40 Graus: Os holofotes plurais da indústria calçadista lançam luz na direção dos lojistas e consumidores do Norte e Nordeste


Frederico Pletsch, o diretor da Merkator Feiras e Eventos, empresa promotora da mostra de calçados em Natal (RN), comemorou: “Temos depoimentos de empresários que estão fechando negócios para cerca de 30 a 40 dias de movimento nas esteiras. Estamos cumprindo a nossa missão de unir as duas pontas da cadeia”

Acompanhamos in loco a realização da quarta edição da 40 Graus – Feira de Calçados e Acessórios, na semana passada, no Centro de Convenções de Natal, no Rio Grande do Norte, promovida pela Merkator Feiras e Eventos (responsável também pelo Salão Internacional do Couro e do Calçado (SICC), o qual incrementa 70% das vendas anuais do setor que fatura anualmente R$ 26,8 bilhões, e Zero Grau – Salão de Tendências em Calçados e Acessórios, em Gramado, no Rio Grande do Sul) e constatamos: os ecos prometem reverberar diretamente no consumo final tornando-se essencial ao calendário nacional de eventos do setor. Indústrias calçadistas brasileiras estiveram presentes em exposição/negociação que reuniu mais de 240 marcas nacionais de calçados e acessórios e a feira se consolidou como catalisadora de vendas entre expositores e lojistas, estes últimos provenientes dos mais diversos estados das regiões Norte e Nordeste, cuja população hoje somada chega a 60 milhões de pessoas-consumidoras. O evento tem como objetivo renovação de estoques e vitrines com grande ênfase no Dia das Mães, 8 de maio, e nas Festas Juninas, mas vai além: a 40 Graus se tornou uma das grandes responsáveis por estreitar os relacionamentos de indústrias de todo o Brasil com lojistas de 16 estados das regiões Norte e Nordeste.

Leia aqui: a maior feira calçadista do Norte e Nordeste é catalisadora e fundamental para a relação entre os fabricantes e o varejo que comemoram uma produção costumizada especialmente para o público final.

Como tenho frisado após acompanhar outras edições, a sensação é única: com a 40 Graus, a indústria calçadista conseguiu entender o desejo do consumidor local, considerando as condições climáticas das regiões Norte e Nordeste. E, abrindo mão da ditadura das semanas de moda lançadoras de tendências, ela foi capaz de produzir novas coleções para lugares onde o Verão é a tônica quase o ano inteiro. E precisamos abrir um parêntese aqui, pois foi grande o número de lojistas que também desembarcaram em Natal vindos de Brasília. “Esta feira tornou-se fator preponderante ao calendário nacional de eventos do setor. Esta afirmação não é nossa. É dos empresários e dos profissionais que estiveram nos estandes”, destacou o diretor da Merkator Feiras e Eventos, Frederico Pletsch, e que investe no contato direto com o público varejista das regiões.

40 Graus: Os holofotes plurais da indústria calçadista lançam luz na direção dos lojistas e consumidores do Norte e Nordeste

Frederico Pletsch, diretor da Merkator, afirma que a 40 Graus se tornou fator preponderante para os lojistas e consumidores do Norte e Nordeste (Foto: Henrique Fonseca)

Roberta Pletsch, diretora de mercado da empresa promotora do evento, que coordena o trabalho de mapeamento do varejo especializado, ressaltou, ainda, que as visitas demonstraram o comprometimento de quem já passou por lá a participar do evento. “Neste mês, as visitas passaram por Pará, Paraíba e Pernambuco, depois de estarem no Ceará, na Bahia e em Sergipe. Tem sido um despertar para a importância do evento para toda a cadeia produtiva e de venda ao consumidor”, disse ela, que destacou: “Temos trabalhado para gerar esse relacionamento próximo com o lojista desses estados e garantir a presença sempre maior dos profissionais em nossa feira”. E isso de fato acontece: para a indústria, a expectativas é comprometer 40 dias de produção apenas com os pedidos feitos na 40 Graus. Frederico sempre lembra dois pontos importantíssimos como atrativos para os lojistas: além dos negócios, claro, o turismo agregado. “Esse é um conceito que está no DNA da Merkator desde a sua origem. As feiras que realizamos trazem isso consigo, e acreditamos que esse fator tem feito o sucesso de eventos como a 40 Graus”, nos contou em 2014 Frederico Pletsch.

Este slideshow necessita de JavaScript.

