DFB: Lino Villaventura, mestre dos mestres da moda e das artes, faz uma ode à essência autoral em desfile apoteótico


O fashion show com criações especialíssimas fechou com chave de ouro e aplausos da plateia de pé a 25ª edição do DFB Festival, que se destaca ao longo dos anos pela sinergia entre moda, capacitação, empreendedorismo, mostra criativa, jornada de conhecimento, gastronomia e música, realizada em Fortaleza (CE), Cidade Criativa do Design, título concedido pela Unesco em 2019. Ícone da moda autoral brasileira há 45 anos, Lino Villaventura, paraense com alma cearense, sempre pontuou em nossas conversas que “arte é expressão. Assim como o trabalho em moda. Uma assinatura forte a partir de uma expressão espontânea e original”

Lino Villaventura, mestre dos mestres da moda e das artes, faz uma ode à essência autoral em desfile apoteótico

Ícone da moda autoral brasileira, Lino Villaventura tem sua chancela como mestre da originalidade e criatividade. Suas criações ganharam o mundo, a fama é internacional e sua mente criativa – capaz de alinhavar verdadeiras obras de arte – fazem dos seus desfiles os mais disputados por quem ama moda. Sempre pontou em nossas conversas que “arte é expressão. Assim como o trabalho em moda. Uma assinatura forte a partir de uma expressão espontânea e original”. E após uma longa estrada no mundo da moda, o estilista é generoso e compartilha alguns segredos para quem deseja se firmar como uma referência:  “Muita coragem, persistência e otimismo. A diferença se faz trabalhando, com qualidade, e sempre pensando em como inovar – e com o pouco. Como obter um resultado legal com o que está disponível”, sugere. E foi o desfile de Lino Villaventura que fechou com chave de ouro e aplausos da plateia de pé a 25ª edição do DFB Festival, que se destaca ao longo dos anos pela sinergia entre moda, capacitação, empreendedorismo, mostra criativa, jornada de conhecimento, gastronomia e música, realizada em Fortaleza (CE), Cidade Criativa do Design, título concedido pela Unesco em 2019.

Lino Villaventura (Foto: Leo Zingado)

O desfile que conferimos foi especialmente criado para as Bodas de Prata do DFB Festival, incluindo o convite para modelos que cravaram seus nomes nas passarelas internacionais. Um de seus melhores  trunfos  é a arte de tinturar  e transformar  tecidos. Instigante, utiliza materiais que fogem do óbvio para criar novas texturas, nervuras e inconfundíveis patchworks. Tanto na passarela como fora dela, as criações de Lino são impactantes e possuem identidade, com um marcante caráter handmade. Todo esse engenhoso trabalho é feito por uma qualificada equipe de profissionais, comandada por Lino Villaventura e Regis Vieira, com maestria.

Lino Villaventura (Foto: Leo Zingado)

Só para destacar aqui “um pouquinho”, porque os marcos históricos são enormes. Na década de 80, a rede de televisão francesa FR3 veio ao Brasil para a produção do documentário “Brasil, País da Esperança” e deslocou sua equipe até a cidade de Fortaleza para fazer uma reportagem com o estilista, escolhido como o representante oficial da moda brasileira. Foi convidado pelo Itamaraty para representar o Brasil na feira de moda “World Trade Fashion Fair”, realizada em Osaka, no Japão. Seu desfile ganhou ampla cobertura na imprensa Japonesa e do jornal “Financial Times”.

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Nos anos 90, ele passou a desenvolver  também figurinos para grandes filmes e espetáculos. Destaque para o figurino do filme “Bocage, O Triunfo do Amor”, de Djalma Limonge Batista, e do espetáculo “Dorotéia – Uma Farsa Irresponsável em Três Atos”, de Nelson Rodrigues, indicado para o Prêmio Shell de Teatro como melhor figurino de 1996. Em outubro de 1997, fez o figurino para “Viúva, porém, honesta”, também de Nelson Rodrigues. Além de criar figurinos para os maiores nomes da música, como, recentemente, Ney Matogrosso.

