Carnaval: Eterna rainha, Luma de Oliveira descarta possível volta à Avenida e fala de redução de verbas para escolas


A bela relembrou o carnaval de 98, quando usou uma coleira com o nome do então marido, na época, e defendeu: “Se sou uma mulher livre, eu posso fazer o que eu quiser com a minha liberdade”

*Por Karina Kuperman

Basta chegar o carnaval que é impossível não pensar em Luma de Oliveira. Considerada a eterna rainha do carnaval carioca, Luma foi enredo da Estácio de Sá, em 2012, e até hoje é reverenciada na folia carioca. Tanto é que, mesmo após esses anos, ainda é lembrada pela comunidade atual de rainhas e marcou presença na “Noite das Rainhas” a convite de Evelyn Bastos, rainha da bateria da Mangueira e anfitriã do evento que reuniu rainhas como Viviane Araújo, do Salgueiro, Aline Riscado, da Vila Isabel, Raíssa de Oliveira, da Beija-Flor, Gracyanne Barbosa, da União da Ilha, Raíssa Machado, da Viradouro, Raphaela Gomes, da São Clemente, Giovana Angélica, da Mocidade e Jullia Farias, princesa da Tuiuti.

“A Evelyn me escreveu perguntando se eu daria essa honra de estar na festa, eu achei tão legal. Ela foi muito generosa, porque não sou mais rainha, mas ela fez questão de me chamar e isso é um abraço, é um dos frutos lindos que eu colho do carnaval. Ela falar ‘vem cá, ficar com a gente, se divertir’, e as outras meninas me receberem com tanta alegria, é emocionante. Nós trocamos ideias, conversamos muito. A festa da Evelyn foi uma festa de união”, conta.

Luma e Evelyn Bastos, da Mangueira, em festa de rainhas (Foto: Reprodução/Instagram)

E será que tem alguma em especial para quem a eterna rainha hoje passaria o bastão? “Seria injusto eleger, todas tem o mesmo nível de entrega, dedicação, participação. As pessoas que estão de fora não acham que é uma função tão exigida, mas é demais. E todas fazem porque amam, estão felizes. Ninguém sabe o que cada uma passa ou deixa de passar para estar ali, linda, à frente da bateria”, analisa. “Acho todas incríveis. São dedicadas, se entregam, e são lindas”, elogia.

Para Luma, tanto as rainhas famosas quanto as da comunidade devem ter o mesmo tipo de prestígio. “O carnaval é muito democrático e, pelo que eu vi na festa, rainhas de comunidade e as famosas convivem muito bem. Não acho que tem que ter preconceito com rainhas de fora da comunidade, porque se uma escola está com a rainha é porque todos chegaram a um acordo”.

Luma de Oliveira não pretende voltar ao Carnaval (Foto: Reprodução/Instagram)

Atualmente, Luma tem um cantinho especial para assistir de perto o maior show da terra e não pretende deixá-lo nem mesmo para voltar à Avenida. “Muita gente me pergunta se eu voltaria, mas eu acho – sinceramente – que assistir, principalmente de onde eu gosto, que é na frisa, perto das pessoas, revendo os amigos sambistas, é emocionante. Essas noites assistindo aos desfiles de pertinho das pessoas me preenchem. É uma energia tão boa”, diz ela, que segue sendo convidada a retomar o posto de rainha.

“Me convidam, mas já deixei claro e todos entendem que eu fechei esse ciclo. A última vez que eu fui rainha foi em 2009, na Portela. Escolhi a escola, porque foi a primeira em que saí em uma ala, quando ainda era modelo, no começo da carreira. Falo que encerrei essa etapa da vida com laço de ouro, literalmente, porque saí com um laço nas costas”, lembra. “Mas as pessoas do samba já entenderam que o que eu fiz está de bom tamanho em relação a isso. Quero deixar como ficou na memória. Já desfilei tantas vezes, já fui enredo. Meu amor pelo carnaval continua, mas essa forma também é legal. As pessoas que me convidam entendem minha recusa – que não é recusa, nem desfeita. Elas concordam com o que tenho a dizer: é um ciclo que eu fiz e foi eternizado assim”.

Seu último desfile foi pela Portela, em 2009, com um laço nas costas (Foto: Reprodução)

Se todas as passagens da bela pela passarela do samba foram marcantes, uma, em especial, é notícia até hoje. Trata-se da vez em que Luma usou uma coleira com o nome do então marido, Eike Batista, em 1998. “Aquilo era uma brincadeira, até porque uma mulher submissa jamais estaria na frente de tantos ritmistas no carnaval. A coleira era um ato de libertação”, define Luma. “Tudo que conquistamos na vida a gente tem que usar da maneira que nos convém. Se sou uma mulher livre, eu posso fazer o que eu quiser com a minha liberdade, desde que nada seja imposto. Se optei por aquela fantasia e botei aquele colar foi porque vi sentido, achei que tinha a ver, quis brincar. Posso fazer o que eu quiser com a minha liberdade”, defende.

Luma usou uma coleira com o nome do então marido em 1998(Foto: Reprodução)

Em uma época em que as verbas públicas para as escolas de samba diminuíram, Luma também lamenta. “Essa é uma questão enorme que eu preferia falar um dia ao vivo e sem edição para ser mais honesto com todo mundo e não ficar nenhum mal entendido. Mas eu acredito, sim, que o carnaval precisa de uma verba auxiliar. A escola precisa ensaiar na Avenida. Sendo o carnaval um gerador de emprego e turismo, os governantes poderiam pensar isso. É um evento que gera empregos e uma fonte inesgotável de turismo do mundo inteiro”, ressalta.

Luma segue musa e revela como se cuida: “A vida inteira prestei muita atenção no corpo, até porque comecei a minha carreira como modelo. Sempre tive muita disciplina. Me alimento quatro vezes ao dia – as refeições principais, faço musculação quatro vezes na semana e, quando eu posso, gosto de andar na areia fofa. Prefiro do que entrar na academia e fazer musculação, porque é obrigação. A areia é só para o meu lazer. Não vou pensando no corpo, vou para estar ao ar livre, cedo ou a tardinha, dou um mergulho no mar…”.