhando produtividade temos competitividade e a indústria passa a ter um posicionamento de mercado. A indústria da moda é um setor em que há uma competitividade muito grande com outros players, com outros países, como a China, por exemplo, e nós precisamos de Liderança Transformacional”, pontuou o Consultor da Área de Recursos Humanos em Indústrias de Confecção.

E ele compartilhou cases nos quais palavras e exemplos são fundamentais para uma liderança, uma visão transparente de trabalho em equipe para se atingir metas. Mas qual a diferença entre objetivos e metas? “A meta quantifica o objetivo. Meu objetivo é crescer, estruturar o departamento, expandir para o marketing digital, ter um branding no mercado diferenciado. Isso é um objetivo. Quando você propõe uma meta, você quantifica o objetivo. E toda a meta tem que ter, pelo menos, duas características: ser desafiadora e também tangível”, disse. Outro ponto importantíssimo é o desenvolvimento intelectual dos funcionários. “As pessoas se sentem valorizadas quando começam a crescer e ser profissionais melhores. E uma liderança que proporciona crescimento ao subordinado, conhecimento, têm empatia. Outra etapa a se pensar na Liderança Transformacional é a orientação individualizada. “Se alguém me perguntasse: ‘Rodrigo, em que você mais investiria nas empresas nesse período de pandemia?’. Eu diria: nos Recursos Humanos. Por quê? Porque as pessoas estão com medo. As pessoas estão temerosas. Estão produzindo menos porque estão com problemas particulares aguçados devido à pandemia. Precisamos tratar as pessoas de maneira individual. Nós temos, por exemplo, no setor de confecção, costureiras que sempre foram produtivas e não conseguem mais alcançar os termos desejados na sua eficiência, na sua eficácia. Por quê? Elas estão com problemas em casa, com os filhos sem estudar, com familiares afetados pela Covid-19. Ou seja, eu tenho uma série de fatores que influenciam o resultado. O que a Liderança Transformacional busca trazer nesse momento? Uma orientação, uma palavra de apoio. Somos seres humanos. Cada um com suas necessidades, sonhos e demandas”, comentou.

“Eu separei cinco etapas de uma Liderança Transformacional. O primeiro nível da liderança é a que eu chamo de Posição. É a liderança pelos direitos, na qual o profissional é respeitado pela posição que exerce. A segunda, a permissão na qual as pessoas estão ao lado do líder pelo relacionamento que têm com ele, porque se sentem bem, acolhidas e valorizadas. Por exemplo, faltam 5% para a área comercial bater a meta. Você movimenta a equipe, faz uma reunião, conversa e o incentivo motiva ação”, exemplificou.

A seguinte é a liderança pela produção. “Sabe aquele líder que vê uma caixa no chão e passa pelo lado ou por cima e não leva até o coletor? Que não dá um ‘bom dia?’ Ele não produz resultado. Já aquele que suas pequenas ações condizem com o espírito da empresa, como líderes que são vistos o tempo inteiro, muitas vezes no famoso chão de fábrica – junto às supervisoras das confecções, os encarregados de setores, os gerentes da parte produtiva, do estoque, de corte, comercial – eles são muito mais respeitados pelo que fazem para a empresa do que pela posição que têm”, comentou. Quinta etapa: o líder que faz as pessoas sentirem que cresceram. E, por fim, o desenvolvimento de líderes. “Vemos muitos casos em que não estão se formando líderes nas empresas. E aí estou falando de exemplo, da capacidade de fazer o liderado sonhar. Estou falando de você mostrar para o liderado que ele é capaz e que pode alcançar os resultados”, afirmou.

Rodrigo contou que um dia, alguém perguntou: ‘Quando você acha que um líder chegou ao nível de excelência?’ “Eu disse: ‘Quando preparou alguém para ficar em seu lugar?’. Sabe aquela história de, no dia em que você tira um mês de férias e a empresa para? Significa que você não consegue ser um líder transformacional. O verdadeiro líder chega no quinto nível da liderança, em que está desenvolvendo outros líderes. Já tem alguém preparado para assumir a posição dele, caso seja promovido para outro setor, caso vá para outra empresa, caso consiga ter outra oportunidade, um novo desafio. Isso é Liderança Transformacional”, conclui.

