Angélica e Anna Lima conversam sobre maternidade com Suzi Pires para podcast da Arezzo com Instituto Dona de Si


O diálogo aborda tópicos como as alegrias e dificuldades, educação, adolescência, conciliamento com a vida profissional e como mulheres podem ajudar umas as outras neste momento. “Existe um cordão invisível entre mães. Quando teve o acidente com meu filho, eu vi que mãe é um bicho que se conecta: a dor de uma é de todas, porque a gente sabe onde o calo aperta”, disse Angélica.

*Por Karina Kuperman

O conceito #ArezzoJuntas celebra a sororidade feminina e a aliança da label com o Instituto Dona de Si, idealizado pela atriz e empreendedora social Suzi Pires. É uma parceria que tem como objetivo descobrir e acelerar novos talentos femininos. Agora, a Arezzo anunciou o lançamento da sua primeira série de podcast, reforçando ainda mais os laços femininos de troca, afeto e crescimento. “A Arezzo e o Instituto Dona de Si estão dispostos a debater sobre o universo feminino para termos certeza que nossos problemas são resolvidos melhor na coletividade. Não precisamos que ninguém nos diga que juntas somos mais fortes, esse é a maior certeza que o conceito de sororidade nos deu”, ressalta Suzi.

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Suzi Pires comanda podcasts com mulheres sobre assuntos como maternidade, mercado de trabalho e outros (Foto: Divulgação/Arezzo)

O primeiro capítulo desse projeto traz Suzi, a apresentadora Angélica e a atriz Anna Lima falando sobre maternidade e suas variáveis. O diálogo aborda alegrias e dificuldades, educação, adolescência e muito mais e está disponível no canal da Arezzo no Spotify. “A maternidade não tem ligação direta com acontecimento biológico. É uma escolha. Ninguém nasce pronta para o exercício da maternidade, esse elo entre mãe e filho é criado mutuamente no fazer da maternidade”, define Suzi.

Mãe de Joaquim, de 14 anos, Benício, de 11 e Eva, de 7, a apresentadora Angélica contou que não dormiu na noite anterior ao programa, devido a uma otite da caçula. “Depois que somos mães, já temos até maquiagem especial para noites mal dormidas, fora essa capacidade de nos regeneramos em vinte minutos”, brinca ela, que ficou um ano fora da televisão – primeiro grande hiato desde que se tornou mãe, em 2005. “Estou há um ano vivendo um momento importante dos meninos adolescentes, que é bem complicado, até mais do que a primeira infância. Às vezes me pego pensando em como eu fazia dois programas, cuidava de um bebê e duas crianças. Mas conseguimos, porque somos mães. Não tem fórmula. É o amor absoluto incondicional que te move de uma forma que quando você olha, são três noites acordada. E não tem explicação lógica: às vezes você fica destruída por pernoitar em um vôo e com filho não. Qual motivo? Amor…”, diz.

Angélica (Foto: Divulgação/Arezzo)

Angélica diz que nunca encarou a maternidade como algo “tipo romance”: “É um apego enorme, mas temos que ter consciência que nós somos uma passagem para eles e que eles passam pela gente. Nos perdemos nesse amor e achamos que eles são nossos, mas não. Eu tenho trabalhado muito isso na cabeça, porque meu filho já está querendo essa liberdade, é adolescente”, conta Angélica. “O romantismo acaba na primeira semana do bebê em casa, com a mãe descabelada, leite vazando, pessoas te julgando, você se culpando… e é igual para todo mundo, pode a pessoa ter 30 babás. É lindo ser mãe, uma delícia, sou muito feliz, mas não é romântico e nunca foi. É o trabalho mais difícil que existe. Para educar outro ser é necessário muita sensibilidade, porque cada um é de um jeito”. E acrescenta: “Com a adolescência perde-se ainda mais o glamour, porque os filhos começam a querer ir para o mundo e você, que era a referência até o momento, passa a ser quase rival. Ele tem que te rejeitar para se encontrar, então fazem questão de discordar de você na frente das pessoas, querem mostrar que são independentes. É um exercício do ego, mas é também uma delícia, aprendo muito. Outro dia o Luciano (Huck, marido) falou: ‘nossa vida é muito divertida, né?’ É com emoção mas sem glamour”, define.

Anna, mãe de Tom, de 16 anos e Davi, de 14, concorda: “Agora que eles estão adolescentes, eu vejo que o romantismo acaba quando percebemos que educar é sofrer e que limite é amor. Falamos isso para os adolescentes o tempo todo.  Eu tenho que me virar, sozinha ou até com a ajuda de uma terapeuta – o que acho super importante – a aprender a alinhar o que eu estou pensando, com o que eu estou sentindo, com como eu devo agir com eles. Não posso censurá-los, mas tenho que dar limites, e trazê-los para perto”, analisa ela, que foi mãe aos 28. E lembra: “Eu perdi a minha mãe nova, casei cedo, com 22 anos, e nem pensava em maternidade. Não idealizava isso, mas, aos 27, veio com força, parecia que eu estava resgatando a minha mãe dentro de mim”, conta. “É tanto amor que você não está nem aí para todo o resto, a cabeça muda, o foco vai para o outro e você aprende o amor que acha que conhece e não conhecia”, garante.

