“Eu não vou ter paz enquanto não houver justiça”, afirma Sérgio Schiller Thompson-Flores


Ex-diplomata, hoje casado e pai de um menino de três meses, afirma: “Fui vítima de um golpe”. E revela recente vitória na 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, em relação ao processo que o acusa de descumprimento de medida protetiva que o impedia de se aproximar da atriz Cristiane Machado e que o manteve preso sete meses. “A sentença confirma que não posso ser responsabilizado por descumprimentos alegados em novembro de 2018, quando só fui intimado em 14 de março de 2019, na prisão”, conta

* Por Carlos Lima Costa

Quase dois anos após ter sido acusado de violência doméstica por sua, então, mulher, a atriz Cristiane Machado, o ex-diplomata Sérgio Schiller Thompson-Flores segue jornada enfatizando inocência: “Eu não vou ter paz enquanto não houver justiça. É obrigação com a minha família e os meus filhos limpar meu nome das acusações que não são verdadeiras. Tenho convicção de que o Poder Judiciário nas estâncias superiores vai reconhecer os erros cometidos e vai aparecer no final que eu fui vítima de um golpe. Todo o processo da Cristiane contra mim é construído sob afirmações falsas e montagens”, pondera. E relata recente vitória, obtida dia 20. “Passei quase sete meses preso, preventivamente, a partir de novembro de 2018, por ter descumprido medida protetiva da qual só fui intimado em março de 2019, na prisão”, frisa. Essa semana, os desembargadores da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, confirmaram por unanimidade e nos termos do desembargador relator Antônio Jayme Boente, a absolvição do processo impetrado por Cristiane. “Tal sentença confirma que não posso ser responsabilizado por descumprimentos alegados em novembro de 2018, quando só fui intimado em 14 de março de 2019”, reitera.

Segundo a sentença, “Ausente a intimação da decisão judicial que impõe a restrição ao direito de contatar a vítima, de igual modo, resta ausente o dolo de descumprir tal decisão (…) Não se pode erigir a assertiva da autoria delitiva se o acusado ainda não havia sido intimado pelos meios formais das suas restrições.”

“Esse Acórdão reitera a decisão de absolvição que já fora proferida em primeira instância e que ela sem qualquer fundamento ou escrúpulo tentou reverter. Existe a absolvição em Primeira Instância desse e arquivamento e indeferimento de outros processos de medidas protetivas”, acrescenta Sérgio.

Sérgio se defende de acusações da ex-mulher (Foto: Arquivo Pessoal)

Sérgio se defende de acusações da ex-mulher (Foto: Arquivo Pessoal)

“A verdade é que toda a história que foi relatada é uma armação completa. Cristiane é uma manipuladora que se pinta como uma ativista revolucionária. Eu não fui preso por agressão. Eu fui preso preventivamente por ter descumprido medida protetiva. O que acontecia? O oficial de Justiça ia na casa e Cristiane dizia que eu não morava lá e não sabia aonde eu estava”, reforça.

Em relação ao processo no qual foi condenado por lesão corporal e cárcere privado, em setembro de 2019, ressalta: “Os recursos estão pendentes nas duas ações principais. Não foram julgados, mas tenho confiança da absolvição, porque a cada dia estão mais volumosas as provas de que fui vítima de um golpe. E, por isso mesmo, Cristiane é investigada por extorsão e apropriação indébita”, frisa. E prossegue: “Cristiane entrou com mais de 45 acusações criminais, das quais nem um único processo transitou em julgado contra mim e vários transitaram em julgado me absolvendo ou sendo arquivados. Ela já responde a um e em breve responderá a vários inquéritos por denunciação caluniosa”, ressalta.

Em sua jornada, ele se fortaleceu pela família que construiu posteriormente, tendo, hoje, um filho de três meses. “Isso me proporcionou a sensação incrível de renascimento”, frisa.

Sérgio, então, relembra o polêmico vídeo da briga entre ele e Cristiane. “Ela se apresentou como vítima e construiu uma história falsa. O que é verdadeiro? Ao longo de meses de agressões por parte dela, ao longo de horas de agressões naquele dia, eu reagi a empurrando para cima da cama, com uma polaina na mão. O vídeo tem áudio e ela nunca o apresentou à Justiça. Qualquer um que ouvisse seria testemunha de que eu falava: ‘Para, pelo amor de Deus’. Eu, com mordidas, arranhões, hematomas nos olhos, pernas cortadas, braços e costas arranhados. Ela com marcas de tratamento estético, injeção de botox, ao lado do olho, e de preenchimento labial, feitos um dia antes. Os hematomas nos braços e no ombro dela eram de eu segurá-la. A cena do fio, era um headphone de Iphone, em volta dos braços e ela o leva para o pescoço. Quando Cristiane se pendura como se estivesse sendo estrangulada, as duas pontas do fio estão no ombro de um lado só. Os vídeos foram considerados ilegais, há um ano e meio, não podem ser usados como elementos de provas. Tem laudo do Instituto Carlos Éboli da Polícia Civil que confirma que são editados. Foi tudo encenação. Uma das testemunhas de um processo de extorsão fala que ela ensaiou a briga meses antes”, relata, acrescentando: “O boletim de ocorrência foi feito dois meses depois, tempo suficiente para que ela, com a ajuda de um ex-noivo, que monitorava as câmeras, montasse a edição das imagens. Mesmo com a edição não foi fácil caracterizar que eu era o agressor, porque, na verdade, na briga, ela me agrediu durante cinco horas. Tenho o boletim de ocorrência, e ela foi indiciada por lesão contra mim”, acrescenta. “E sabe o que ela fez, após essa briga? Tomou uma chuveiradinha e foram horas de carinho”, relata.

