MINAS TREND: Em palestra, Janaína Andrade ressalta as potencialidades das redes sociais no marketing de moda


“O cliente espera muito mais que somente um post de uma marca, ele quer se relacionar, criar conexões emocionais e não apenas transações comerciais. Ele quer sentir uma sensação de pertencimento e identidade compartilhada. É necessário tornar o produto mais do que uma necessidade, mas um desejo de fazer parte do universo de marca”, analisa a jornalista e designer gráfica, especialista em marketing de moda e de conteúdo. “Marketing de Moda nas redes sociais” foi o tema da palestra de Janaina durante a 30ª edição do Minas Trend – Maior Salão de Negócios da América Latina, promovida pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), e realizada em Belo Horizonte

Minas Trend: o Maior Salão de Negócios da América Latina, realizado no Minascentro

A pandemia mudou a expectativa do consumidor em relação às marcas e se faz presente o papel cada vez mais importante de uma experiência digital com identidade e inovação. O mundo high tech acelerou diversos processos nas empresas e a mudança de mindset lançou luz sobre as experiências de compras digitais e físicas, ou seja: em ambiente phygital. O mundo mudou e a forma de produzir, vender e comprar também deu um salto gigantesco. Vimos a sinergia entre o marketing digital e o varejo em alta potência e o desenvolvimento de conteúdo que fale direto com o consumidor, mostrando os valores da marca, exercendo a empatia com atitudes e sentindo o pulsar do feedback, lançando mão do omnichannel. Janaina Andrade, jornalista e designer gráfica, especialista em marketing de moda e de conteúdo, foi convidada para estar à frente da palestra “Marketing de moda nas redes sociais“, no P7 Criativo primeiro hub de inovação e economia criativa do país, que ocupa os 25 andares de um edifício projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012) , na Praça Sete de Setembro, no Centro da capital mineira. O talk foi parte integrante da 30ª edição do Minas Trend –Maior Salão de Negócios da América Latina, promovida pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), que está sempre de portas abertas para a inovação, os melhores negócios da moda e impulsionando horizontes.

Jana corrobora com esta análise e, em entrevista exclusiva aponta os elementos que contribuíram a este boom: “O marketing de moda nas redes sociais experimentou um crescimento notável ao longo do tempo, principalmente pós-pandemia! Temos o hábito de recorrer às redes para nos ajudar a tomar decisões sobre escolher uma opção A ou B. E caso uma marca não esteja presente no Instagram a tendência é buscar um concorrente direto que está lá”. Ainda segundo ela, “um levantamento feito pela empresa de marketing e mídia Sprout Social, com escritórios sediados em Dublin, Seattle e Chicago, mostrou como as redes sociais exercem uma grande influência na decisão de compra dos consumidores. Segundo a pesquisa da Sprout, 9 em cada 10 consumidores realizaram compras de marcas que seguem em alguma rede social. Além de efetuar compras, o valor gasto com estas marcas também é maior”.

As redes sociais deixaram de ser simples canais de comunicação para se tornarem importantes impulsionadores de vendas. Uma prova disso é que as estatísticas de redes sociais não param de crescer ano a ano: tem mais pessoas usando e mais marcas também – Janaina Andrade

MODA NAS REDES SOCIAIS

Meu nome é Janaína, mas podem me chamar de Jana”. É assim com essa informalidade e simpatia que Janaína Andrade se apresenta, não apenas em sua biografia, mas em suas redes sociais. Inclusive, considerando que essas plataformas tornaram as pessoas mais acessíveis e próximas. Foi com essa generosidade que Jana respondeu minhas perguntas. “Desde 2010 com o surgimento do Instagram e ascensão dos influenciadores existe um impulsionamento muito grande do marketing de moda nas redes sociais”, afirma.

