Dr. Alessandro Martins: diante da repercussão da última coluna, ele retoma o tema da ‘doença do silicone’


Em sua coluna quinzenal, o cirurgião plástico ressalta: ‘As incidências de complicações infecciosas ou patológicas relacionadas à prótese são tão baixas que não funcionam como contraindicações ao aumento dos seios. Podemos pensar, sim, em não utilizar implantes tão grandes, nem em esvaziar a mama. Essas condições não tornam a cirurgia plástica menos segura, prejudicial ou danosa’

*Por Dr. Alessandro Martins

Em nossa última coluna, falamos sobre doenças que podem estar co-relacionadas à utilização das próteses de silicone. E o tratamento dessas patologias seria a retirada do implante (termo atualmente conhecido como explante). Ele é a retirada da prótese de silicone de uma paciente por questões estéticas ou reparadoras em função de alguma complicação, que pode ser uma doença (como a Síndrome Ásia ou o linfoma anaplásico), uma ruptura da prótese, uma infecção, ou um seroma crônico. Essas são as justificativas para o explante.

No entanto, é fundamental entender que a retirada só é indicada caso a paciente tenha alguma ocorrência relacionada à prótese de silicone. Por quê? Porque ao longo dos anos o implante causa atrofia da glândula. Ou seja, a quantidade de tecido mamário torna-se progressivamente menor. A mama fica cada vez mais fina. A cobertura de tecido que a mulher tem por sobre a prótese torna-se menos espessa à medida que os anos passam. Estudos demonstram que essa atrofia pode variar entre 30% e 70%, dependendo de a mama ter predomínio glandular ou gorduroso. Mamas glandulares atrofiam menos; as gordurosas são mais afetadas.

Leia aqui: Dr. Alessandro Martins fala sobre a ‘doença do silicone’: o que causa, quais os sintomas e qual é o tratamento

É preciso lembrar, também, que a prótese de silicone tem uma função semelhante à do expansor tecidual. Ela distende a pele da mama, que passa a ter uma “memória de tamanho”. É como se a pele crescesse ao redor da prótese. Assim, quando fazemos o explante, a mama não é mais aquela de quando a paciente fez o implante. Então, ela diz: “Ah, mas eu não tinha prótese quando era nova e meu peito era pequeno, mas bonito”. Não é e não será mais daquele jeito. Ela agora tem menos glândula; ou seja, menos volume e mais pele.

Dr. Alessandro Martins (Foto: Vinicius Mochizuki)

Então, após o explante, as mamas serão pequenas, vazias e flácidas. E se a indicação para colocação de prótese foi por mamas já flácidas e pequenas, elas estarão mais flácidas e menores ainda. Esteticamente, a visão de uma mama que retirou um implante é polêmica. É por isso que tem indicações muito precisas para retirar a prótese, porque você acaba tendo um dano estético na retirada. Não se deve retirar a prótese somente por um medo ou por uma decisão que a paciente mudou de ideia de não querer mais silicone. Ela tem que entender que isso vai levar a uma alteração estética que pode ser frustrante.

Aqui, aproveito para fazer um alerta importante às pacientes em relação aos explantes. Cada vez mais mulheres querem esvaziar sua mama natural, feita do material do seu próprio corpo, para substituir por próteses. Por quê? Mais adiante, se ela tiver algum problema e precisar retirar a prótese, não terá mais mama, pois terá descascado tudo para incluir um implante. Mulheres que fazem explante mantendo uma quantidade residual satisfatória da mama, podem submeter-se a uma mastopexia. É possível fazer uma associação com enxerto de gordura para melhorar o padrão estético. No entanto, diante do que o silicone é capaz de oferecer, os resultados podem parecer frustrantes.

Quero ressaltar com relação ao explante que não se trata de uma opção unicamente da paciente. Longe disso: Só deve ser indicado quando a paciente tem alguma complicação relacionada à prótese. E as principais complicações são:

– Doenças relacionadas à prótese, como a Síndrome Ásia e o linfoma anaplásico,

– Rupturas de prótese e

– Infecções relacionadas à prótese.

O segundo ponto: a paciente deve pensar muito bem quando quiser substituir seu tecido glandular natural por uma prótese. Sempre se deve levar em consideração que existem técnicas que não envolvem a colocação de silicone e deixam a mama superbonita.

Terceiro ponto: a paciente deve se lembrar que o explante está sempre relacionado a uma perda de resultado estético, com mamas flácidas, pitosadas e vazias de tecido.

Quarto ponto: ninguém deve se orientar por sensacionalismos ou por notícias mal-intencionadas (e mal interpretadas) para decidir retirar a sua prótese.

Quinto ponto: as incidências de complicações infecciosas ou patológicas em relação à prótese de silicone são tão baixas que não funcionam como contraindicações à colocação dos implantes. Podemos pensar, sim, em não utilizar próteses tão grandes, nem em esvaziar a mama para colocar implante. Mas, de forma alguma, essas condições tornam o implante de próteses de silicone em uma cirurgia menos segura, prejudicial ou danosa à paciente.

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