Exclusivo – ‘Quem diz que não sabe o que é a novela ‘Os Dez Mandamentos’ é porque tem preconceito’, diz Babi Xavier


Intérprete de Taís na trama bíblica que faz sucesso histórico na Record, atriz fala sobre a união da equipe da novela e defende: “As pessoas têm que parar com esse preconceito bobo de que a Record é ‘empresa de evangélico’”

Babi Xavier assistiu à histórica cena da abertura do Mar Vermelho, da novela “Os Dez Mandamentos”, da Record, abraçada com a filha na sua casa, em Niterói, sua cidade natal e para onde decidiu voltar há dois anos para criar Cinthia em um ambiente mais tranquilo que o Rio. “(A cena) foi emocionante demais. Eu e a Cinthia vibramos! Sou muito agradecida pela sorte que tive de ser escalada para uma produção que fez essa história toda”, nos contou a atriz, que neste ano completa 22 anos de carreira – nove deles trabalhando na dramaturgia da Record.

Babi Xavier nos bastidores de "Os Dez MAndamentos" (Foto: Reprodução/ Instagram)

Babi Xavier nos bastidores de “Os Dez Mandamentos” (Foto: Reprodução/ Instagram)

E Babi é só elogios para estrutura e equipe da emissora, especialmente a da novela que garantiu um recorde de audiência histórico na noite dessa terça-feira, quando, durante o capítulo que exibiu a abertura do Mar Vermelho, marcou 27,8 pontos de média com 30,6 de pico na audiência – enquanto a Globo foi vice-líder na faixa, com 19,4 pontos.

Em uma longa e deliciosa conversa com o Site HT, Babi fala sobre o sucesso da trama bíblica, o clima nos bastidores das gravações, projetos para o futuro, a maturidade e o desejo de voltar a trabalhar como apresentadora. Confira:

  • O sucesso de “Os 10 mandamentos”

“O que pude perceber ao longo desse trabalho foi que, quem não sabe o que é a novela ‘Os Dez Mandamentos’ é porque tem preconceito. Não quis se informar ou assistir para saber como é e só então tirar uma conclusão. Ainda mais neste cenário onde a informação está mais democrática do que nunca, você pode acessá-la em qualquer lugar e tem que pelo menos saber o que é e experimentar.”

“Foi muito interessante ver como esse trabalho uniu as pessoas, que se encontram e comentam sobre os capítulos no mercado, na rua, papo no elevador, é aquela coisa meio Copa do Mundo. Só recebi vibe boa do público na rua, foi demais. E esse momento tecnológico que a gente está vivendo também contribuiu para o sucesso, porque as pessoas têm acesso à novela pelo celular e podem assisti-la mesmo quando estão no ônibus, por exemplo. O público vai para cima mesmo e usa todos os dispositivos possíveis para não perder um capítulo.”

  • A união da equipe de “Os Dez Mandamentos”

“Posso falar com tranquilidade que, de todas as empresas que eu conheci, sucesso e envolvimento tão grandes de toda a equipe eu só tinha visto em ‘Avenida Brasil’. Foi maravilhoso ter um produto que chega nesse tom de alinhamento e envolvimento. Pode até ser que a partir de ‘Os Dez Mandamentos’ as outras empresas revejam suas posturas e o relacionamento entre os profissionais.

Sempre ouvi falar que, desde quando a Record começou a fazer novelas, lá em 2005, com ‘Prova de Amor’, que na época até disputava com a minha novela na Globo, ‘Bang Bang’, os profissionais já tinham esse comprometimento. Uma coisa muito legal que encontrei lá é ver o câmera que conversa com você para que a cena dê certo, o produtor que conversa com você pra que a cena dê certo. Todo mundo se trata bem, todo mundo está realmente no mesmo barco.”

“Criamos perfis da novela no Twitter, Facebook e Instagram ainda no início da preparação do elenco e ficou provado que a gente tem uma força digital muito grande, temos até a hashtag #JuntosSomosMelhores. Tomara que dentro da Record de outras emissoras, na Globo, no SBT, as pessoas tenham essa união em cada trabalho. Porque não interessa o que você fez ontem ou vai fazer amanhã, interessa o que está fazendo agora e todos são importantes para fazer um bom trabalho.”

 

  • O diretor Alexandre Avancini e a cena do Mar Vermelho

“Não sei como o Avancini conseguiu coordenar tudo isso (risos). Foi preciso aprovar cada passo, gravar uma parte, viajar para fazer os efeitos, voltar e gravar outro trecho, fazer storyboard… Enfim, um longo processo. Ele foi pra Los Angeles várias vezes, até para pedir para a equipe dos estúdios Stargate (responsável pelos efeitos especiais de produções internacionais renomadas, como a série ‘The Walking Dead’) refazer alguns detalhes. Isso é muito legal. Temos um diretor geral com um nível de dramaturgia que discute de igual para igual com quem trabalha na meca do cinema mundial.”

  • A segunda temporada de Os Dez Mandamentos

“Quem decide se haverá ou não uma segunda temporada é a direção da emissora, mas seria ótimo se isso acontecesse realmente. Existem muitos eventos bíblicos até a real entrada na terra prometida que precisam ser contados. ‘Os 10 Mandamentos’ vai até a passagem do Bezerro de Ouro, ainda tem a Revolução de Corá, que pode ser um entremeio, uma ligação pra conseguir contar a história de Josué, que na verdade se chama Oseias (papel de Sidney Sampaio).