Ainda de acordo com a palestrante, que referenciou-se com dados do Sem Rush, as estatísticas gerais do Instagram são superlativas. A rede tem:

  • Usuários ativos mensais: 1 bilhão de usuários ativos mensais acessam o Instagram globalmente;
  • Usuários ativos diários: 500 milhões de usuários ativos diários acessam o Instagram globalmente;
  • O Instagram Stories ultrapassou os 150 milhões de usuários ativos diários do rival Snapchat em 8 meses, atingindo agora 500 milhões de pessoas por dia;
  • Com 1,3 bilhão de usuários (em termos de alcance potencial de anúncios), o Instagram é a 4ª rede social mais popular em número de usuários. Na frente estão o Facebook (2,8 bilhões), o YouTube (2,2 bilhões) e o WhatsApp (1,6 bilhões). 

Janaína Andrade estuda os diálogos entre esta rede social e a moda (Foto: Acervo Pessoal)

O novo Varejo 4.0 não diz respeito apenas à tecnologia, mas também do ambiente, das pessoas, dos serviços prestados, da maior integração entre o físico e o online, com o objetivo de melhorar a experiência do cliente. O Marketing 4.0 preconiza cada vez mais o relacionamento. Diante desta questão, Jana analisa que “hoje o novo meio de se relacionar é criar uma conexão mais significativa e profunda com os clientes. As marcas precisam criar comunidades para conseguirem se destacar no mercado com alto índice de concorrência. Ter uma comunidade é muito mais do que simplesmente ter uma conta no Instagram. É construir uma comunidade com conteúdos que realmente criam valor para os seguidores”.

O cliente espera muito mais que somente um post de uma marca, ele quer se relacionar, criar conexões emocionais e não apenas transações comerciais. Ele quer sentir uma sensação de pertencimento e identidade compartilhada. É necessário tornar o produto mais do que uma necessidade, mas um desejo de fazer parte do universo de marca  – Janaína Andrade

Após 10 anos gerenciando grandes marcas do cenário mineiro, Jana criou a empresa MIAU com o propósito de ajudar negócios de moda a se posicionarem no mercado “através de uma linguagem incrível, autêntica e única”. Para ela, o poscionamento é de suma importância para que uma marca tenha relevância nas redes sociais. “Hoje, primeiro é necessário uma marca se posicionar para depois conseguir vender. As pessoas querem conectar com marcas que representam seus valores, personalidade, tom de voz e estilo de vida. Nunca foi só sobre produto, sempre foi sobre estilo de vida”. Ainda sobre isso, perguntamos se há uma padronização da metodologia de marketing nas redes sociais e se há como fugir das regras estereotipadas e ela disse que isso, sim é, possível, através de uma assinatura potente: “É importante criar um posicionamento para se diferenciar da concorrência. Através do posicionamento você consegue criar um universo de marca único e consequentemente sair da estereotipação”.

Nos contatos iniciais, as maiores dúvidas dos seus clientes passam sobre o a questão de “como conseguir criar conteúdo nas redes sociais e definir o público alvo. A maioria não sabe com quem deseja falar como marca e consequentemente uma dificuldade de criar conteúdo. O conflito passa sobre esse lugar: se eu não sei para quem a minha marca se destina, como vou saber me comunicar de forma estratégica?”

A consultora diz que cada rede social tem um público específico e uma demanda de consumo, por esta razão o marketing deve ser direcionado, para ser mais proveitoso: “É importante entender como funciona o mecanismo de cada rede social e qual o público alvo que você deseja alcançar na plataforma”, pondera. Diante disso, Janaína aponta-nos sobre as estratégias de marketing que podem levar a escolher um influencer a ser o rosto de uma marca: “Antes de sugerir um influenciador para as marcas pesquisamos o seu público-alvo, se tem os valores semelhantes, avaliamos a audiência do parceiro e qualidade do conteúdo, além de considerarmos o orçamento do cliente. É preciso observar o quanto é sustentável para ela manter uma ação. Não adianta fazer um post com uma influenciadora e diminuir a frequência de posts. É necessário manter uma constância”.