TÊXTEIS TÉCNICOS ANTIVIRAIS

 Aqui tivemos a ênfase às pesquisas que uniram o Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil – SENAI CETIQT, por meio do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras, a Bio-Manguinhos, unidade da Fiocruz, e empresa Diklatex Industrial Têxtil S.A, uma das mais importantes indústrias brasileiras na produção de tecidos de alta performance, selecionada no Edital SENAI de Inovação da Indústria – Missão contra o COVID-19. Amostra de tecido formulado pela Diklatex foi capaz de inativar 99% das partículas virais da Covid-19. O resultado? Produção de peças, entre máscaras, aventais e scrubs, que contaram com compostos químicos que conseguiram inativar o novo coronavírus (SARS-CoV-2). Trata-se de um legado para a proteção tanto física quanto química com esse antiviral para os profissionais da Saúde e a sociedade como um todo.

Nova sede do Instituto SENAI em Biossintéticos e Fibras no Parque Tecnológico da UFRJ, na Ilha do Fundão (Foto: José Paulo Lacerda/Divulgação)

Nova sede do Instituto SENAI em Biossintéticos e Fibras no Parque Tecnológico da UFRJ, na Ilha do Fundão (Foto: José Paulo Lacerda/Divulgação)

Coordenador de Inovação em Fibras do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras, Adriano Alves Passos falou sobre a infra-estrutura do ISI em Biotecnologia, onde são realizadas pesquisas em modificação genética, análise de DNA… A parte de Engenharia de Processos e Síntese Química para desenvolvimentos de químicos, através de produção contínua, e a Plataforma de Fibras. Em síntese: atua nos segmentos de químicos, têxtil, óleo e gás, higiene pessoal, moda em plena sinergia e com especialistas que colaboram com as empresas, cujas pesquisas são desenvolvidas nos laboratórios do ISI. É permeado pela forma transversal em temas identificados como portas para o futuro para as cadeias dos segmentos químico e têxtil e apoia empresas no desenho de estratégias utilizando o conceito de alta integração com a indústria e a academia. Possui equipe formada por especialistas reconhecidos nas áreas de biotecnologia, síntese química, engenharia de processos e fibras.

Laboratório do Instituto SENAI em Biossintéticos e Fibras (Foto: José Paulo Lacerda/Divulgação)

Adriano Passos lembrou que, recentemente, o Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras, organização integrante do Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil – SENAI CETIQT, foi selecionado e credenciado pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII), que atua na cooperação com instituições de pesquisa científica e tecnológica, públicas ou privadas, tendo como foco as demandas empresariais, apoiando projetos em sua fase pré-competitiva. O acordo de cooperação assinado permite a produção de soluções para a indústria e empresas nas áreas da biotecnologia, fibras e intensificação de processos químicos e bioquímicos com ênfase na sustentabilidade.

Em junho, durante a live de assinatura do termo de colaboração, eu ressaltei aqui que Sérgio Motta, diretor-executivo do SENAI CETIQT, falou sobre as modernas instalações do ISI, localizado no Parque Tecnológico da UFRJ, na Ilha do Fundão, que criam oportunidades para indústrias não apenas do Rio de Janeiro, mas do mundo todo. “Atuamos com o que há de mais moderno em tecnologia, fazendo a inserção da inovação, aumentando a produtividade e criando oportunidades de atuação em novos nichos de mercado. Estamos aqui absolutamente disponíveis para atender a todos”, frisou. “O credenciamento do Instituto como unidade EMBRAPII é o reconhecimento do trabalho realizado pela equipe de inovação do SENAI CETIQT nestes quatro anos, com cerca de 127 projetos contratados com diversas empresas. Acreditamos que a inovação é o investimento certo para garantir a competitividade industrial, e nossa missão é apoiar as empresas na expansão de mercado com novos produtos diferenciados e desenvolvendo e otimizando seus processos químicos, bioquímicos ou têxteis”, concluiu.