A forte presença dos lojistas, alguns com até 150 filiais, é fruto do trabalho de aproximação feito pela Merkator. A diretora de mercado da Merkator Feiras e Eventos, Roberta Pletsch, explicou que a visita às lojas das grandes cidade e do interior e o contato direto com os profissionais foi fundamental para despertar a vontade de os comerciantes conhecerem e fecharem grandes negócios durante o evento. “Estamos ampliando nosso conhecimento sobre as realidades e as expectativas desses lojistas. Estabelecemos contato direto com os profissionais, explicando o objetivo da feira e a importância que ela pode atingir para este mercado, servindo também como ponto de encontro setorial, com troca de informações e de experiências. Realmente, esse trabalho é um despertar para a importância da feira”, disse. Endossando a opinião de Roberta, Frederico destacou que o evento está consolidado como o grande fornecedor do varejo segmentado do Norte e do Nordeste: “Estamos felizes, porque o lojista está saindo daqui com compras para as principais festas de suas regiões, e o calçadista garante uma produção que vai movimentar a sua fábrica. Temos depoimentos de empresários, dependendo de sua capacidade de produção, que estão fechando negócios para cerca de 30 a 40 dias de movimento nas esteiras”, ressaltou.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Aliás, nem mesmo a crise econômica foi capaz de atrapalhar o movimento: “Esta edição foi difícil de montar, devido ao momento econômico que o país atravessa, mas as expectativas se reverteram quando começamos a ter contato com os profissionais destas regiões, que nos mostraram um caminho invertido daquele que o Sul e Sudeste do país sentem. Estamos felizes com o resultado final”, comemorou Frederico, lembrando que a realidade de consumo no Norte e Nordeste é vista de uma forma bastante diferente do Sul e Sudeste, por exemplo “Aqui, as pessoas encaram o período como difícil, mas têm mais esperança em uma superação e menos pessimismo. A recessão econômica pegou a todos, mas o nortista e o nordestino parecem mais confiantes no que vem pela frente. Na crise é preciso de reinventar. Fiquei tão contente com o trabalho desenvolvido corpo a corpo com lojistas que decidi implementar esta iniciativa em todas as outras feiras, a começar o périplo pela região Sul”. Frederico tem comentado sempre em suas entrevistas com a imprensa que a crise no Brasil é mais política e que a recessão da economia é à nível mundial. E que empresas mil têm aumentado as exportações em função do poderio do dólar e a facilidade de muitos países comprarem nossos calçados. No entanto, muitas indústrias fecharam as portas, mas seus donos pensam em retomar os negócios em função da alta do dólar e o reflexo positivo nas exportações brasileiras.

Para os expositores, muitos da região Sul do país e outros de estados como São Paulo (Birigui e Franca) e Minas Gerais, além do potencial de consumo de varejo, a oportunidade de conhecer novos lojistas e estreitar laços foi animadora. “Feiras regionais estão com muita importância no mercado. Possibilitam um maior entendimento entre o representante e o lojista. E o resultado disso são bons negócios”, analisou Géssica Mirela Moraes, do marketing da Grendene de Faroupilha (RS). Guilhermo Maier, do Marketing da Alpar do Brasil (SP), que levou marcas como Adidas, Nike e Mizuno para a 40 Graus, contou que a feira contribuiu de forma decisiva para o faturamento de sua empresa, além, é claro, de ter sido responsável por gerar muitos contatos. “Essa é uma das riquezas dessa feira. Este é o nosso segundo ano e tínhamos como meta dobrar o faturamento do ano passado”, disse.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Em sua primeira vez na 40 Graus, Cristiano Júnior, da marca feminina Ana Flor, de Nova Serrana (MG), saiu satisfeito: “Certamente vou voltar para ampliar minha carteira de clientes”, adiantou. O desempenho da feira superou as expectativas gerais. “O lojista do interior veio em peso. Tivemos muitas visitas que foram decisivas para as nossas vendas. Em nossa avaliação, a 40 Graus é uma feira de lojista que deseja definir seus estoques”, comentou Adriana Rinaldi, gerente comercial da Freeway, de Franca (SP), que comercializou muitos sapatênis, botas – femininas e masculinas – e docksiders. Márcio Linden, gerente de vendas da Kildare, de Novo Hamburgo (RS), ressaltou o bom desempenho das marcas tradicionais. “O lojista comprou de marcas conhecidas, pois quer ter a certeza de um resultado positivo com as vendas nos balcões das lojas”, analisou.

Este slideshow necessita de JavaScript.

