James Franco ataca de poeta mais uma vez e escreve sobre Lana Del Rey: “Ela é estranha e vive em seu próprio mundo”


Ensaio publicado na V Magazine ainda fala sobre suposto filme que os dois estariam planejando juntos

*Por João Ker

Imagine duas pessoas que compartilham os mesmos sonhos, fantasias, ícones, referências e vontades artísticas. Parece um pouco romântico ou apenas um eufemismo para a expressão “alma gêmea”, não? Bem, é esse o status atual do relacionamento entre Lana Del Rey e James Franco, que vêm se elogiando pelo Instagram há alguns meses, com direito a selfies e polaroides de BFF. Dando vez ao seu lado poeta – ele já escreveu um texto sobre Lindsay Lohan -, o ator de “A Entrevista” resolveu escrever um poema (ou “um ensaio”, como ele mesmo define) sobre Lana para a recente edição da V Magazine, que ainda vem recheada de fotografias dos dois, feitas pela irmã da cantora, Chuck Grant.

Descrevendo Lana como “estranha” e não preparada para esse mundo dada a sua pureza e desilusão com a vida (quem nunca?), James Franco ainda faz referência a uma tão comentada performance da cantora no Saturday Night Live e toda a sua falta de jeito no palco do programa. Abaixo você lê a tradução desse poema que parece mais uma carta de amor e ainda descobre os planos que os dois estão arquitetando para um filme.

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Este é um poema sobre Lana Del Rey.

Este é um ensaio sobre Lana Del Rey.

Lana se tornou minha amiga. Ela é uma musicista e artista videográfica.

Ela cresceu na Costa Leste, mas é uma artista da Costa Oeste.

Quando eu escuto suas músicas, quando assisto suas performances, eu me lembro de tudo o que amo sobre Los Angeles. Eu sou arrastado para uma galeria cheia das estatuetas que cultuam Los Angeles, das pessoas que cultuam a cidade, acordadas a noite toda como vampiros e motoqueiros.

A única diferença entre Lana e eu é sua voz assombrosa. Aquilo carrega tudo. A voz é o eixo central em torno do qual todo o resto se estende.

Meu eixo, como sua voz é para ela, é minha atuação. Tirando isso, eu faço todo o resto.

Eu não gosto de vampiros e motoqueiros na minha vida, mas eu gosto deles na minha arte.

Lana vive em sua arte e, quando ela desce ao mundo para entrevistas, fica tudo uma bagunça, porque ela não é feita para essa Terra. Ela é feita para viver no mundo que ela cria. Ela é aquela que foi tão desapontada pela vida, que ela precisou criar seu próprio mundo. Apenas deixe-a viver nele.

Eu sou um artista e ela é uma artista.

O negócio sobre cantoras, especialmente aquelas que escrevem suas próprias letras, é que todo mundo lê as músicas através da pessoa. Um ator é às vezes alinhado aos seus papeis,  mas uma cantora é perguntada sobre suas letras como se elas fossem declarações diretas de seus pensamentos e sentimentos verdadeiros.

Às vezes Lana não sabe o que dizer em entrevistas, então ela brinca com a ideia de que suas músicas são ela, e não criações feitas por ela.

Lana passa muito tempo sozinha porque todo mundo quer invadir um pouco.

Ela tem essa ideia para um filme. Eu quero fazê-lo porque é um pouco como “Crepúsculo dos deuses”  (“Sunset Boulevard”, 1950). Uma mulher está sozinha em uma mansão em Los Angeles. Ela não quer sair. Ela começa a enlouquecer, e fica paranoica porque ela sente que as pessoas estão a observando. Até em sua própria casa. É como um ótimo filme alternativo que vive na cabeça de Lana. É sobre ela, e não é sobre ela. Assim como sua música. 

Eu queria entrevistas Lana para um livro e ela disse: “Apenas escreva sobre mim, e melhor se não forem minhas próprias palavras. É quase melhor que você não me entenda exatamente, mas tente”.