Entre outros projetos em desenvolvimento pelo Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras, destacam-se: modificação genética de microorganismos para aplicação industrial na produção de novas moléculas; intensificação de processos de hidrogenação e esterificação para minimização de custos e aumento dos rendimentos da reação e uso de nanocelulose em curativos para queimaduras; sequenciamento genético do coral sol; otimização de processo e purificação de um novo solvente; intensificação de processos de hidrogenação e esterificação. E mais: desenvolvimento, por exemplo, de novas fragrâncias e testes sorológicos rápidos; modificação de superfícies, têxteis nanofuncionalizados, novas fibras celulósicas, fibras de alta performance, smart textiles e nanocompósitos poliméricos. Na parte de fibras avançadas, temos fibras sintéticas e naturais, desenvolvimento de aplicação de novas fibras, de têxteis técnicos, produção e aplicação de materiais não-tecidos e os têxteis inteligentes.

E os cases são mil e um e interessantíssimos. “Desenvolvemos um fibra celulósica, que vai entrar no mercado internacional. Temos o uso de nanocelulose para fazer filmes anti-queimadura; pelo da tosa de cachorros para confecção de acessórios, fibras anti-chama, novos corantes sustentáveis, adição de grafeno aos têxteis. E a nossa parceria com a empresa Diklatex, o Instituto de Inovação em Polímeros e a Bio-Manguinhos Fiocruz para o desenvolvimento do tecido anti-viral em tempo recorde durante a pandemia”, lembrou.

Eduardo Habitzreuter, engenheiro têxtil da Diklatex, empresa que participou do projeto do desenvolvimento desses têxteis e nas funcionalizações, lembrou que o tudo teve início quando os casos de infectados pela Covid-19 já eram significativos na Ásia e na Europa. “Vimos que era inevitável essa contaminação intercontinental e, desde então, passamos a buscar alternativas pensando na proteção das pessoas. Começamos com a criação de máscaras para marcas. Foi uma experiência inovadora em um momento tão difícil, porque a Diklatex é uma empresa de têxteis esportivos que atua há mais 40 anos nesse mercado e é bastante específica em seus produtos. Nós iniciamos de forma caseira algumas análises de microscopia e porosidade das nossas bases e também da respirabilidade delas, porque a Diklatex tem como referência ser uma empresa que entrega produtos técnicos ou tecnológicos. Por maior que fosse a situação pandêmica, a gente queria propor um produto funcional, que tivesse alta filtração e respirabilidade. Alguns equipamentos nós até construímos para fazer esse tipo de análise. Chegamos a algumas bases e iniciamos um projeto bastante colaborativo em que reunimos uma cadeia de voluntários, de confeccionistas da nossa região e distribuímos para os nossos colaboradores e suas famílias e também para hospitais, farmácias, polícia e Defesa Civil”, contou.

E como surgiu a parceria com o CETIQT? “Foi aberto o Edital Missão COVID-19 do SENAI e a Diklatex se inscreveu. Foi aprovada”. Ele conta que, inicialmente, o objetivo principal do projeto era de se criar itens hospitalares em tecidos que pudessem ser laváveis e reutilizáveis tendo essa capacidade de inativação viral e sendo assim com um novo material. Porque os materiais convencionais descartáveis estavam, e ainda estão, numa escassez muito alta. Foram realizados em tempo recorde nessa união estudos têxteis, o desenvolvimento das bases para esses itens, as modelagens e os estudos de inativação viral em toda a parte normativa e a procedimentação desses estudos. “A gente ainda queria propor um diferencial nesses scrubs, que seriam o conforto e a funcionalidade para o usuário. Aí entrou todo o know how do Instituto Senai de Tecnologia (IST). A proposta era criar roupas pensando na exaustiva jornada de trabalho que os profissionais da Saúde”, contou Eduardo Habitzreuter.

Paralelamente foram realizados os testes de funcionalização antiviral e de real eficiência desses tecidos ativados. A colaboração da Fiocruz possibilitou os testes com algumas classes de vírus, inclusive o SARS-CoV 2, que é o vírus causador da Covid-19. “No Brasil fomos os primeiros e talvez no mundo um projeto que conseguiu mensurar de forma normatizada, através da de ISSO 18.184, os testes de inativação viral com SARS-CoV 2 em têxteis”, afirmou Eduardo.

Ao final desse projeto, foi produziada uma máscara de um têxtil bicomponente lavável e com propriedades antivirais testadas contra o SARS-CoV 2, com inativação superior a 99% em um minuto. “Conseguimos também trazer nas propriedades desse têxtil uma filtração bacteriana superior a 95% e um diferencial de pressão que é, de forma simplificada, a força que a gente precisa fazer para respirar na máscara. O material também é não-alérgico e não-irritante”, descreveu.

