Sinergia entre passado e futuro e entre sentir e respirar. A convite de Galeries Lafayette, a artista sul-coreana Kimsooja imprime, desde semana passada, uma nova iluminação à arquitetura centenária da tradicional loja de departamentos parisiense. Com o projeto “To Breathe“, ela, que representou seu país na 24ª Bienal de São Paulo (1998), cobriu a famosa cúpula de vidro do edifício do Boulevard Haussmann com um filme especial de difração da luz natural em todas as cores do arco-íris. Kimsooja transforma superfícies externas da cúpula e espaços internos em multicoloridos espectros que mudam ao longo do dia. A artista ganhou notoriedade mundial ao adotar uma abordagem estética contemplativa baseada na percepção e na observação. Ao focar o atenção do espectador em um determinado objeto ou fenômeno, ela abre caminho para aparições que questionam as forças na arte e na vida, convidando todos a sentir e vivenciar o mundo por meio de todas as suas superfícies.
Para esta instalação, a primeira em Paris nesta escala, Kimsooja explora os aspectos sensoriais do edifício, focando a atenção dos visitantes na luz para criar um ambiente propício à contemplação. Centrada em torno da histórica cúpula de vidro da loja, a instalação cria um diálogo inédito com este icônico elemento do patrimônio arquitetônico da Galeries Lafayette. Quando foi construída, em 1912, a cúpula inundou o interior da loja com uma infinidade de tons graças aos vitrais desenhados por Jacques Grüber, posteriormente removidos e substituídos por vidro branco. Ao trazer de volta a luz colorida de forma inteligente ao coração deste histórico edifício art nouveau, Kimsooja presta uma homenagem poética ao projeto original.
“To Breathe”, vem do inglês e significa “respirar”. Kimsooja concebeu “To Breathe” pela primeira vez em 2006, quando transformou conceitualmente o bottari, pacote coreano embrulhado em tecido, em uma forma arquitetônica. Usando filme de difração, ela envolve espaços inteiros para sublimar sua arquitetura e revelar suas histórias por feixes de luz. Uma obra em movimento, “To Breathe” reage ao ambiente natural, aproveitando a forma como a luz muda ao longo do tempo, de acordo com o clima e à medida que o sol se move pelo céu. Quando os raios de luz passam por ele, o filme de difração cria espectros de arco-íris efêmeros que mudam à medida em que as pessoas se movem pelo espaço.
Incensada por seu bom gosto, Kimsooja representou a Coreia do Sul na 24ª Bienal de São Paulo (1998). Aos 65 anos, a artista, vive e trabalha entre Paris e Seul. Em sua trajetória artística, além de constar como o nome da arte sul-coreana na Bienal paulistana, esteve, também, 55ª Bienal de Veneza (2013) e emprestou sua arte a mais de 40 exposições de artísticas e contemporâneas, bienais e trienais.
Seu trabalho tem sido objeto de exposições individuais em locais de prestígio, como MoMA PS1, Palácio de Cristal do Museu Reina Sofía, Vancouver Art Galery, Kunsthalle Wien, Kunsthalle Bern, Kunstmuseum Liechtenstein, Museu de Arte Contemporânea de Lyon, Museu de Arte Moderna Saint Etienne, Guggenheim Bilbao e Centro Pompidou-Metz. Kimsooja lecionou na Beaux-Arts de Paris (2008-2009) e foi nomeada Chevalier da Ordre des Arts et des Lettres do Ministério da Cultura em 2017. Em setembro de 2022, inaugurou os vitrais que desenhou para a Catedral de Metz, que foram encomendados pelo Ministério da Cultura francês para marcar o 800º aniversário daquele templo religioso.
Sonhando com um “bazar de luxo” onde os raios do sol brilham através de um telhado abobadado, banhando o grande salão em uma luz dourada e iluminando as prateleiras e vitrines, o fundador da Galeries Lafayette, Théophile Bader (1864-1942), que convidou artistas renomados da época para criar esta joia arquitetônica. Projetada pelo arquiteto Ferdinand Chanut (1872-1961), a cúpula injeta movimento na luz do dia ao entrar no prédio. Muitas vezes descrito como neo-bizantino, o decorativo trabalho na cúpula reflete a influência do orientalismo, em moda na época. Isso é perceptível nos elementos dourados e na ricamente esculpida ferragem de Edouard Schenck (1874-1959), que irradia como raios de sol para emoldurar os vitrais que permitem a passagem de uma luz quente e colorida.
A instalação “To Breathe” pode ser visitada até 30 de junho. Perceptível em toda a loja, tem seus melhores ângulos de observação no oitavo andar e nos terraços do quinto andar (bem sob a cúpula).
Galeries Lafayette é a primeira loja de departamentos da Europa, inaugurada em 1894, no Boulevard Haussmann, em Paris. Uma marca de notoriedade mundial, sinônimo de estilo parisiense e de elegância, onde os raios do sol brilham através de um telhado abobadado, banhando o grande salão em uma luz dourada e iluminando as prateleiras e vitrines, à francesa. Recebe cerca de 100 mil visitantes/dia, distribuídos entre seus 70.000 m² que se estendem por três edifícios. São 15.000 m² dedicados à moda, com 3.500 marcas renomadas. Marcas das mais acessíveis àquelas mais desejadas do universo fashion estão presentes na Lafayette, como Louis Vuitton, Chanel, Prada, Gucci, Burberry, Balenciaga, MiuMiu, M.A.C, Lancôme, Dior e Sisley. A todos os clientes, oferece serviços sob medida de alta qualidade, que inclui personal shoppers e atendentes que falam português, salões privativos, entrega de compras no hotel e orientação no serviço de reembolso de impostos.
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