DFB Festival 2019 -“O Nordeste tem empreendedores natos e olhar para o social permeia o evento”, diz Claudio Silveira


Diretor e idealizador do DFB Festival conversou com o site HT durante vernissage no Museu da Fotografia, que deu o start às comemorações dos 20 anos da semana de moda e artes plurais do Nordeste

Diretor e criador do DFB Festival, Claudio Silveira agradece a presença do público na mostra de abertura

Diretor e criador do DFB Festival, Claudio Silveira agradece a presença do público na mostra de abertura

O site HT desembarcou em Fortaleza, capital do Ceará, para a maior semana de moda autoral e artes plurais do Nordeste, o DFB Festival, que será realizado até o dia 18 de maio, no Aterro da Praia de Iracema, um cartão-postal da capital cearense. Com um vernissage no Museu da Fotografia, o criador e diretor do evento, Cláudio Silveira, deu o start na noite de terça-feira à edição comemorativa dos 20 anos. “Acreditar em um sonho e alcançar credibilidade. Me sinto realizado”, frisa Claudio logo no início da nossa conversa. “A moda nacional é uma loucura. Eu demorei 20 anos para chegar onde eu cheguei e me sentir pleno ao ver o evento se tornar referência. Os últimos quatros anos representaram uma grande virada: estivemos no Centro Cultural da Dragão do Mar, estacionamos nossos sonhos no Terminal Marítimo de Passageiros e, agora, na praia símbolo do nosso estado. O evento cresce a passos largos (só para vocês terem uma ideia tem estrutura semelhante a uma festa de Ano Novo, que recebe 1,2 milhão de pessoas). Criamos um gigante dos mares”, ressalta.

Leia aqui – DFB Festival 20 anos: desfiles, shows, palestras, música e gastronomia no Aterro da Praia de Iracema

Léo Farias, Cláudio Silveira e Silvio Frota na mostra de abertura da edição comemorativa de 20 anos do DFB Festival

Ao longo dessas duas décadas, a moda brasileira passou por muitas mudanças e Fortaleza se manteve como um radar criativo. “Eu venho notando que precisávamos de algo diferente. Nós acreditamos na moda autoral, por isso apoio sempre pessoas que querem inovar. Estou realizando um DFB completamente diferenciado. Esse é o meu ideal a cada ano e o que fortalece as parcerias. Para se tornar um festival, percebemos que tínhamos que ter todas as estruturas de um grande evento e, por isso, criamos espaços de arte, palcos musicais e muito mais. Além disso, nesta edição, levanto uma bandeira da região e mostro que, mesmo com o intercâmbio com outros estados, temos orgulho de ser do Ceará”, comenta. Claudio acredita na força e na verve criativa do povo nordestino. “Eu acho que temos tanta criatividade, tanta gente bacana, tantos empreendedores natos… empatia, solidariedade, preocupação com o social são traços fortes dentro desse evento”.

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Quando perguntamos sobre o cenário da moda nacional, o criador do DFB Festival é enfático: “Tudo tem parecido tão igual, uma mesmice. É tudo muito uniformizado com a fast fashion. Eu converso muito com os estilistas sobre isso e sugiro que a criatividade venha sempre em primeiro lugar”, enfatiza, acrescentando: “Nossa intenção é dar voz ao estado do Ceará, manifestar o seu poder, e isso é muito importante para a manutenção dessa força criativa do handmade” contou o diretor.

A Mostra Grandes Olhares DFB+MFF que deu o start às comemorações de 20 anos do DFB Festival é uma oportunidade ímpar de trazer a cultura de moda, neste momento em que a cidade ferve criativamente. É a chance do público conferir o trabalho de ícones da fotografia mundial como Richard Avedon, Milton H. Greene, William Klein, e Horst P. Horst, entre outros, além de grandes nomes do Brasil, como Luiz Tripolli, Otto Stupakoff, Jacques Dequeker, Evandro Teixeira e o contemporâneo Leo Faria, com a série de imagens “Equals”, todas pertencentes ao acervo de Silvio Frota. “Nessa série eu discuto e critico a moda. Porque estamos vivendo num tempo em que a superexposição e as selfies são extremamente valorizadas. As pessoas se mostrando o tempo todo me causam um certo desconforto”, desabafa Leo Faria que fotografa street style há seis anos e considera que o íntimo perdeu espaço na vida das pessoas. “Quando eu vou para ‘as ruas do mundo’ clicar as pessoas são sempre as mesmas pessoas, só mudando de roupa. Por isso fiz uma seleção das imagens e pintei a pele das pessoas para mostrar que somos diversos, somos coloridos… Não importa a pessoas que está ali e sim o momento. É tão engraçado que quando eu pinto o corpo das pessoas, elas ficam tentando entender essa estranheza que a imagem causa”, completa.

Além da exposição montada exclusivamente para celebrar o aniversário do DFB Festival, o vernissage foi uma avant première do evento, promovida pela embaixadora da ação, Paulinha Sampaio, e contou com performance exclusiva do mineiro Leo Faria, que registrou modelos reais, vestindo as peças-jóias da Coleção “A Hora do Brasil”, assinada por Jum Nakao, que acabam de retornar de Londres, onde foram exibidas na embaixada brasileira, através de iniciativa do Sebrae/CE. As criações de Jum remetem à casulos com formas orgânicas que envolvem o corpo das modelos (as peças lembram o trabalho da magnífica Iris Van Herpen) em total simbiose com arte e moda.

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A Mostra promovida no Museu da Fotografia Fortaleza faz um link com a exposição que acontece no Aterro da Praia de Iracema, nas dependências do DFB, com curadoria de Maria Julia Giffoni e Thais Mesquita: DFB 20 Anos • 20 Olhares apresenta registros inspirados pelo evento, reunindo diferentes gerações de grandes fotógrafos do Ceará, como Delfina Rocha, Nicolas Gondim, Luis Moraes, Dan Aragão, Rafa Eleutério e Igor Cavalcante, entre outros. “Eu queria devolver o presenta ao Silvio Frota por ter me presentado com o esse maravilhoso espaço. Por isso fizemos essa mostra de abertura do evento e que irá rodar o Brasil todo em breve”, conta entusiasmado Claudio Silveira.