Dr. Alessandro Martins tira todas as dúvidas sobre a aparência do umbigo pós-abdominoplastia e lipoaspiração


“Existem múltiplas técnicas que fazem com que, hoje em dia, o umbigo se torne cada vez mais próximo de uma cicatriz umbilical que não foi mexida, mais natural, muito semelhante ao verdadeiro”, pontua o cirurgião plástico. Vem conferir!

É muito comum escutar a expressão de que alguém tem o “umbigo de plástica”. Realmente, a cicatriz umbilical pode ficar muito estigmatizada em algumas cirurgias. E muitos associam o “umbigo artificial” à abdominoplastia. Quando se faz uma operação dessas, o objetivo é tratar a sobra de pele, a flacidez abdominal. Na técnica clássica da abdominoplastia, a pele entre o umbigo e o púbis (mais ou menos onde fica a cicatriz da cesariana) é removida. E aquele trecho de pele que vai do umbigo até o comecinho do tórax é esticado, tracionado até a região do púbis. É por isso que conseguimos tratar a flacidez do abdômen, deixá-lo mais liso e reto. A cicatriz umbilical é reinserida nesse pedaço do abdômen depois que ele é puxado.

É claro que o umbigo não sai da barriga e depois é colado de novo. O umbigo fica preso lá embaixo, nas estruturas musculares. Então, fazemos um buraquinho nessa pele da barriga que é tracionada e esse umbigo é costurado novamente nesse retalho abdominal. Quais são os fatores que deixam esse umbigo estigmatizado ou artificial? Toda cicatriz redonda, toda costura redonda no corpo tende a fazer uma cicatrização circular e pode levar a algo que chamamos de estenose, que é quando um orifício fica pequeno, fica muito apertadinho por conta de um processo cicatricial circunferencial. É muito comum a gente ver, principalmente no passado, esses umbigos estenosados, pequenos, parecendo uma pontinha de lápis no meio da barriga, que é decorrente desse processo cicatricial que faz com que o umbigo fique meio fechado.

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Outra característica, além da estenose, são os umbigos que ficam muito grandes, ou triangulares, ou muito redondos. Descaracterizando, portanto, uma cicatriz umbilical natural, que não é 100% redonda. Há as mais compridas, verticalizadas, algumas têm um aspecto mais hexagonal e, normalmente, a gente observa uma pele que cobre levemente a borda superior do umbigo. E isso traz naturalidade a essa cicatriz umbilical quando é reimplantada, reinserida nesse retalho abdominal que foi tão esticado durante uma abdominoplastia.

Existem múltiplas técnicas que fazem com que, hoje em dia, o umbigo se torne cada vez mais próximo de uma cicatriz umbilical que não foi mexida, mais natural, muito semelhante ao verdadeiro – Alessandro Martins, cirurgião plástico

É muito importante o cuidado pós-operatório. Como é uma cicatriz que corre o risco de estenose, de fechamento, uma das coisas que, na minha prática cirúrgica, melhorou muito os meus resultados foi a utilização de órtese de silicone, um cone e uma tampinha que você utiliza nesse umbigo por um período que varia, dependendo da experiência de cada cirurgião – no meu caso, gosto de usar a órtese de umbigo por um período de três meses no pós-operatório. E dessa forma, o umbigo cicatriza ao redor dessa órtese.

Assim são controlados os processos de estenose e faz com que o umbigo fique mais fundo, e tenha uma cicatrização e um formato muito mais naturais, se assemelhando bastante a um umbigo não operado.

Dr. Alessandro Martins (Foto: Vinicius Mochizuki)

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Técnicas cirúrgicas de fixação também mudam a questão da aparência. Quanto menos a gente tiver visualização dos pontos de sutura, quanto mais regular for essa montagem, mais chances a gente tem de ter um umbigo bonito e natural nesse pós-operatório. Por vezes, no pós-operatório, mesmo tardio (depois de três meses), o uso esporádico da órtese pode ser necessário, caso a gente observe que o processo cicatricial está levando a uma redução, a um fechamento da cicatriz umbilical.

O umbigo tem que cicatrizar na época certa, os pontos têm que ser tirados sem que nenhum deles arrebente ou abra, é preciso evitar as infecções de cicatrizes cirúrgicas, recomenda-se a utilização de órteses, é necessário repousar. Eu gosto muito de associar a utilização de órteses de umbigo ao uso de placas de contenção e da cinta por três meses. Todo esse processo é trabalhoso, é longo, mas garante que você tenha um resultado tardio pós-operatório bonito, que é o mais importante e que todos os pacientes desejam.

