O que você deseja para a cidade em que vive? Famosos refletem e dividem conosco às vésperas das eleições


Neste domingo (15) 5.568 municípios do Brasil vão eleger prefeitos e vereadores. O site HT quis dar espaço à pluralidade e ouviu dos atores Lázaro Ramos e Thiago Martins, da escritora e influenciadora Alexandra Gurgel, e das atrizes, Isadora Ribeiro, Larissa Nunes e Camilla Camargo, o que precisa ser melhorado para que o lugar em que vivem seja mais inclusivo? Vem saber!

*Por Brunna Condini

Hoje é dia das eleições municipais que vão eleger prefeitos e vereadores no Brasil todo – com exceção do Distrito Federal que não tem prefeito e nem vereadores –, cerca de 147,8 milhões de eleitores se preparam para votar, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas eleições em meio à pandemia também exigem cuidados especiais, como por exemplo, o uso obrigatório de máscaras de proteção, de álcool gel para limpar as mãos antes e depois do voto. O TSE também orienta o cidadão a levar sua própria caneta para assinar o livro de votação.

E, desde sempre, muito se fala sobre votar consciente. Mas o que seria isso? Entre as recomendações do próprio Tribunal Superior Eleitoral está a importância da escolha dos candidatos com cuidado e o respeito a quem pensa diferente. E também a necessidade de conhecer o histórico de quem se candidata, bem como checar dados sobre o partido político ou coligação, as propostas e os recursos utilizados em campanha. Nós, do site HT, também quisemos ouvir de alguns artistas, o que eles acreditam que a cidade em que vivem necessita, como pode se transformar e que desafios quem for eleito vai enfrentar em consequência disso.

Lázaro Ramos mora no Rio de Janeiro há 16 anos com Taís Araújo e os filhos João Vicente, 9 , e Maria Antonia, 5. O ator reflete sobre o que quem se candidata deveria estar atento. “Acho que o Rio precisa de uma liderança que goste de todos os aspectos da cidade. Mesmo aqueles que não são do cotidiano deles mesmos”, diz o baiano. “Alguém que enfrente com competência a violência que nós vivemos e que também entenda, que o que move a economia do Rio é ser uma cidade tão diversa: em culturas, manifestações artísticas. É uma cidade que produz tanto a música que toca no Theatro Municipal, quanto a música mais popular que toca nos subúrbios, por exemplo”.

“Precisamos de alguém que enfrente com competência a violência que nós vivemos e que também entenda, que o que move a economia do Rio é ser uma cidade tão diversa” (Divulgação)

Isadora Ribeiro acredita que alguns desejos para que o Rio de Janeiro seja uma cidade melhor para viver e mais inclusiva até podem parecer uma utopia, mas não deveriam ser: “Gostaria que existissem leis mais duras contra os corruptos. E também que os nossos policiais fossem melhor remunerados e treinados”, diz a paranaense radicada por aqui há três décadas. “E tem a questão da educação. Deveriam ter mais escolas e creches em tempo integral. Tudo acessível e gratuito. Além de mais vagas nas universidades públicas. Entre si, as pessoas também deveriam ser mais educadas e as autoridades também, no trato diário”, salienta a atriz.

“Deveriam ter mais escolas e creches em tempo integral. Tudo acessível e gratuito. Além de mais vagas nas universidades públicas” (Reprodução)

O que será do amanhã?

Mais do que dividir desejos de transformação e melhoria para a cidade em que vive, a jornalista e escritora Alexandra Gurgel, acentua suas escolhas diárias para uma vida melhor. “Seria muito ousado da minha parte falar o que seria o futuro da cidade, ainda mais no meio de uma pandemia. Porque a gente não sabe o que vai ser o futuro, a gente não tem noção, ideias e projeções. Eu sou carioca, mudei para São Paulo em 2017 e, no meio da pandemia, decidi me mudar para Brasília. Foi uma decisão tomada com o objetivo de buscar mais qualidade de vida. Eu percebi que em São Paulo eu não teria a qualidade de vida que eu estava desejando”, revela a fundadora do Movimento Corpo Livre.

