DFB Festival: O macramê inovador na moda agênero de Vitor Cunha e a história de uma libélula na vida do designer


O estilista Vitor Cunha participa do DFB Festival, evento multiplataforma da sinergia entre moda, cultura, capacitação, empreendedorismo e música, realizado entre os dias 25 e 28 de maio, em Fortaleza (CE), e comenta sobre a importância do encontro para sua label autoral: “No ano em que o DFB Festival nasceu, em 1999, eu também nascia. Participo já há três edições, e quando entrei para o line-up, estava completando a mesma idade do evento. Isso é uma curiosidade, mas acredito que também seja um sinal do destino. É muito importante esse reconhecimento de que sou um dos rostos que carrega e mostra a moda autoral do Ceará para o mundo. Nasci e cresci em uma família humilde, que não podia me apoiar como gostaria, mas nem por isso deixei de correr atrás dos meus sonhos e persistir. E hoje estou no DFB, que me possibilita minha expressão através da moda, a cada coleção. É mágico estar nesse evento”

“No ano em que o DFB Festival nasceu, em 1999, eu também nascia. Participo já há três edições e, quando entrei para o line-up, estava completando a mesma idade do evento. Isso é uma curiosidade, mas acredito que também seja um sinal do destino”, revela o designer Vitor Cunha, 23 anos, que tem sua label homônima participando mais uma vez do DFB, o maior encontro da moda autoral da América Latina, realizado entre os dias 25 e 28, no Aterro da Praia de Iracema, na capital cearense. E Vitor evidencia o quanto o evento é um dos principais celeiros dos novos talentos da moda autoral: “É muito importante esse reconhecimento de que sou um dos rostos que carrega e mostra a moda autoral do Ceará para o mundo. Nasci e cresci em uma família humilde, que não podia me apoiar como gostaria, mas nem por isso deixei de correr atrás dos meus sonhos e persistir. E hoje estou no DFB, que me possibilita expressão através da moda, a cada coleção. É mágico estar nesse evento”.

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Vitor Cunha: “Na moda, eu vejo meu sonho se realizar e tenho a oportunidade de expressar aquilo que eu demoraria para explicar em palavras” (Foto: Arquivo Pessoal)

A label Vitor Cunha Autoral “nasceu do desejo de trazer, no vestir, aquela parte de nós que é única, singular, estranha e extraordinária. A parte que sempre quis mais do que vestir o corpo, mas vestir os detalhes de seu próprio “eu””. E foi a partir da produção de suas próprias roupas, que Vitor sentiu o reverberar das suas criações nas mais diversas pessoas. Sendo assim, ele resolveu criar moda para todes. “Ela é o resultado das minhas experiências. Como, por exemplo, a do dia em que estava em casa, trabalhando na nova coleção, mas ainda com insegurança, e uma libélula pousou no flanelógrafo onde ficam os pedidos dos clientes. Lembro que tinham poucos pedidos por conta da crise da pandemia. Fui tentar entender o significado da visita do inseto, e descobri que era sinal de felicidade, prosperidade e abundância. Estudei mais a fundo, e entendi muitas possibilidades através da libélula, que tem o ciclo de vida bem peculiar e curioso, me inspirando quase a uma dimensão utópica, em que ela alcança a evolução em um mundo só dela”, observa.

O designer Vitor Cunha e um modelo com peça da sua coleção que será apresentada no DFB (Divulgação)

Vitor Cunha e o modelo Lipe Capibaribe usando uma das criações do designer executada com a técnica artesanal do macramê (Foto: Viggo/Divulgação)

“Na coleção utilizamos boa parte de tecidos 100% algodão, planos em estamparias exclusivas, cordas para a técnica de macramê, malhas brilhosas que se transformam em viés para a confecção das peças artesanais. Além de tule e técnicas que serão reveladas apenas na passarela”, anuncia.

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A grife existe há quatro anos. Versátil e especialmente desenvolvida para atender qualquer corpo que não abra mão de exclusividade, conforto e qualidade, através de modelagens, cores e estampas atemporais e únicas. O handmade tem papel importante, já que inovação e ousadia na execução da técnica artesanal do macramé é marca registrada aqui, e se reinventa a cada nova coleção. “A moda autoral brasileira está em um caminho de progresso contínuo, porque a proposta é uma moda mais consciente, em que o consumidor final possa ter conhecimento e estar próximo do processo de produção daquilo que compra. Vemos essa preocupação se tornando mais recorrente a cada dia, e a discussão é necessária. As pessoas estão se preocupando mais e tendo mais interesse em saber sobre como as coisas são feitas, e sobre quem as faz, valorizando os processos e as mãos que os executam”.

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Antenado ao setor, suas inovações e desafios, o estilista pontua: “Minha dor é ainda ver a resistência de algumas pessoas ao consumo da moda autoral. Sinto que os consumidores precisam conhecer mais a arte contida nela para não comparar preços em um trabalho tão bem pensado. Mas, a delícia é que minha marca nasceu no momento em que eu mais precisava de apoio e foi nela que encontrei. Para mim, fazer macramê se tornou uma terapia, que me ajuda constantemente nos meus momentos de crises. Na moda eu vejo meu sonho se realizar e tenho a oportunidade de expressar aquilo que demoraria para explicar em palavras. Minhas maiores inspirações são minhas próprias vivências. Uso isso a meu favor, nas minhas criações, possibilitando que as outras pessoas possam adentrar neste universo”.

As peças com personalidade e história (Foto: Nicolas Gondim)

Fazendo parte de uma geração que já cresce ouvindo a importância da valorização do pensamento coletivo e de compartilhar atitudes em prol do  socioambiental, Vitor divide: “Valorizamos todos os envolvidos no funcionamento da marca, bem como damos preferência às matérias-primas de qualidade que resultem em um produto durável, justo e sempre versátil. Em nossas redes sociais incentivamos o consumidor a abrir a mente para combinações diversas, tanto das nossas peças entre si, quanto ao combinar peças do guarda-roupa. Isso faz as pessoas optarem pelas peças certas, em detrimento de modelos em grande quantidade”.