Para os aventais, com as modelagens inteligentes propostas pela equipe do ISI, foi desenvolvido um tecido com alta resistência à penetração microbiana e uma excelente limpeza. O terceiro item foram os scrubs também com função antiviral para evitar a possível contaminação cruzada entre hospital e casa. “Tudo isso nos proporcionou know how. Trabalhamos com uma cadeia muito grande de confecções no Brasil que podem trabalhar com esse tipo de material. Temos também muita capacidade fabril para esse tipo de base têxtil e todas as características técnicas comprovadas dentro das normativas. Eu considero de grande sucesso as entregas desse projeto”, concluiu.

Marcelo Ramos fechou os debates lembrando que o CETIQT através de seus estudos consegue trazer para a área têxtil e de confecção novos materiais, intensivos em tecnologias multifuncionais. “A estruturação e investimento na plataforma de Fibras no ISI proporcionou inúmeros projetos de inovação em um cenário de pandemia. Foi muito importante ter estrutura, competência técnica e parcerias. Os trabalhos colaborativos entre empresas, a nossa instituição, os Institutos SENAI de Tecnologia e SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras, ao longo desse período, mostraram como foram dadas respostas importantes, como as desenvolvidas para a área de Saúde.

APRESENTAÇÃO DOS PORTFÓLIOS

 PORTFÓLIO DIGITAL DA ÁREA TÊXTIL

 A apresentação do portfólio do CETIQT proporcionou uma ampla visão sobre como estão os trabalhos vanguardistas para o setor têxtil e de confecção. Coordenadora de Consultoria Têxtil do Instituto SENAI de Tecnologia Camila Borelli compartilhou as ações e o portfólio, que foi na reestruturado recentemente. “Nós atuamos como indutor tecnológico no enfrentamento de desafios relacionados à indústria têxtil. Temos antecipado muitas ações pensando justamente em dar suporte para indústria. A nossa vocação é apoiar a indústria em todas as questões tecnológicas. O IST está subdividido em Metrologia, Capacitação Técnica e Consultorias Tecnológicas”, pontou.

Ressaltou ainda a consultoria especificamente em moda e confecção à nível nacional. O panorama da indústria têxtil mundial estava estimado em valor de mercado em US$ 1,9 trilhão em 2019. E projetado para, até 2030, chegar a US& 3,3 trilhões com uma taxa de crescimento por volta de 3,5%. Com o crescimento populacional, os níveis de tecnologia implementados na indústria e a rápida urbanização tinha-se essa previsão de alto crescimento. Mas tudo isso era antes da Covid-19. Conclusão: o panorama mudou bastante.

“No mercado nacional, o desafio da indústria será tornar a produção mais eficiente, obtendo uma maior integração com o varejo e sendo mais assertiva para não gerar desperdícios. No CETIQT, sustentabilidade e inovação são os pilares que nos motivam. No portfólio, frisamos que a transformação digital vai aperfeiçoar operações, produtividade, minimizar os riscos e quedas no desempenho. Dentro dessa visão, nós criamos diversos produtos distribuídos dentro de um portfólio de serviços personalizados”, contou.

Camila Borelli ressaltou que o portfólio trabalha com uma subdivisão: Fast Track, Tech Management e Funding. Fast Track seria o atendimento inicial online a um custo mais baixo para ter uma ideia em que situação a empresa se encontra. Com a mentoria há uma análise da maturidade da empresa e os potenciais de crescimento. Já a orientação clínica há uma parceria para o desenvolvimento conjunto das ações, como por exemplo, redução de custos, aumento de produtividade, oportunidades de novos investimentos. E os serviços Tech, além da consultoria, há a uma capacitação tecnológica, que relaciona aspectos técnicos e produtivos.

