“Não fico cultuando minha juventude”, comenta Claudia Ohana


Belíssima aos 57 anos, a atriz garante que está bem consigo mesma e fala sobre sempre ter sido considerada um símbolo sexual: “No começo, pensava que não iriam me levar a sério. Hoje em dia, eu curto. Acho engraçado ser vista como símbolo sexual, mesmo aos 57 anos”, explica. “Já passei por situações de assédio, mas nunca me intimidaram. Sempre me coloquei. Tenho atitudes de uma mulher livre, empoderada, feminista e feminina”

*Por Simone Gondim

Cheia de atitude, Claudia Ohana chega aos 57 anos orgulhosa de sua liberdade e independência.”Fui criada por uma mulher empoderada e feminista, me sustento sozinha desde os 15 anos. Nunca nenhum homem mandou em mim”, conta. “Faço o que quiser e fico com quem eu quero, desde que a pessoa também me queira, claro”, afirma, às gargalhadas.

E não é de hoje que a atriz não segue os tais padrões impostos pela sociedade. Capa da revista “Playboy” em 1985, ela viu seu ensaio entrar para a história por causa de um detalhe: a falta de depilação. “É engraçado que isso tenha ficado. O mito cresce. Na época, ninguém falou no assunto. Era apenas eu sendo eu”, diz. Sobre os movimentos feministas do século XXI que defendem o crescimento dos pelos, ela ressalta que as mulheres não podem ser ditadoras. “Vamos passar para outra fase, porque as mulheres já queimaram sutiãs. Depila se quiser, a não ser que seja um protesto. Aí, vamos juntas. Solidariedade é sair em defesa de outras mulheres”, argumenta.

“Faço o que quiser e fico com quem eu quero”, afirma Claudia Ohana (Foto: Denise Leão)

Com carinha e corpo de menina, Claudia aposta na simplicidade para manter a forma. Hábitos como cuidar da alimentação, beber muita água e se exercitar fazem parte da rotina da bela. “Tenho rituais para comer, dormir… Não marco reuniões na hora do almoço e detesto que me chamem para comer em um primeiro encontro”, revela. “Bloqueio o celular entre 22h e 9h para descansar bem. E dou muita importância ao intestino”, complementa.

O rostinho bonito e o shape com tudo em cima deram à atriz a fama de símbolo sexual. O título, que incomodava um pouco no passado, atualmente diverte. “No começo, pensava que não iriam me levar a sério. Hoje em dia, eu curto. Acho engraçado ser vista como símbolo sexual, mesmo aos 57 anos”, explica. “Já passei por situações de assédio, mas nunca me intimidaram. Sempre me coloquei. Tenho atitudes de uma mulher livre, empoderada, feminista e feminina”, acrescenta.

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Mãe de Dandara e avó orgulhosa de Martim e Arto, Claudia Ohana lida bem com a passagem dos anos. “Não fico cultuando minha juventude. Envelhecer é inevitável e eu aceito. Algumas vezes é difícil, mas não adianta brigar”, garante. “Minha mãe morreu com 35 anos, então paro e penso: nossa, que progresso. Curto cada fase”, afirma.

Apaixonada pelos netos, a atriz confessa que acha uma delícia ser chamada de vovó. “Adoro falar que tenho 57 anos e dois netos. Tiro a maior onda”, diz ela. Mas o amor pelos meninos, embora imenso, não é cego. “Não deixo que façam tudo e respeito o que minha filha diz que não pode, mas sou uma avó que gosta de brincar. Vou no chão com eles, jogo videogame e até bola, mas só quando estou a fim. Não tenho que educar, aí é maravilhoso”, derrete-se.

“Tenho uma boa relação com a câmera”, diz Claudia (Foto: Denise Leão)

O lado lúdico sempre foi forte na personalidade de Claudia. Quando criança, mandava fazer vestidos de princesa e gostava de ficar maquiada. Na fase adulta, criar uma persona diante da câmera fez com que deixasse de lado a timidez na hora de interpretar. “Tenho uma relação boa com a câmera e gosto de estar diante dela”, assume. E a maturidade também a deixou mais seletiva. “Estou em um momento de reflexão. Não quero perder tempo com nada, foco no que me dá prazer. Tenho uma família boa e construí uma carreira com vários bons personagens e ótimos amigos, mas ainda há muito a conquistar”, acredita.

Em relação ao conturbado momento da arte brasileira, que sofre com investidas conservadoras, a atriz considera que a sociedade encaretou há muito tempo. “Estamos no topo do Everest do absurdo. A arte sofre um período, mas nunca morre. É como a água, sempre vai dar um jeito de passar. Filmes, novelas e peças ficam como registro de uma época”, garante.