Sucesso! ‘Pé na Cova’ estreia segunda temporada abordando temas polêmicos


No seriado da Globo, os dramas do cotidiano, o preconceito em debate e os tipos mais diversos

Um cenário cotidiano do subúrbio carioca, uma família de classe média baixa com pessoas um tanto esquisitas e muito humor. Esses são os elementos que Miguel Falabella buscou para ir na contramão de  tudo o que  já foi visto na TV  e criar um programa humorístico com grande diferencial. A começar pela linguagem adotada pelos personagens.  Ao buscar uma mescla de problemas comuns de toda família, diversidade sexual e um toque de bizarrices, o autor da série ‘Pé na Cova’ conquistou grande público, com críticas e pontos de vista consolidados sobre a sociedade atual.

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Autor da série, Miguel Falabella sabe melhor que ninguém falar com o grande público. Foto: Divulgação/TV Globo

No primeiro capítulo da segunda temporada, exibido ontem (2), o casal de lésbicas, interpretado pela cantora Mart’nália e a atriz Luma Costa, tem um novo lar;  um lugar único onde, agora, as duas vivem com um filho adotivo, que não abre mão de chamar a segunda mãe (Mart’nália) de “pai”. Isso mostra mais uma vez o quanto uma relação de carinho e afeto pode derrubar qualquer preconceito.

De encontro mais uma vez com a realidade, um grupo com viés conservador, organiza um protesto no Irajá e pede a expulsão da família que possui ‘uma criança que tem um pai sapatão, uma mãe stripper e um tio travesti (Maurício Xavier)’, como disse a personagem de uma vizinha indignada. Em seguida, o motorista da funerária (interpretado por Alexandre Zacchia) dispara: “Se ninguém se indignar com a vida que a gente leva, é sinal de que a moral se perdeu”.  A cena faz uma alusão ao conceito da moral, que pode ser fruto da consciência coletiva de uma determinada sociedade e cultura e, no entanto, está propícia a variar através da dinâmica dos tempos. Prova disso são os programas de TV tornarem-se cada vez menos elitistas e  tratarem de temas que, com o tempo, passam a ser discutidos abertamente.

Outro ponto interessante abordado no seriado é o convívio em comunidade e as soluções – tortas ou não – encontradas para resolver os problemas do próximo. Na lanchonete-trailer do bairro, um morador de rua (vivido por Magno Bandarz) sem comer há alguns dias, rouba um pão e o devora. Acusando-o de ladrão, um outro rapaz do bairro, dá uma surra no sujeito, sem nem ouvir explicações: ‘Aqui na comunidade ninguém aceita nada de errado’, dispara. Ruço (Miguel Falabella), ao ver a cena, salva o pobre homem do linchamento e ainda arruma um emprego na oficina de Tamanco (Mart’nália).

Ruço (Miguel Falabella) salva Clecio (Magno Bandarz) de ser linchado pelos morados do Irajá. Foto: Divulgação/TV Globo

Ruço (Miguel Falabella) salva Clecio (Magno Bandarz) de ser linchado pelos morados do Irajá. Foto: Divulgação/TV Globo

Sem qualquer pretensão de afrontar correntes opostas, texto direto, elenco afiado e originalidade que lhe é peculiar, Falabella dá início a mais uma temporada de sucesso.

 

Por Nayanne Louise