“Estes serviços podem ser híbridos: online e presencial. As primeiras mentorias são feitas online e, caso seja efetivamente necessário, fazemos uma visita para uma análise mais criteriosa do consultor. Nós já atendemos empresas em que foi possível fazer todo o desenvolvimento de maneira online. “Nós temos alguns cursos que estão disponíveis até gratuitamente e outros que fazem parte do portfólio. Nesse último caso, nós montamos de acordo com a demanda da empresa para diversos níveis, desde operacionais até gerenciais, com uma visão técnica do processo. Muitas empresas, recentemente, migraram para a produção de têxteis odonto-médico-hospitalares e foi vital uma consultoria. Há muitos detalhamentos técnicos e a gente pode atuar no desenvolvimento de produto e nessas áreas de têxteis médicos, funcionais, inteligentes, e na aplicação de tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0. Nós também trabalhamos em conjunto com a Metrologia fazendo análises de produtos e/ou processos, e dando parecer técnico para complementar e indicar os melhores caminhos na resolução de problemas”, exemplificou Camila, acrescentando: “Nós temos a nossa Planta de Confecção 4.0 e toda uma equipe focada no desenvolvimento da indústria e confecção 4.0 especificamente. Essa é uma das linhas de consultoria em que temos atuado em relação a Planejamento Estratégico, Business Intelligence, Análise da Maturidade da Indústria 4.0 e a transformação digital”.

O portfólio conta com uma nova linha: o suporte aos editais de fomento. “Muitas empresas têm projetos e ideias, mas nem sempre têm o montante total para investimento e a prática de submeter projetos aos órgãos de fomento, porque há muitos detalhes técnicos e documentais. Nós também fazemos esse suporte para investimentos em produtos e processos têxteis. Um processo considerado inovador é passível de receber suporte de órgãos de fomento. Tem a Embrapii, a Finep e muitas outras linhas de crédito ou financiamento. Também é possível submeter projetos a financiamentos, por exemplo, do BNDES”, revelou.

PORTFÓLIO DIGITAL DE CONFECÇÃO

Consultora na Área de Confecção do IST, Patrícia Diniz falou sobre a áreas de atuações junto ao setor, incluindo gestão, suporte aos colaboradores da indústria de confecção e desenvolvimento de processos. “Nós acabamos de fazer um projeto muito grande em Pernambuco, atuando junto a uma grande confecção. Foram tratados assuntos relacionados tanto à parte produtiva como à prototipagem e desenvolvimento de modelagem, corte e finalização do produto. No chão de fábrica verificamos como estava o desempenho. Portanto, ações que possam garantir um fluxo melhor de produtos e trazer um retorno financeiro com maior redução de perdas de matéria-prima”, comentou.

“Há ainda serviços de desenvolvimento de modelagem através de sistemas computadorizados; prototipagem para aprovação, estudo de risco e de viabilidade técnica de peças e capacitação industrial. Dentro da área de Gestão de Qualidade, podemos definir o que é qualidade e como criar um sistema de gestão dentro da empresa; o que seria o controle de qualidade em cada ponto da empresa para que não fique só para um final de um processo, mas que venha desde o início, no recebimento nas compras dos materiais; que normas são utilizadas e que direcionam a qualidade; o que são planos de amostragem e como desenvolvê-los na empresa”, explicou sobre a otimização de processos produtivos.

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Patrícia falou ainda sobre a importância do apoio às empresas para a implementação da Confecção 4.0, o trabalho dos conceitos principais de qualidade – os princípios, como alcançar e mensurar os resultados – e de sustentabilidade, que é a busca pela utilização dos recursos de uma forma mais consciente. E, dentro dos processos, como ter as boas práticas de produção com acompanhamento e otimização buscando a eliminação de todos os desperdícios possíveis.

As palestras podem tratar de assuntos como Gestão Sustentável, Gestão de Processos, Gestão de Qualidade, Gestão de Custos, Gestão de Recursos e Insumos, Liderança Transformacional, Gestão de Modelagem e Prototipagem, Normalização de Uniformes e Protocolos para Produção em Tempos de Covid-19. São fundamentais as implementações dos novos costumes dos novos hábitos com todo o cuidado de segurança dos colaboradores das empresas.

Outro projeto que está sendo lançando em modo digital é o Assercom. Uma assessoria voltada para área comportamental dos colaboradores. Busca fortalecer técnicos, supervisores, encarregados, auxiliares e costureiras em todo o desenvolvimento das atividades. Potencializar os profissionais que já estão atuando como líderes ou vão assumir um cargo de liderança dentro da empresa e precisam desse acompanhamento para trabalhar seu potencial.