Fe Cortez lança livro e engaja famosos na pauta da sustentabilidade: “Influência carrega responsabilidade”


Ativista ambiental criadora do projeto Menos 1 Lixo, que conta com apoio de famosos como Nanda Costa, Hugo Bonemer, Mateus Solano e Sergio Marone, convida a uma mudança de atitude rumo a um modelo de sociedade mais saudável. E frisa que o poder de influência impõe escolhas: “Esse espaço dos influenciadores têm que ser usado cada vez mais com responsabilidade. Diante de uma emergência ambiental, um desafio global, não faz mais sentido você ficar postando look do dia, por exemplo. Precisamos ressignificar a questão do consumo exagerado”

*Por Brunna Condini

Muita gente ainda acredita no Brasil, no mundo e no ser humano. E em ser possível uma existência mais justa, ética e sustentável. Fe Cortez, defensora Mares Limpos pela ONU Meio Ambiente e idealizadora do projeto Menos 1 Lixo, tem feito da sua vida a missão de disseminar informações convidando à uma mudança de atitude e transformação da realidade em direção a um modelo de sociedade saudável. E a ativista ambiental não está sozinha. “Muitos amigos famosos também ajudam a difundir essa missão, porque foram tocados pela proposta e tiveram suas consciências transformadas. São muitos mesmo, como a Nanda Costa, que foi a primeira topar me ajudar neste desafio. O Hugo Bonemer, que se transformou por conta do Menos 1 lixo. O Mateus Solano, que tem essa consciência há um tempo, é muito parceiro do movimento e criou até uma loja chamada Muda, de comércio sustentável; o Sergio Marone, que é meu amigo de longa data, foi se transformando e hoje é um grande ativista que usa suas redes para falar disso”, revela. “Essas pessoas mudam as próprias vidas e usam todo esse poder de influência que têm para falar sobre o tema, o que é muito importante porque precisamos ter outras referências. Influência carrega responsabilidade”.

E salienta: “Esse espaço dos influenciadores tem que ser usado cada vez mais com responsabilidade. Diante de uma emergência climática, de um desafio global, não faz mais sentido você ficar postando look do dia, por exemplo. Precisamos ressignificar o consumo”.

Fe Cortez, Mateus Solano e a comunicadora socioambiental Giovanna Nader: “Influência carrega responsabilidade” (Reprodução)

Fe acredita que a voz com visibilidade pode ser uma importante ferramenta e deve ser usada com escolhas conscientes: “Temos que ter responsabilidade como indivíduos no planeta. Estamos diante de uma possível extinção da raça humana. Então, todos deveriam ter essa consciência. Quanto mais visibilidade se tem, mais responsabilidade se tem. Assim como quanto mais dinheiro se tem, mais responsabilidade. Quando falamos de privilégio, precisamos falar da responsabilidade que isso traz. Se você tem poder, visibilidade, engajamento, você precisa falar daquilo que é urgente para a sobrevivência de uma espécie inteira e que está destruindo todas as outras. Não tem agenda mais importante hoje que a agenda da vida. E ela não é só sobre o que chamamos de meio ambiente, é sobre uma nova forma de viver”.

"Não tem agenda mais importante hoje que a agenda da vida. E ela não é só sobre o que chamamos de meio ambiente, é sobre uma nova forma de viver" (Reprodução Instagram)

“Não tem agenda mais importante hoje que a agenda da vida. E ela não é só sobre o que chamamos de meio ambiente, é sobre uma nova forma de viver” (Reprodução Instagram)

Legado e convocação

Com essas reflexões e muitas outras acerca de uma forma de viver mais sustentável, que a palestrante e comunicadora lança o livro ‘Homo Integralis: uma nova história possível para a humanidade‘, sua estreia como escritora, a publicação sugere aos leitores uma ação regenerativa para que todos entendam a capacidade que temos para transformar o nosso entorno e a nossa realidade se nos engajarmos com a mudança. “Este é um livro para todos que se preocupam com o futuro do planeta e da vida. É para todas as pessoas que estão desestimuladas e desesperançosas ou para quem quer construir algo novo e não sabe como. A agenda ambiental, econômica, o capitalismo, a destruição do meio ambiente e o sistema financeiro são resultantes de pactos que a gente fez enquanto humanidade. ‘Homo Integralis’ fala sobre voltar a resgatar a própria natureza, cada um como parte do todo, e não como um ser separado e acima de todos os outros”, adianta a carioca que passou pelo board do Greenpeace Brasil e é defensora da campanha Mares Limpos pela ONU Meio Ambiente Brasil.