“Acho que as cidades precisam ser mais convidativas. Menos concreto, mais espaços abertos, onde a gente tenha ar puro” (Divulgação)

“Acabei indo para uma cidade em que nunca pensei em morar. Em Brasília, muita coisa mudou no meu estilo de vida. Estou, agora, em São Paulo a trabalho e parece que em Brasília o tempo passa de outra forma, tudo corre de outro jeito. Porque quando a gente está bem, as coisas deixam a gente bem. Eu decidi que minha qualidade de vida é essa: passar meu dia a dia em um lugar onde tenha barulho de passarinho, arara, cachorro… Eu só escuto bicho! Acho que o novo hype, que estou sentindo até de outras pessoas. É sair da cidade, sair dos grandes centros. É ter fácil acesso aos centros da cidade, mas morando mais afastado. Estamos em um momento em que muitas pessoas estão ficando em casa, trabalhando em casa, então a gente começou a valorizar mais onde moramos do que as facilidades que a cidade onde a gente vive pode oferecer. Eu botei isso na balança e o que pesou na mudança foi realmente a qualidade de vida. E isso teve impacto no meu casamento, porque foi uma decisão em conjunto. Eu me sinto mais criativa em meus conteúdos. É muito difícil falar qual seria o futuro da cidade. Acho que as cidades precisam ser mais convidativas. Menos concreto, mais espaços abertos, onde a gente tenha ar puro. Estamos falando tanto de respirar, de liberdade, de ar, de céu. A gente precisa de mais céu aberto, de mais gente olhando para ele e menos gente olhando para um teto fechado. Porque isso a gente já viu que talvez não seja mais o novo normal. A gente ainda tem muita coisa para viver, para entender o que vai ser o futuro. Estamos vivendo e aprendendo”, reflete.

“É muito importante saber usar o voto. Dos candidatos que escolhi, espero menos corrupção e mais oportunidades” (Divulgação)

Outro carioca, que morou no morro do Vidigal até 25 anos (ele está com 34 hoje), é Thiago Martins, que terminou de gravar ‘Amor de Mãe’, na TV Globo, recentemente – a novela foi interrompida com a pandemia e só volta em 2021. O ator acha que domingo vamos ter uma oportunidade de exercer nosso direito de escolha, pensando nas mudanças que a cidade precisa. “É muito importante saber usar o voto. Dos candidatos que escolhi, espero menos corrupção e mais oportunidades. Temos que prestar à atenção no que está acontecendo e em quem vai nos representar”, alerta.

Por mais interesse público real

Aos 24 anos, a atriz Larissa Nunes, uma das protagonistas da segunda temporada da série ‘Coisa mais Linda’, na Netflix, é atenta e engajada nas lutas do seu tempo. E acredita em transformações baseadas em trabalho permanente e durável. “A cidade de São Paulo precisa de menos corporativismo disfarçado de preocupação social. Precisamos de pessoas, de verdade, articulando mudanças na saúde, na desigualdade, na educação e em todos os outros acessos”, analisa a paulista de Santana, Zona Norte da cidade.

“A cidade de São Paulo precisa de menos corporativismo disfarçado de preocupação social” (Divulgação)

“Acho que a população toda está cansada de promessas e em um ano como o nosso, todas as coisas precisam ser radicais, inclusive a empatia pela população. Eu acredito em políticos que não confundem interesses da burguesia com os interesses do povo. Espero que São Paulo saiba escolher quem realmente se preocupa com as pessoas da cidade”, torce Larissa.

“Eu espero que quem se eleja tenha consciência, integridade e comprometimento com a população. Que eles governem para todos” (Reprodução)

Grávida de 22 semanas da filha Julia e morando em São Paulo com o filho Joaquim, de 1 ano, e o marido Leonardo Lessa, Camilla Camargo refletiu ainda mais durante o isolamento social sobre a necessidade da sociedade se integrar e se unir, lembrando que nossos atos e escolhas afetam o coletivo. “Eu espero que quem se eleja tenha consciência, integridade e comprometimento com a população. Que eles governem para todos”, diz Camilla. “Acompanho os acontecimentos da política. Acho importante estarmos atentos às notícias e a tudo que acontece, para que nosso voto seja o mais consciente possível. Vejo com tristeza a polarização quando ela se mostra de forma desrespeitosa, ofensiva ou opressora, como infelizmente vemos acontecer. Por outro lado, tento ver com bons olhos o aumento do interesse das pessoas por matérias e notas sobre política. Comparando há 10 anos, acho que percebemos um interesse maior de forma geral sobre o tema”.