Sérgio contesta ponto a ponto recente entrevista de Cristiane, como a informação da alegada depressão. “Ela não tem nenhuma característica de depressão, anorexia, estresse pós-traumático. Sabe qual é a primeira característica disso? A pessoa não consegue ficar em um lugar onde aconteceu o fato que causou o estresse. No entanto, morou nove meses na minha casa, ilegalmente. Retomei a posse da casa, em agosto do ano passado. Não consegui dormir lá. Fui diagnosticado por um dos maiores psiquiatras de São Paulo, com Síndrome de Estresse Pós-Traumático. Vivi dez meses de uma relação abusiva com essa mulher”, explica.

Segundo Sérgio, Cristiane não obteve avanços da lei para proteção das mulheres. “Isso é um personagem que ela criou para se autopromover”, assegura. E contesta também a afirmação da atriz sobre não ter residência fixa. “Ela vive com a mãe e, às vezes, dorme no apartamento do pai”, ressalta.

Sérgio também rechaça a declaração de Cristiane de que teve a experiência de quase morte. “Cristiane tentou sete vezes sustentar a tese de feminicídio, sete vezes foi afastado liminarmente. Em fevereiro, ela entrou com novo registro de ocorrência na Delegacia da Mulher (DEAM), no qual constam acusações do processo original, somadas com a acusação de que a teria ameaçado com uma faca no pescoço. Tem reportagens dela contando essa história como sendo em junho, em julho. Agora, ela colocou, em 13 de agosto, com três testemunhas que não estavam lá. A história é falsa. É uma tentativa dela de reempacotar acusações. A DEAM arquivou e não deu andamento. E ela diz que se viu refém daquela situação, não bastava salvar a vida dela, tinha os pais. Isso é uma palhaçada”, frisa.

Sobre a Justiça ter determinado que ele apagasse postagens em redes sociais como Cristiane relatou, Sérgio é contundente: “A medida protetiva que ela conseguiu me proibindo de falar não tem nada de revolucionária. Todos os dias, homens e mulheres conseguem decisões restringindo o que as pessoas falam contra eles. Ela diz que é vítima de uma perseguição minha na internet, que sofre violência psicológica. Agora, são 2.400 reportagens, postagens me atacando, me acusando. Eu postei 40. Quem é o agressor? É ela. Cristiane perdeu em cinco processos cíveis nos quais tentou me acusar de ofendê-la nas redes sociais. Na decisão do TJ, disseram que eu estava respondendo a ataques”, diz. E completa: “Tenho uma decisão contra a Cristiane, de dois anos atrás, que a proíbe de falar sobre o nosso caso, sobre o que está sob sigilo e divulgar os vídeos. Ela descumpriu mais de duas mil vezes”, explica.

Ao contrário do que Cristiane afirmou, ele garante que nunca disseminou vídeos com cenas íntimas deles. “Em uma live eu disse: ‘A mentira dela é tão chocante que eu vou contar algo, mas não vou mostrar. Após a nossa briga, Cristiane me pedia para filmar e fotografar as nossas relações. Essa mulher dizia viver em pane, não tinha mais relações conjugais, estava ali acuada e amedrontada. Como existem 30 vídeos e cenas de fotografias com relações conjugais que não deixam margem para equívoco? Ela pegou essa live e teve a imprudência de entrar com um processo dizendo que aquilo era uma mentira. Minha petição de resposta é pública. Jamais exporia os vídeos. Aí ela ressalta que recorreu e venceu mais uma vez. É ao contrário. Das mais de 40 acusações criminais contra mim, ela perdeu mais de 30. Ela está perdendo tudo. Ela fez mais de 20 processos cíveis contra mim cobrando dinheiro. Em quatro, ela desistiu de tão absurdos que eram. Em dois, foi condenada por litigância de má-fé”, afirma. E Sérgio prossegue: “Vazamento de vídeo íntimo é punido há anos, não começou a acontecer agora, por conta do movimento dela.”

Sérgio também contesta que a Justiça tenha determinado que ele apagasse postagens e que o tenha proibido de fazer outras sem autorização. “Aquilo é uma medida temporária. E não são todas as postagens. Se referia ao uso da imagem dela”, explica. E assegura ainda que não denigre a imagem da atriz, nem tentou impedi-la de exercer a profissão. “Pelo contrário, tenho dezenas de postagens dando apoio a ela. Tentei ajudar, por exemplo, pedi a uma diretora de novela, que eu conheço, uma oportunidade, fiz de tudo para arrumar emprego para ela”, recorda.