Lino Villaventura (Foto: Leo Zingado)

Lino Villaventura (Foto: Leo Zingado)

Atualmente, Lino Villaventura intensifica a venda de seu prêt-à-porter em lojas segmentadas de diversas cidades brasileiras: Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre e de suas lojas próprias, nas cidades de São Paulo e Fortaleza. Fora do País o estilista tem suas roupas comercializadas na França, Portugal, Estados Unidos, Espanha, Rússia, Arábia Saudita e Dubai, nos Emirados Árabes.

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O trabalho de Lino Villaventura é reconhecido internacionalmente também pelos profissionais das áreas de design e artes plásticas. Em 1988, o Stedelijk Museum na cidade de  Amsterdan, adquire um vídeo de registro de vários trabalhos do estilista para seu acervo.

A identidade do estilista sempre lançou luz por misturar e destacar as texturas das peças. Como ele contou, esta é uma característica que o acompanha desde o início da carreira há mais de 45 anos, e tem uma explicação: “Eu não tenho preconceito com tecido e sempre fui de misturar vários. A dificuldade para conseguir bases existe há anos e não é isso que vai nos travar. Pelo contrário, foi por causa deste obstáculo que eu comecei a construir essa identidade de texturas na moda”.

Lino Villaventura (Foto: Leo Zingado)

O designer sempre frisou algo extremamente importante e que hoje se fala tanto: moda para diversidade de corpos. Villaventura dá ênfase ao reaproveitamento e a inteligência na hora de modelar para que os tecidos se tornem aliados na produção fashion. Em sua grife homônima, por exemplo, o estilista adota a ideia de roupas adaptáveis que, além de não se restringirem a um único manequim, ainda reaproveitam tecidos. “Nós estamos resgatando um trabalho de modelagem para conseguir usar melhor os tecidos. Então, para evitar que uma roupa fique presa a determinado tamanho, tenho feito pregas que aumentam a vestimenta. Isso faz com que o produto fique adaptável e não estacione”, reforça.

Lino Villaventura (Foto: Leo Zingado)

Com um coração lindo, o mestre dos mestres tem como premissa compartilhar a sua experiência. “Nosso objetivo é fazer com que os jovens aprendam a lidar também com as inseguranças de se fazer moda e tenham muita força de vontade. Eu, claro, tive as minhas inseguranças, mas eram diferentes. Essa nova geração têm angústias e medos diferentes. E, por isso, eu aprendo com todos eles também”.

Lino Villaventura (Foto: Leo Zingado)

Lino Villaventura (Foto: Leo Zingado)

O processo criativo de Lino é intuitivo e não tem fórmula mágica. Deixo aqui registrado mais uma análise importante: “Cada um é fruto do seu tempo, da sua cultura, do país no qual vive, das regiões em que mora. Eu vivi muitos anos no Nordeste, que é uma região muito rica culturalmente, depois bastante no Sudeste, ou seja, é uma mistura muito grande de influências no meu trabalho. É uma alegria criar com tanta diversidade nesse país. Nós não somos obrigados a sermos regionais, porque a simbiose faz parte do processo de criar”.

Lino Villaventura (Foto: Leo Zingado)

Depois da fila final, com a plateia ainda em êxtase, Lino Villaventura aparece em um grande telão na sala do desfile: “Bom, eu acho que vocês estão sentindo a minha falta no final do desfile, quando sempre agradeço muito feliz e realizado por ter cumprido uma missão que é muito importante para mim. Mas, a minha falta é por um motivo muito justo. As coisas acontecem na vida da gente sem previsão. Precisei me internar para um procedimento muito sério e não pude voltar para Fortaleza para realizar o desfile. Mas, eu e o Régis (Vieira) criamos e fizemos uma coleção especial para o DFB. Logo, logo, estarei de volta. O desfile foi na cidade que me acolheu, Fortaleza. Quero agradecer ao Claudio Silveira, idealizador do evento, e todos que contribuíram para esta realização. Vocês que estão prestigiando este desfile, o meu obrigado, sempre”, disse o paraense com alma cearense.

 

O DFB Festival 2024 é apresentado pelo Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura. Com apoio cultural da ENEL, realização da Associação Artesanias do Ceará e Empório Lokar. Apoio institucional da Secretaria de Turismo do Estado do Ceará e Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE), nos termos da Lei 13.811, de 16 de agosto de 2006.