Websérie “Mulheres Virais” conta a história de atrizes com mais de 50 anos que resolvem buscar reconhecimento na internet: “Uma idade linda!”


“São personagens com uma grande experiência de vida e bagagem cultural que enxergam na internet, um meio que não existia quando essa geração era mais jovem, um caminho para divulgar seu trabalho”, explica o diretor Guilherme Macedo

mulheres virais

A websérie “Mulheres Virais” conta a história de Susana (Regiana Antonini), Marli (Odete Rocha) e Lúcia (Beth Zalcman), que se conheceram na década de 80 durante um curso de interpretação promovido por um diretor canastrão que seduziu as três, fazendo com que se separassem. Devido à dificuldade de encontrar bons papeis depois dos 50 anos, as três se juntaram novamente, trinta anos depois, na tentativa de rodar um filme independente. Sem sucesso, elas agora agitam a segunda temporada buscando na internet o reconhecimento que merecem – com ajuda do filho de Lúcia, Juca (Bruno Tasca).

“A primeira temporada fez um grande sucesso entre mulheres na faixa dos 40 e 60 anos, um grupo que não é muito representado nas séries de televisão, muito menos na internet”, conta Guilherme Macedo, criador e diretor da websérie. “Hoje, a maioria do que é produzido na web é voltado para os jovens, ignorando um grande número de pessoas mais velhas, que também estão conectadas”, complementa.

Beth Zalcman conta que ainda se enrola, mas usa a internet com frequência: “Me enrolo bem, mas uso a internet, sim, é quase um vício, socorro!”, brinca. “Facebook uso sempre, acho fácil estou bem viciada… Whatsapp, então… família, grupos, às vezes insuportáveis! Mas uso, acho fácil também, mas às vezes peço ‘help’ para os meus filhos”, conta. Sobre a idade e a carreira, ela afirma: “Se deixar, somos consideradas velhas… mas isso é um absurdo. Temos maturidade, é diferente. E acho que isso assusta. Profissionalmente temos muita experiência e estrada, tudo isso com rostos marcados pelo vento, pelo sol… uma idade linda, talvez a mais libertadora para as mulheres, mas a TV e outros meios não valorizam. Amo fazer Mulheres Virais! Aqui somos nós mesmas!”

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Lúcia (Regiana Antonini), Susana (Beth Zalcman) e Marli (Odete Rocha) são as Mulheres Virais | Foto: reprodução Youtube Mulheres Virais

Odete Rocha também comenta sua relação com a web: “Eu acho que tenho uma boa relação com a internet, sim. Considero uma invenção fantástica. Uso Facebook, Whatsapp, YouTube… não conheço o Snapchat, acho que é um aplicativo prá conversar com imagens, é isso? Aliás eu gosto muito de conversar com imagens. Amo o Skype, mas nem sempre a qualidade está boa. Gosto muito de pesquisar coisas no Google. Na verdade A DO RO! E eu uso isso à beça”. Sobre a representatividade das mulheres 50+ na TV, a atriz afirma:”Na minha opinião as mulheres com mais de 50 anos estão muito bem representadas na TV. As melhores atrizes em sua maioria tem mais de 50! Xiiii… não vão gostar de ouvir isso… Mas em termos numéricos, a coisa muda de figura. Porém como não conheço as estatísticas, fica difícil afirmar alguma coisa, a impressão que dá é de que o que aparece na TV não é o que a gente vê na vida…”, finaliza.

“Eu tento acompanhar tudo, até porque tenho uma filha de 14 anos então acabo me modernizando por conta dela. Uso Facebook, Twitter e Instagram, mas não tenho aquela dependência que vejo em algumas pessoas. Posso passar o dia todo sem olhar o celular. Já no computador, é diferente! Passo o dia olhando pra ele, pois também sou roteirista e resolvo tudo pela internet – banco, compra de passagens aéreas, supermercado, etc. Amo essa praticidade! Além disso, posso ver filmes, ouvir músicas, enfim, um luxo”, conta Regiana Antonini. E comenta sobre as “cinquentonas” na TV: “Acho que existem papeis maravilhosos para mulheres na faixa dos 50 anos. O problema é que são sempre as mesmas atrizes! Não que elas não sejam incríveis, mas estamos aqui! Hello! Acho que inclusive, existem autores como Aguinaldo Silva, Walcyr Carrasco e Gilberto Braga que escrevem personagens fantásticos para as cinquentonas! Elas são até mais complexas e portanto, ou mais dramáticas ou mais divertidas que as mais jovens”.

“Acho que existem poucas séries no Brasil que tenham mulheres acima dos 40 como protagonistas. Se nos
Estados Unidos séries como Desperate Housewives, The Good Wife ou How To Get Away With Murder prosperam com protagonistas mais velhas, aqui o nicho precisa ser bem mais explorado. Porque são pessoas – e nesse grupo falo também das atrizes como profissionais – que têm técnica e estofo cultural para interpretar personagens muito mais complexas. Se na televisão, o mercado não valoriza essas profissionais, acho que na internet, que tem os adolescentes e mais jovens como foco de produção e consumo de conteúdo, isso tem acontecido ainda menos. Por isso, acho que aí está a graça e a importância de ‘Mulheres Virais’: personagens com uma grande experiência de vida e bagagem cultural que enxergam na internet, um meio que não existia quando essa geração era mais jovem, um caminho para divulgar seu trabalho. O valor da série está em dizer que pessoas acima dos 40 consomem mais internet do que se imagina”, explica Guilherme.

 

Ficha técnica:

Elenco: Regiana Antonini, Beth Zalcman, Odete Rocha e Bruno Tasca

Participação especial: Andrezza Abreu (Zéfira)

Direção: Guilherme Macedo e Paola Veiga

Roteiro: Guilherme Macedo

Créditos da foto: Luan Baptista

Todos os episódios estão disponíveis no Youtube e no Facebook da websérie