Para Janaína Andrade, é importante conhecer o mercado e ter posicionamento nas redes sociais (Foto: Arquivo Pessoal)

IDENTIDADE E HIPERCONECTIVIDADE

Com a pandemia, houve um crescente de marcas voltadas totalmente para as redes sociais. As gerações Y e Z mudaram o jeito de consumir moda mundialmente. Sobre esse processo, Jana volta a reiterar que “a pandemia da COVID-19 teve um impacto significativo na forma como as marcas de moda operam. Com o fechamento de lojas físicas, existiu uma aceleração da migração para o comércio eletrônico. As marcas de moda tiveram que se adaptar rapidamente, investindo em sua presença online e aprimorando suas estratégias de marketing nas redes sociais para atingir esse público digital. Os desfiles de moda físicos, por exemplo, foram substituídos por desfiles virtuais, atingindo um público global por meio das redes sociais e transmitindo eventos ao vivo. As pessoas querem consumir produtos e conteúdos personalizados, principalmente as gerações Y e Z, e as redes sociais oferecem às marcas a oportunidade de se envolver diretamente com seus clientes, coletar feedback e personalizar produtos e conteúdos de acordo com as preferências do consumidor”.

Janaína criou o Programa de Aceleração Instafashion Pro. Sobre o projeto e as mudanças significativas em empresas que participaram do programa, ela diz que o projeto “foi idealizado com a intenção de ajudar empreendedoras da moda a conseguirem se posicionar no Instagram como uma marca incrível, autêntica e única. Como sempre trabalhei no mercado B2B, eu tive contatos com várias lojistas e percebia que além das milhares atividades que elas tinham que realizar, uma delas era o gerenciamento das suas redes sociais, o que tinham  muita dificuldade de fazer. A ideia do programa é trabalhar um processo educacional no qual eu consiga acompanhar de perto durante um mês um planejamento estratégico desenvolvido para o Instagram conforme objetivos definidos. O meu objetivo é ensinar como colocar em prática através do conteúdo a construção de uma marca, mostrar como funciona o mecanismo de vendas do Instagram e como criar conteúdos atrativos”.

Como forma de criar identidade nas redes sociais, Jana compartilhou 10 passos para colocar-se nas redes:

  1. Se posicione
  2. Defina o DNA do seu conteúdo 
  3. Crie uma identidade visual coerente com o universo de marca que você quer construir
  4. Faça um planejamento estratégico
  5. Construa uma comunidade de marca
  6. Crie conteúdo de forma estratégica 
  7. Faça parceria
  8. Entenda como funciona o algoritmo
  9. Faça tráfego pago de forma correta
  10. Defina com quem você quer falar 

 Quando trata-se de assinatura, importante ressaltar que a própria Janaína, inicialmente trabalhava como jornalista e acabou mudando sua trajetória, em favor de dedicar-se ao marketing. Como a trajetória da profissional, como jornalista, colaborou (a) em um projeto de vida voltado para o marketing da moda? “As habilidades adquiridas na carreira de jornalismo, como comunicação eficaz, pesquisa, escrita e compreensão da narrativa, foram altamente benéficas para a minha especialização  em marketing de moda. A capacidade de contar histórias, compreender as tendências e se comunicar com o público são aspectos essenciais para o sucesso nessa área”. 

Janaína Andrade e as relações entre moda e tecnologia (Foto: Arquivo Nacional)

Entre as dores e as delícias de trabalhar com marketing de moda, Jana diz que são várias, mas “a principal gratificação é poder trabalhar diariamente exercendo a criatividade e a maior dificuldade é a exigência de inovação constante e rápida. Os consumidores de moda estão sempre em busca do “novo” e do “único”. Isso requer uma constante inovação e criatividade por parte dos profissionais de marketing”. 

Perguntei a ela qual o caminho segue a moda autoral brasileira? “Tem percorrido um caminho de crescimento e reconhecimento nas últimas décadas. A indústria da moda no Brasil, tradicionalmente  tem visto um aumento na valorização de estilistas independentes e da moda autoral. Acredito que pautas como diversidade e inclusão, sustentabilidade, personalização, colaboração e parcerias são caminhos que vão fazer parte da moda autoral brasileira”.