“Este é um livro para todos que se preocupam com o futuro do planeta e da vida. É para todas as pessoas que estão desestimuladas e desesperançosas ou para quem quer construir algo novo e não sabe como" (Divulgação)

“Este é um livro para todos que se preocupam com o futuro do planeta e da vida. É para todas as pessoas que estão desestimuladas e desesperançosas ou para quem quer construir algo novo e não sabe como” (Divulgação)

O termo que dá nome ao livro foi criado por ela. “Integralis é sobre reintegrar o que a gente separou e dividiu, e esse processo começa olhando para dentro. Vivemos sob um código de valores que nos separa do que chamamos de natureza. No entendimento comum, usa-se o termo para designar o que não somos nós. Para chegar no integralis é necessário resgatar a essência e a verdadeira natureza do que é ser humano”, explica a autora, fundadora ainda do conceito Homo Consumptor, que designa a permissão para que o consumo domine nossas decisões.

E avalia o cenário com a pandemia.  “Tem gente mais consciente, tem gente mais negacionista. Mas a pandemia vem junto com esse momento em que a emergência climática está muito clara. No Brasil, coisas que não víamos, estão acontecendo, como secas históricas, cidades com tempestades de areia, coisas que nunca aconteceram antes. Então, essa emergência está saltando aos olhos”, observa. “A gente tem visto pessoas morrendo de uma doença, a covid, que deflagra o quanto vivemos sem saúde. E ao mesmo tempo, estamos precisando falar de saúde mental. Porque não existe possibilidade do ser humano estar saudável se o planeta não está. Ficou muito claro que precisamos repactuar nossa relação com o que chamamos de natureza, e o quanto a natureza faz falta para sermos de fato saudáveis”.

Fe Cortez grávida: "Quero dividir o que tem de maravilhosos no mundo com esse serzinho" (Reprodução Instagram)

Fe Cortez grávida: “Quero dividir o que tem de maravilhosos no mundo com esse serzinho” (Reprodução Instagram)

Aos 39 anos e esperando um filho há 24 semanas da sua relação com Wagner Andrade, atual do CEO do projeto Menos 1 Lixo, Fe Cortez afirma que a gravidez só aumenta sua vontade de transformar o mundo. “É um carrossel de emoções. Durante muito tempo não quis ter filhos. Depois quis. Mas é um pensamento de que vamos precisar de crianças e pessoas com outra consciência. E crianças que vem de pais que já têm outra consciência também podem ser grandes agentes de transformação. Enxergo no planeta e em estar aqui encarnada, a oportunidade de tantas coisas boas, abundância, beleza, e também quero dividir isso com esse serzinho. Porque existem muitas maravilhas no mundo, em viver”.

E completa, sobre o livro que terá toda renda revertida para a restauração e conservação de florestas degradadas pela criação de gado na Mata Atlântica mineira. “Quanto mais eu vender, mais árvores, não é? Então, você que está lendo essa matéria, compre o livro, dê de presente. Proponho uma grande reflexão de comportamento no seguinte sentido: a gente só constrói fora o que temos dentro. Então, os sistemas sociais, políticos, econômicos, são um reflexo da consciência da sociedade, das pessoas. Não dá para falarmos hoje de outras formas de vivermos aqui, se não trouxermos a consciência da mudança de comportamento, derivada de uma mudança de valores. Não sobreviveremos, por exemplo, se não tivermos a consciência que dependemos de outros seres para isso. Enquanto tivermos pessoas, biomas à margem, isso é burro para o sistema. Sonho com uma sociedade que despertou para a realidade de que somos todos interdependentes. Estamos falando de reestabelecer o papel que temos e mudar a nossa lente para enxergar tudo o que há. Mudar a lente é ter outros futuros possíveis. Ter esperança é fundamental para que a gente aja”.

"Não existe possibilidade do ser humano estar saudável se o planeta não está. Ficou muito claro que precisamos repactuar nossa relação com o que chamamos de natureza, e o quanto a natureza faz falta para sermos de fato saudáveis" (Divulgação)

“Não existe possibilidade do ser humano estar saudável se o planeta não está. Ficou muito claro que precisamos repactuar nossa relação com o que chamamos de natureza, e o quanto a natureza faz falta para sermos de fato saudáveis” (Divulgação)