SENAI CETIQT: A Confecção 4.0 em sinergia com o novo cenário desenhado para a moda brasileira pós-pandemia


Na live “Confecção 4.0: como se preparar no atual cenário?”, o consultor Rogério Koschnik, que integrou a turma de empresários e altos executivos de empresas do setor têxtil e de confecção no inovador Master In Business Innovation (MBI) em Indústria Avançada: Confecção 4.0, realizado pelo SENAI CETIQT e que fez história ao formar os pioneiros no movimento de implantação da Indústria 4.0 no Brasil, alerta para o fato de que a tecnologia já é uma realidade no Brasil e as empresas têxteis e de confecção podem se beneficiar. “Como líderes, temos obrigação de estudar projetos de costura diferenciada, em prol da sustentabilidade e de um novo jeito de trabalhar, dentro das medidas de segurança impostas pela pandemia”, frisa

Enquanto o mundo enfrenta a Covid-19, muito se discute como será o novo normal após a pandemia. No setor têxtil e de confecção, claro, não é diferente. Aproveitar a tecnologia disponível com a chegada da Quarta Revolução Industrial é de suma importância para garantir a segurança dos funcionários, permitindo maior distanciamento entre as estações de trabalho, além de trazer agilidade aos processos e colocar o Brasil no rumo da sustentabilidade. Na live “Confecção 4.0: como se preparar no atual cenário?”, promovida pelo SENAI CETIQT, o engenheiro mecânico e consultor de tecnologia da Silmaq – uma das maiores fornecedoras de Equipamentos para a Indústria Têxtil da América Latina -, Rogério Koschnik destaca o papel das empresas nesse processo. Ele integrou a turma de empresários e altos executivos de empresas do setor têxtil e de confecção no inovador  Master In Business Innovation (MBI) em Indústria Avançada: Confecção 4.0, realizado pelo SENAI CETIQT, que fez história ao formar os pioneiros no movimento de implantação da Indústria 4.0 no Brasil. “Como líderes, temos obrigação de estudar projetos de costura diferenciada, em prol da sustentabilidade e de um novo jeito de trabalhar, dentro das medidas de segurança impostas pela pandemia causada pelo novo coronavírus”, diz.

O MBI tem aulas em formato EaD, com um encontro presencial mensal. O curso é voltado para profissionais com graduação que trabalham nos setores têxtil, de confecção, vestuário ou em áreas afins, e também aos que desejam saber mais sobre a Indústria 4.0. “Queremos que os alunos estejam preparados para conduzir o processo de transformação digital das suas empresas, tornando-as mais competitivas em âmbito global, seja por inovação, geração de resultando financeiros ou resultados para a sociedade”, enfatiza Robson Wanka, gerente de Educação Profissional do SENAI CETIQT.

SENAI-CETIQT tem a primeira planta de Confecção 4.0 da América Latina (Foto: Divulgação)

Bernardo Queiroz, coordenador de empregabilidade discente do SENAI CETIQT, ressalta o pioneirismo da instituição quando o assunto é Indústria 4.0. “O MBI proporciona a formação de profissionais capazes de elaborar projetos para a implantação da Confecção 4.0, gerando um processo industrial mais eficiente, produtivo e sustentável. O SENAI CETIQT tem a primeira planta de Confecção 4.0 da América Latina capaz de fabricar uma bermuda, por exemplo, em aproximadamente 20 a 25 minutos”, pontua.

Rogério Koschnik é só elogios ao falar da planta de Confecção 4.0, que ele considera um mérito do SENAI CETIQT e do Brasil. “Dá um banho de tecnologia no mundo. Com a criatividade brasileira, junta todas as tecnologias que se conhece: Indústria 4.0, inteligência artificial, cybersegurança, Internet das Coisas, automação industrial, revisão dos processos etc.”, observa ele. “Quando a gente enxerga a Confecção 4.0, também tem ligação total com o consumidor. Indústria 4.0 não é só uma ferramenta ou um sistema”, acrescenta.