As indústrias do Espaço Coletivo Três Coroas Making Shoes, projeto responsável por levar empresas de pequeno e médio porte para a feira, abrindo novos mercados, também comemoraram. Esse ano, quem dividiu espaço por lá foram Bellíssima, Rio Couture e Vanittà, de calçados femininos, Monferraro, de bolsas e acessórios, e Rubra, de peças masculinas. Além da comercialização, as indústrias tiveram a oportunidade de estreitar relacionamento com lojistas, abrir contato com novos clientes do outro lado do país e, claro, ouvir o retorno das coleções. Todas elas tem algo em comum: já têm experiência em participar de eventos empresariais, já que participaram de edições das feiras realizadas pela Merkator, o SICC – Salão Internacional do Couro e do Calçado, e a Zero Grau – Feira de Calçados e Acessórios em projetos semelhantes. A iniciativa coordenada pelo Sindicato da Indústria de Calçados de Três Coroas conta com parceria da Prefeitura Municipal da cidade, que subsidiou os custos, e da Merkator Feiras e Eventos, que conseguiu valores diferenciados para a indústria. Werner Muller Junior, presidente do sindicato, acredita que as feiras abrem um caminho de crescimento contínuo na história dessas indústrias. “O desejo é promover justamente o aumento da carteira de clientes destas empresas e possibilitar um crescimento sustentável baseado na aquisição de novos clientes em mercados que mostram a possibilidade de crescimento contínuo”, disse.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Pedro Kaiser, diretor da Dian Pátris, empresa de calçados femininos de Igrejinha (RS), acredita que o sucesso geral deve-se, em grande parte, ao crescimento no número de lojistas. “O movimento nos surpreendeu nestes dias e isso incrementou as nossas vendas. Já no primeiro dia vendemos mais que todo o volume praticado na feira do ano passado”, contou ele, que atendeu lojistas de todos os portes vindos do interior ou da capital dos estados. “Recebemos as grandes redes das regiões Norte e Nordeste e lojistas com número reduzido de pontos, mas que garantem o abastecimento de importantes comunidades”, disse. Motivo de comemoração para Frederico Pletsch: “Estamos cumprindo a nossa missão de unir as duas pontas da cadeia”, destacou. E como!

Houve até quem idealizou uma coleção com referência aos animais como a ColorBe, de Nova Hamburgo, sabendo que o verão pode durar o ano inteiro e para a praia é incrível estar com mil pets em um jogo bem legal.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Os lojistas vêem na 40 Graus a chance perfeita de renovar os estoques do comércio especializado com calçados masculinos, femininos, infantis, esportivos e acessórios que serão vendidos ao longo de todo o primeiro semestre. O que mais atrai são as novidades produzidas pelas principais marcas do país e pensadas especialmente para o público das regiões Norte e Nordeste. “O mercado consumidor no Norte e Nordeste tem crescido, somos o segundo, estamos chegando a quase 20% do consumo nacional de moda, principalmente no feminino. A mulher no Nordeste tem buscado a moda, quer se atualizar cada vez mais. Por isso, é muito interessante termos um evento como esse para nossa região”, disse Eliézio Bezerra, lojista de Campina Grande (Aluísio Fashion) e integrante da diretoria da Associação Brasileira de Lojistas e Calçados.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Eliézio destacou, ainda, o fato de não precisar viajar para ver as tendências. “Há tempos atrás, era mais complicado, porque tínhamos que nos deslocar ao Sul. É legal mostrar a força do Norte e do Nordeste e a necessidade das feiras regionais. Tem sido muito bom ter a oportunidade de sair na frente na moda, de nos atualizamos, já que as marcas vem ate nós agora”, comemorou ele, que acha que a crise econômica gera oportunidades. “O lojista tem que se adequar à crise em todo o mercado, no geral, e no de calçados também não é diferente. Não estamos deixando de trabalhar com marcas boas, mas os lojistas e fabricantes estão vendo necessidade de refletir. O ponto de venda tem que trabalhar o máximo, as fábricas estão entendendo isso e fazendo produtos de moda com custo mais barato. Com a alta do dólar, o produto nacional está podendo sobressair, já que a importação ficou complicada”, explicou.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Claudeci Luart, dono da Luart Calçados, no Distrito Federal e em diversas cidades de Goiás, foi conferir a feira de perto. “A 40 Graus é muito importante. É bom ver o que está acontecendo, as tendências, sair na frente. Os clientes querem novidades sempre. O Dia das Mães está chegando e é um mês ótimo, no qual as vendas dobram. Só perdem para o Natal”, contou ele, que garantiu: não sente a crise na Luart. “Claro que o país está em crise, todo mundo tem passando dificuldades, mas se você tem novidades, se está atento, consegue fazer o cliente ter interesse por algo novo. A Luart não sente a crise, porque estamos sempre lançando produtos, viajando, incentivando as pessoas a olhar para os produtos”, explicou. E ele sabe o que diz: começou a trabalhar há 15 anos como vendedor de loja de calçados e, atualmente, tem 31 lojas espalhadas pelo Distrito Federal e Goiás. “São fruto de determinação. Acompanho todas as feiras do país, vejo tendências, o que está passando. Comprar é consequência. Mas estou atento”, ensinou.