Sérgio ainda usa tornozeleira eletrônica que é linkada com o pager de Cristiane. Mas desmente afirmação da atriz de que o botão do pânico tocou dez vezes. “Conheço sete, todos arquivados ou absolvidos. Ela comentou ter ido a uma delegacia prestar depoimento e que eu apareci. É a 5ª DP, onde ela é investigada por denunciação caluniosa. Ela foi prestar um depoimento. Eu estava lá de fato, saindo, exercendo o meu direito de ir acompanhar o inquérito”, relembra. E garante que tanto ele, quanto seus advogados desconhecem nova medida protetiva aumentando de 200 para 300 metros a distância que ele deve se manter dela. “E não é verdade que cheguei a 50 metros de proximidade e permaneci na porta de onde ela faz terapia. Eu passei a uma média de 20 quilômetros dentro de um carro. A central de monitoramento para a qual ela não ligou no dia, a informou, no dia seguinte, que havia sido apenas um encontro fortuito. Mesmo assim, ela registrou uma ocorrência, denunciando caluniosamente. Todas as reportagens dela às autoridades sobre descumprimento foram tratadas como mentiras e, portanto, ignoradas”, assegura.

Sérgio diz ainda ser inverídica a declaração da atriz sobre os dois terem iniciado relação em março de 2017. “Namorava uma russa nessa época, e que morou na minha casa em abril e maio. Minha relação com a Cristiane começou no final de maio. Ela fala que foi em março, porque tentou aumentar o período de convivência nos processos cíveis para criar bases e fundamentos para me cobrar dinheiro”, alega. E afirma que nunca a procurou pedindo reconciliação. “Quando brigamos, eu cancelei o casamento e encerrei a relação. Ela me procurou pedindo pelo amor de Deus pra gente casar”, conta. E complementa: “Cristiane fala que, em março de 2018, eu a esganei com as mãos e, ensanguentada, ela foi à delegacia me denunciar e que eu estava lá com uma tropa de advogados. Mentira. No dia anterior, ela caiu em cima de um vaso, se cortou e eu a levei ao hospital. Fui à DP com minha filha e um amigo dela, advogado, que me ajudou na hora lá. Por outro lado, Cristiane estava com o irmão do cúmplice dela”, explica.

O ex-diplomata conta que Cristiane responde a um inquérito de furto. Após ela deixar a casa onde viveram juntos, ele esteve no local com um oficial de justiça. “Foi feito um arrolamento de bens, tudo documentado. Tem uma centena de itens roubados, câmeras de segurança externa, tapetes persas, obras de arte”, diz. E garante que ainda crê na Justiça. “Cristiane vai acabar condenada e vai ser presa. Os crimes que ela cometeu, acusar alguém falsamente, furtar, extorquir, destruir objetos dos outros, são gravíssimos”, comenta.

E prossegue: “Ela falou que recebe uma ajuda de custo decretada pela Justiça para pagar tratamento terapêutico e medicamentos. É uma mentira deslavada. Ela recebe de mim, em função de uma cláusula, de um acordo pós-nupcial, extorquido por ela de mim, dizendo que se eu não assinasse, ela ia mentir nas acusações e me colocar preso, que é exatamente o que ela fez. Cristiane recebe seis salários e meio por mês, e ainda alega mendicância para pedir gratuidade de Justiça, dizendo que não tem como pagar as custas judiciais. Diz que recebeu missão de ativismo. Ninguém acredita nela”, frisa.

Sérgio, então, faz uma reflexão: “Quando aconteceu essa farsa estruturada por ela para me dar um golpe, eu presidia uma empresa. Hoje, não tenho mais um cargo, não consigo trabalhar. Toda vez que começo a retomar uma relação de trabalho, ela divulga uma porção de coisas e eu acabo não conseguindo. Hoje, vivo de favor, no apartamento da minha mãe e sou sustentado pela minha atual mulher, pela minha mãe e um dos meus irmãos. Minhas duas ex-mulheres também me ajudam financeiramente”, diz.

Ele explica que existem na internet sete páginas criadas por pessoas que o apoiam. “São administradas sobretudo por mulheres, a maior parte vítima de violência doméstica. Duas grandes lideranças de direitos das mulheres, que inicialmente apoiaram Cristiane, quando conheceram o caso passaram a me apoiar e a denunciam por ser falsa acusadora”, assegura ele, que, em novembro vai lançar a Associação Justiça Para Todos Brasil. “Vou dedicar parte da minha vida para que todos tenham acesso a um processo legal, a presunção de inocência, ao cumprimento do contraditório para que pessoas não sejam injustiçadas como eu fui”, explica.

E faz um comentário final: “Cristiane procurou todas as mulheres com quem eu saí nos últimos 20 anos e nenhuma disse nada contra mim. Pelo contrário. Minha ex-mulher Roberta, por exemplo, deu um depoimento no processo no qual diz que se tivesse que escolher os melhores anos da vida dela seriam os que passou comigo, que eu nunca levantei a voz para ela.”