Inteligência artificial é um dos elementos da Confecção 4.0

Segundo Rogério, 97% das confecções brasileiras estão entre as pequenas e médias. “Se as pequenas e médias sobreviveram até hoje, com a alta produtividade da Índia e da China, é porque somos heróis. Temos criatividade, tecnologia e boa matéria-prima. O Brasil é um país ligado à moda. Se nos dermos as mãos faremos o diferencial em relação ao mundo inteiro”, afirma.

Em relação à Covid-19, Rogério considera que a doença também oferece uma oportunidade para pensar diferente. “Estamos tendo a oportunidade de sair da caixa. Nesse período, muito mudou de um dia para o outro em todo sistema moda. É só fazer a lição de casa”, acredita. “A pandemia exige repensar fluxo de desenvolvimento e produção de produtos de moda. Precisamos ser mais ágeis e aprender com os menores. Menos base e mais customização. Prestar atenção ao que está vendendo. Exportar a moda, em vez de importar, e valorizar nossas peças”, ensina.

Equipamentos de Proteção Individual como máscaras já são uma realidade e precisarão ser usados nos ambientes de trabalho

A reformulação do parque produtivo é outra questão que se impõe – afinal, o afastamento social é necessário para reduzir o risco de contaminação pelo novo coronavírus. “Com essa pandemia, como as pessoas vão trabalhar em uma confecção com as estações com distanciamento de um metro? Como vai reabrir uma confecção grande, com cinco mil costureiras? De repente, a gente vai ter que partir para confecções menores, produzindo uma peça inteira com poucas pessoas. Se formos manter nossas fábricas, teremos que rever esses layouts. Vejo poucas pessoas discutindo esse assunto, que é muito sério”, alerta Rogério. “Ao mesmo tempo em que a gente tem que preservar o emprego, precisa levar em conta os fatores necessários para garantir a segurança”, pondera.

Pensar em máquinas automatizadas pode ser um caminho para garantir a eficiência e a segurança nos processos. “Existem vários tipos de equipamentos, como máquina de pregar bolso e máquina digital, além de soluções como estamparia digital e peça fechada. A gente tem que repensar nossa confecção, nossa indústria, conforme a tecnologia que temos e estão à disposição no nosso país. O próprio transportador aéreo, que se usou muito na confecção, é um fator de distanciamento. Acredito que os custos desse equipamento estão muito mais baratos, mais acessíveis”, fala Rogério. “Se a gente falar em impressão digital, significa uma grande expressão social, do boom do e-commerce no mundo e da sustentabilidade. Existem várias empresas trabalhando isso”, resume.

Com a tecnologia 4.0, as estampas são produzidas apenas após a venda do produto (Foto: Henrique Fonseca)

A sustentabilidade também tem ligação com a tecnologia, um dos pilares da Indústria 4.0. No caso do setor têxtil, a pesquisa e aplicação de outros recursos para a produção de peças pode contribuir para diminuir a emissão de resíduos e tirar o setor da posição de segundo maior consumidor e poluidor de recursos hídricos no mundo. “De 17% a 20% da poluição industrial vem do tingimento. Se tivermos processos que economizam água, diminuindo o efluente, já ajuda”, explica Rogério. Ele dá outro exemplo de desperdício de recursos naturais. “Para fazer um rolo para sublimação, a gente precisa cortar 20 árvores”, lamenta.

Rogério é categórico ao dizer que é imprescindível apostar em processos produtivos sustentáveis. “Temos que nos preocupar com os custos e para onde vai esse material. Talvez uma peça sustentável custe mais caro. Pague um pouco mais por ela, porque essa conta, hoje, é barata. No futuro, nossos filhos e netos vão pagar uma conta mais cara. É importante a gente olhar para uma fábrica sustentável. Temos que fazer a nossa parte”, frisa.