Abordando um outro caso apontado como “umbigo de plástica”, quero chamar a atenção para o umbigo “chorão”. É aquele que parece a boca inclinada para baixo de quando a gente está triste. Esses umbigos já não são características das abdominoplastias. Eles são decorrentes da flacidez da pele. Quando se tem uma flacidez na porção superior do abdômen, que é aquela entre o umbigo e o início do tórax, a pele cai, forma uma “tenda” por cima do umbigo, dando esse aspecto chamado por muitos de “chorão”.

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E isso acontece muito em pacientes que tinham uma flacidez pequena ou intermediária e se submeteram a uma lipoaspiração: como o conteúdo gorduroso diminuiu, a pele acabou sobrando. É como uma bola de aniversário: quando está cheia, está bem esticada, se você esvaziá-la, ela murcha. A pele, por não ter uma capacidade de contração tão grande, principalmente decorrente da idade, acaba caindo por sobre o umbigo.

Alguns desses pacientes são limítrofes: eles não têm indicação de fazer uma abdominoplastia, porque não têm tanta pele sobrando a ponto de poder cortar essa parte toda do abdômen e esticar pela técnica da abdominoplastia, e também não têm a pele tão firme a ponto de não lipoaspirar. Esse umbigo é muito comum não só nas lipoaspirações, mas em pacientes que tiveram emagrecimento. E, no caso da cirurgia, pode ser desencadeado ou agravado por uma lipoaspiração.

Hoje em dia, a gente fala muito das tecnologias que prometem contração de pele, que estimulam o colágeno e retraem a pele na tentativa de melhorar os resultados das lipoaspirações. Entre elas nós temos o Renuvion, o Body Tight, o Endolaser. Todas visam tratar a flacidez e, com isso, a gente melhora o aspecto do umbigo chorão. Mas lembrando que toda tecnologia tem a sua limitação e, por vezes, não consegue corrigir essa flacidez sozinha.

Qual seria a solução dessa paciente que não consegue fazer uma abdominoplastia porque não tem flacidez suficiente e pode desencadear uma flacidez na porção superior do abdômen após uma lipoaspiração?

Algumas pacientes podem ser candidatas a uma cirurgia que se chama mini abdominoplastia. Diferentemente do que se pensa, ela não tem esse nome pelo tamanho da cicatriz, por ser menor que uma operação tradicional. Por vezes, a gente até consegue fazer uma cicatriz menor, mas não é esse o foco da técnica. O principal nessa cirurgia é que a gente desinsere aquele umbigo que está preso no músculo, diferentemente do que fazemos na abdominoplastia, e descemos um ou dois centímetros tracionando, dessa forma, junto com o umbigo, a pele do umbigo superior. Porém não podemos ultrapassar esse limite de um a dois centímetros da posição original, senão ele fica muito baixo, o que dá um aspecto visual desagradável, como se estivesse fora do lugar.

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DICAS FUNDAMENTAIS

. Pacientes com grande flacidez abdominal são indicados a ser submetido a uma abdominoplastia. Nesse caso, o umbigo é reinserido e o uso de moldes e cuidados pós-operatórios são muito importantes para que realmente haja uma cicatriz umbilical de aparência mais próxima ao natural.

. Pacientes com flacidez intermediária que farão uma lipoaspiração correm o risco de desenvolver o umbigo chamado “chorão”. Nessas pacientes, nós podemos tentar associar uma tecnologia à lipo que traga uma maior produção de colágeno e retração dessa pele com o objetivo de evitar o umbigo “chorão”.

. Nas pacientes em que a tecnologia não será capaz de resolver a flacidez ou ela também não é candidata a uma abdominoplastia ficaria a opção da mini abdominoplastia para a gente transpor, descer todo esse retalho abdominal juntamente com a cicatriz umbilical cerca de um a dois centímetros, dessa forma prevenindo ou corrigindo o umbigo “chorão”.

. Como última dica, lembrar que toda cirurgia depende do pós-operatório, depende de cuidados pós-operatórios, uso de cintas, uso de placas, uso de moldes, drenagens linfáticas, tape. Tudo isso vai ajudar você a ter um pós-operatório mais fluido, melhores resultados com menos inchaço, menos dor e, principalmente, alinhando, coordenando o processo cicatricial que, por vezes, pode ser um grande inimigo do cirurgião. Ele pode fazer uma cirurgia na qual tudo correu bem, em que todos os pontos, todas as fixações foram adequadas, porém, durante um processo cicatricial, a formação de nódulos de fibrose, retrações cicatriciais, cicatrizes estenosantes podem prejudicar esse nosso resultado pós-operatório. Por isso é importante estar sempre perto do seu cirurgião, comparecer às visitas pós-operatórias para que qualquer processo em que a evolução cicatricial seja desfavorável a gente possa intervir com algum tipo de conduta.

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