Acho que seria legal contar essa história do Josué, porque ele era muito guerreiro, e haveriam muitos conflitos com vários povos até a chegada em Canaã. Muitas cenas de guerra e, por mais que eu fizesse parte do núcleo egípcio na novela, gostaria de voltar para fazer cenas de guerra. Tenho muita vontade de trabalhar com ação, correr, pegar armas, saltar de carros em movimento, cenas de luta. Ter o meu momento Diadorim (personagem de Bruna Lombardi em ‘Grande Sertão: Veredas’). Já falei com o Avancini que topo fazer qualquer mudança física que seja necessária para participar de outro núcleo.”

  • “As pessoas têm que parar com esse preconceito bobo de que a Record é ‘empresa de evangélico’”

“Eu vejo o (Bispo) Macedo como um empresário que tem a fé dele, tem o público dele nessa questão da fé e tem outros negócios, incluindo a Record, um canal de rádio e várias empresas. Ele está conduzindo tudo isso, e conduzindo bem.  Lá dentro da Record não existe essa separação ou doutrinação religiosa, a gente nem tem tempo pra falar sobre isso, é muito trabalho! (risos)”

“Acho que a Record tá em seu melhor momento como televisão. E acho isso muito bom porque os canais abertos no Brasil estão fazendo programas de qualidade. Antes você assistia à Globo e era isso. Agora existem bons programas na Globo, na Record, no SBT, na Band… É possível assistir TV aberta na boa. A gente tem que começar a abrir os horizontes porque isso é bom para o público e pra nós que trabalhamos nesse meio, que temos a oportunidade de fazer um trabalho bom em vários canais. É o mar se abrindo no nosso meio. (risos)”

Superprodução: cenário do Templo da trama bíblica (Foto: Reprodução/ Instagram)

Superprodução: cenário do Templo da trama bíblica (Foto: Reprodução/ Instagram)

  • Retorno de “Plano Alto” em 2016

“No ano que vem deve ser gravada a segunda temporada de ‘Plano Alto’, uma minissérie que fez muito sucesso de crítica. Era numa faixa de horário mais tarde que a de “Os Dez Mandamentos”, então o grande público, que acorda muito cedo, não conseguia assistir. Mas é um trabalho que merece salva de palmas, foi incrível. Na trama eu faço uma deputada que era relatora da CPI e vai ter uma participação mais efetiva nessa próxima temporada. A gente deve gravar e exibir até o final do primeiro semestre de 2016. “

“A dramaturgia é muito importante, ela faz um canal de TV. Porque o público liga no canal antes de começar a novela ou série e assiste o final do programa anterior. Quando o capítulo acaba, assiste um pouco do programa que vem em seguida e assim vai descobrindo o canal, a programação.”

  • O desejo de voltar a trabalhar como apresentadora
Babi Xavier quando começou a trabalhar como apresentadora na MTV (Foto: Divulgação)

Babi Xavier quando começou a trabalhar como apresentadora na MTV (Foto: Divulgação)

“Desde que entrei na Record tenho vontade de apresentar um programa. Estou lá há nove anos trabalhando só com dramaturgia e sempre tentei ampliar meu contrato para também ser uma profissional à disposição para apresentar o que pintar.

Nesses nove anos, já fui três vezes à direção, que fica em São Paulo, me colocando à disposição e para lembrar que sou uma profissional que também apresenta. Inicialmente minha profissão é a de atriz, foi assim que comecei, mas minha maior experiência é apresentando, trabalhei com isso por oito anos seguidos em canais diferentes. Minha faculdade, mestrado e doutorado como apresentadora estão garantidos. (risos)

Tenho contrato com a Record até final de agosto de 2016. A hora que me chamarem, seja para fazer um quadro ou um programa inteiro, eu topo. Em todos esses anos de carreira eu aprendi que não importa onde eu moro e não importa o tamanho do que eu estou fazendo, desde que eu esteja fazendo o bem e que esteja de acordo com o meu caminho. E acho que todos os trabalhos que eu já fiz foram decentes, foram do bem.”

  • Babi e a filha Cinthia, de 4 anos (Foto: Reprodução/Instagram)

    Babi e a filha Cinthia, de 4 anos (Foto: Reprodução/Instagram)

    Carreira, maturidade e aprendizado

“Tenho 22 anos de carreira e, há alguns anos, eu tirei o meu tempo. Vivi aquela fase de ter muita popularidade, aprendi bastante sobre mim e os outros, me retirei estrategicamente e continuei atuando. Atuar me fez aprender muito sobre o ser humano, porque o trabalho do ator parte desse princípio, estudar personagens é, consequentemente, estudar o ser humano.”

“Desde que tive meu contrato encerrado com o SBT, eu casei, fiz uma família, tive a minha filha, que é muitobem criada, e descasei. Não sei o que teria sido de mim, se estaria bem como estou hoje, se as coisas não tivessem acontecido desta forma. Hoje estou mais pé no chão, estou tranquila para abrir mão de coisas, negociar. Sou muito mais maleável – e não sei se isso é só consequência da maturidade, porque tem muita gente que passa pela vida sem evoluir.”