Claudeci, aliás, é o responsável pela promoção que ficou famosa no “Balanço Geral”, da Record, quando saiu pelas ruas premiando com R$ 1 mil todo mundo que encontrasse andando com as sacolas de sua marca. “Eu criei uma sacola e, quando vejo as pessoas andando com ela na rua, dou o prêmio. Isso incentiva. Se eu encontrar minha sacola em qualquer lugar da cidade, eu pago R$ 1 mil. As pessoas gostam de ganhar prêmios, eu ajudo elas. Todo mundo quer andar com minha sacola e só se fala dela”, contou ele, que compra seus produtos em grandes quantidades. “A 40 Graus tem muito potencial para o público de Brasília. Se tornou uma feira de grande importância aqui em Natal, que conjuga turismo com business e deve ser incentivada”, ressaltou.

Edina Medeiros, lojista da Charme Calçados, em Timbaúba (PE), destacou a localização – que diminiu os custos de deslocamento – e as novidades da 40 Graus. “Sempre encontramos o produto certo. E também a feira acontece em Natal, uma cidade centralizada aqui na região e com capacidade de receber bem os lojistas. É uma feira bem profissional que privilegia o lojista. Isso é muito bom”, disse.

Aliás, a feira funciona também como plataforma de lançamento das coleções para as marcas participantes, caso da Usaflex, Calvest, Lynd, Fasolo, Rafitthy, Ferricelli, Nina & Rô, Palterm, Rafarillo, Itapuã, Via Scarpa, Via Jupiter, Alto Estilo, Klassipé, Grendene, Dian Pátris, Beira Rio, Moleca, Molekinha, Modare, Vizzano, Kalce, Bárbara Krás, Mariotta, Freeway Easywear , Dakota, Klin, Pipper, Tchocco e Adrun.

Este slideshow necessita de JavaScript.

De fato, as necessidades e expectativas dos lojistas do Norte e do Nordeste são pesquisadas tão a fundo que as projeções da indústria calçadista cresce na época do evento. Se o Norte e o Nordeste, por si só, são um forte polo de produção calçadista – com mais de 600 indústrias que geram mais de 100 mil empregos na produção de calçados e acessórios – a 40 Graus, em sua quarta edição, consolida os dados.

Este slideshow necessita de JavaScript.

“É uma região que se afirmou como produtora. Atualmente o Ceará é o segundo maior estado exportador do Brasil. É importante que essa indústria tenha contato direto com o varejo”, destacou Frederico Pletsch. Vale lembrar que, nos últimos anos, as duas regiões foram o motor do crescimento do consumo em todo o país. É por isso que a 40 Graus tem atraído as maiores marcas brasileiras que visam essa sintonia com o consumidor local. “Para as empresas do Sul do país esse momento de troca com o lojista local é fundamental. É na feira que essa relação vai ser estreitada para, logo ali na frente, também se transformar em vendas”, contou Frederico.

Frederico Pletsch já de olho na 40 Graus 2017 depois dos resultados positivos colhidos em Natal, no Rio Grande do Norte (Foto: Henrique Fonseca)

Frederico Pletsch já de olho na 40 Graus 2017 depois dos resultados positivos colhidos em Natal, no Rio Grande do Norte (Foto: Henrique Fonseca)

A 40 Graus conta com o apoio do Sindicato da Indústria de Calçados de Estância Velha, Sindicato da Indústria de Calçados de Ivoti, Sindicato da Indústria de Calçados de Igrejinha, Sindicato da Indústria de Calçados de Novo Hamburgo, Sindicato da Indústria de Calçados de Parobé, Sindicato da Indústria de Calçados de Sapiranga e Sindicato da Indústria de Calçados de Três Coroas. A Merkator Feiras e Eventos e os sindicatos realizam anualmente também o Salão Internacional do Couro e do Calçado – SICC, e a feira Zero Grau – Salão de Tendências em Calçados e Acessórios, ambas em Gramado, nos meses de maio e novembro respectivamente.