Anna Lima (Foto: Divulgação/Arezzo)

Para Angélica o processo foi diferente. “Eu vivi em um universo de criança, então sempre quis ser mãe. Apesar disso, nunca tinha tido a vontade mesmo. Conheci o Luciano e juntou tudo: 30 anos, relógio biológico, os dois perceberam esse desejo de formar uma família. Estávamos namorando há 3 meses e engravidei. Não foi planejado, eu tive namorados de 7 anos, de 3 anos, mas tinha que trocar o diu, ele disse: ‘tá bom’. Não conversamos, não planejei. A gente se conhecia há pouco tempo, eu quase tive um troço. Fiquei muito feliz, ele também, parecíamos duas crianças… mas foi tudo muito rápido. Com seis meses de namoro, eu estava casando grávida. Tinha tudo para não dar certo mas foi dando. Por isso que digo: não tem fórmula para nada e é só a gente ser honesta com as nossas vontades”, destaca.

Mães que trabalham fora, tanto Angélica quanto Anna refletiram sobre suprir a ausência física com presentes materiais. “Existe uma culpa por estar fora e a educação permissiva não supre. Educar é sofrer, mas eles têm que saber que nós trabalhamos por eles, então a ideia é explicar desde pequeno, porque criança entende”, diz Anna, que tinha um truque para diminuir a ansiedade dos pequenos: “A organização é tudo. Quando tinha que sair, trabalhar, estando separada, com dois filhos pequenos, eu fiz um calendário e coloquei no quarto deles. Nele tinha especificado que dias eu podia levar ou buscar nas atividades ou na escola. E todo trabalho que terminava, eu marcava uma viagem com os dois. O presente não supre a mãe e ainda mostra outros valores. Acho que se eles não souberem sofrer é pior”, diz.

Angélica conta que sofreu mais com essa culpa de ausência com o primogênito, Joaquim. “Mas quem nunca comprou coisas para suprir? Eles já têm até a esperança de a gente viajar e voltar com presente”, frisa. “Tem aquela de quando for sair, não sair escondido, deixar o filho saber. Com o Joaquim, eu não deixava, que era para ele não chorar. Daí isso gerava uma ansiedade nele, do tipo ‘minha mãe desapareceu’. No Benício, que já era o segundo, eu falava ‘a mamãe está saindo’ e ele tinha essa segurança, não chorava”, conta.

(Foto: Reprodução/Instagram)

“Já a Eva tem dois irmãos, é libriana, resolvida. Foi mais fácil. Mas a pouco tempo fui viajar e ela chorou, ficou sentida, caiu a imunidade e ela ficou doente. Então não adianta: fazemos tudo direitinho, avisamos, damos presente, mas a culpa sempre vai existir. Só que a gente tem que passar para os filhos o prazer que temos naquilo. Fazemos pela gente e por eles, porque estando felizes seremos mães melhores. Não adianta ser frustrada, eles sentem, sabem quando tem segurança, verdade”, diz.

Falando em ausência, Angélica e Anna compartilham uma mesma opinião: a licença-maternidade ainda é curta no Brasil. “Realmente acho que seis meses é pouco, primeiro que você se restringe a amamentar apenas por esse período. Nos países desenvolvidos, a licença é de um ano. Acho necessário falar sobre aumento e a melhora da licença maternidade”, diz Angélica, endossada por Anna. “E antes de mexermos em leis, tem coisas que já podemos mudar: a minha secretária, por exemplo, na época que teve neném, eu coloquei um bercinho para o bebê lá em casa. Ela trabalhava tão feliz! Antes de leis, vamos ser mais humanas… o neném vai chorar uma horinha, ela vai dar um peito e só vai ser bom para todos”, explica.

(Foto: Reprodução/Instagram)

Já que o assunto é sororidade, Angélica acredita que, entre mães, ela é ainda maior: “Existe um cordão invisível entre mães. É louco. Quando teve o acidente com meu filho, agora, eu vi que mãe é um bicho que se conecta: a dor de uma é de todas, porque a gente sabe onde o calo aperta. Mexe com tudo meu, menos meus filhos. Eu recebi inúmeras mensagens de pessoas que eu conhecia e pessoas que não, e senti muitas mães sensibilizadas, sentindo a dor junto comigo. Com a maternidade vem um grupo de mulheres que estão ali, e pedir ajuda quando necessário é essencial. Não dá para ser sozinha na maternidade”, define. “E é um laço da mulher. Você pode nunca ter visto aquela pessoa mas se ela é mãe vocês já estão conectadas, tem assunto, gostam desse assunto…”, explica.

Além de maternidade, os próximos podcasts falarão sobre temas como autocuidado, mercado de trabalho e poder coletivo com convidadas como Clelia Bessa, Izabella Camargo, Viviane Duarte, Andreia Rabetim, Celina Joppert e Adriana Dutra. Nós, do site HT, não vamos perder.