Sabrina Sato: “Procuro ajuda, não tenho vergonha. Nunca deixei o Déficit de Atenção me prejudicar”


Através do desabafo de Fiuk no Big Brother Brasil 21, o tema Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ganhou destaque. Ouvimos a psiquiatra Mariana Pizarro sobre o assunto e a apresentadora Sabrina Sato falou com exclusividade ao site sobre a descoberta do transtorno e como lida com ele na vida: “Nunca me mediquei, mas faço terapia, sempre fui de escrever, de tentar organizar as ideias, porque sempre valorizei os pontos positivos da pessoa com Déficit de Atenção e acho que a criatividade é uma delas. Nunca quis perder essas características. Achava que tudo isso me deixava ser única, espontânea e preferi continuar e me ajeitar do jeito que sou (risos)”

*Por Brunna Condini

Mal começou e o Big Brother Brasil 21 já vem dando o que falar. Nesta terça-feira (dia 26) o ator e cantor Fiuk revelou em conversa dentro do confinamento que tem TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade. Ele contou ainda, que teve dificuldades de aprendizagem na escola até ser diagnosticado, além de sofrer bullying entre os colegas. “Não era nada positivo na escola, os moleques acabavam comigo. Eu não conseguia ser amigo de ninguém. As meninas sempre ficavam com dó, mas até a minha pré-adolescência foi brabo. Precisei ler muito para conhecer o que era DDA (outra sigla para TDAH)”, desabafou.

"Não era uma coisa positiva na escola, os moleques acabavam comigo. Eu não conseguia ser amigo de ninguém. As meninas sempre ficavam com dó, mas até a minha pré-adolescência foi brabo" (Reprodução)

“Na escola, os moleques acabavam comigo. Eu não conseguia ser amigo de ninguém. As meninas sempre ficavam com dó, mas até a minha pré-adolescência foi brabo” (Reprodução)

O assunto repercutiu nas redes, ficou entre os principais assuntos do Twitter e motivou discussão. Mas afinal, o que é o TDAH? “É uma condição psiquiátrica que afeta indivíduos de todas as idades. Suas características centrais são a diminuição na capacidade atencional, o aumento da impulsividade e a hiperatividade”, esclarece a psiquiatra Mariana Pizarro. “Os pacientes podem manifestar diferentes intensidades de cada um dos sintomas, o que explica as várias possibilidades de apresentação do transtorno. Invariavelmente, o quadro traz prejuízos, não somente durante a infância, mas também na vida adulta”

E Mariana acrescenta: “Além das dificuldades no período escolar, pacientes com TDAH tendem a apresentar problemas para concluir a vida acadêmica, dificuldades para manter empregos e relacionamentos estáveis. Mas tem tratamento e os recursos disponíveis incluem a psicoterapia e medicamentos, quando indicados. Infelizmente, a divulgação de informações confiáveis e de qualidade sobre a maioria dos transtornos mentais ainda é pequena. Trazer à tona esse tema, especialmente em veículos de grande circulação, é a melhor forma de ajudar os pacientes a entenderem o que sentem e buscarem a ajuda que precisam”.

“Sempre desconfiei que eu tinha TDAH. Pela minha inquietude, pelas mil ideias que vinham na minha cabeça e eu não conseguia organizar" (Foto Fernando Thomaz)

“Sempre desconfiei que eu tinha TDAH. Pela minha inquietude, pelas mil ideias que vinham na minha cabeça e eu não conseguia organizar” (Foto: Fernando Thomaz)

Sabrina Sato também sentiu na pele o transtorno e falou com exclusividade ao site HT. “Sempre desconfiei que eu tinha TDAH. Pela minha inquietude, pelas mil ideias que vinham na minha cabeça e eu não conseguia organizar. E também porque conseguia prestar à atenção em muita coisa ao mesmo tempo. Tinha aquele hiper foco e tentava focar em uma coisa só”, revela a apresentadora da Record. “Li o ‘Mentes Inquietas’ (de Ana Beatriz Barbosa Silva) e me identificava com todas as características sobre Distúrbio de Déficit de Atenção”.

A autora destaca em seu livro que muitas pessoas com TDAH “encontraram uma forma de lidar com suas características sem prejuízos à qualidade de vida. Sem tratar o transtorno como um problema, a autora destaca como as pessoas com TDAH geralmente são criativas, muito ativas e capazes de ser hiperconectados em temas e atividades que lhes despertam interesse.

“Nunca me mediquei, mas sempre fui de escrever, de tentar organizar as ideias, porque sempre valorizei os pontos positivos e acho que a criatividade é exemplo” (Foto: Fernando Thomaz)

A apresentadora vai lançar o novo quadro, ‘Sala da Sato’, em seu canal do Youtube, em fevereiro, e conversou conosco após um dia de gravações. “Quando eu identifiquei, falei: ‘eu mesma vou me cuidar’. Não queria tomar remédio, sempre fiz terapia, então tinha a ajuda da psicóloga, porque sempre procurei me autoconhecer. O autoconhecimento é muito importante para a gente descobrir o quer na minha vida, se relacionar com as outras pessoas, por isso sempre fiz terapia. Meus pais são psicólogos também”, diz.

“Nunca me mediquei, mas sempre fui de escrever, de tentar organizar as ideias, sempre tive ajuda de pessoas trabalhando comigo, porque valorizei os pontos positivos da pessoa com Déficit de Atenção e acho que a criatividade é um exemplo. Nunca quis perder essas características. Achava que tudo isso me deixava ser única, espontânea e preferi continuar e me ajeitar do jeito que sou (risos). Claro que vivi momentos em que tive problemas de autoestima em função da desatenção, mas sempre fui uma boa aluna na escola e, às vezes, nos relacionamentos as pessoas me cobram mais atenção (risos)”.

“Eu procuro ajuda, não tenho vergonha. Nunca deixei o Déficit de Atenção me prejudicar, sempre tentei usar a meu favor” (Foto: Fernando Thomaz)

Sabrina afirma que nunca deixou o transtorno atrapalhar a sua vida. “Eu procuro ajuda, não tenho vergonha. Nunca deixei o Déficit de Atenção me prejudicar, sempre tentei usar a meu favor. E o que ajuda muito é atividade física, estar sempre com horários definidos, ter pessoas que me ajudam a organizar minha agenda. Isso tudo ajuda bastante. Acho muito importante a gente falar sobre o tema e é muito legal esse espaço aqui para falar”.