“O Brasil lidera o ranking dos países com maior número de mortes de ativistas ambientais”, frisa Vitor Thiré


O ator está no ar na nova produção da plataforma Globoplay, a série “Aruanas”, que conta a história de ativistas de uma ONG em defesa da Amazônia e também colhe os louros na novela “Órfãos da Terra”

*Por Karina Kuperman

Vitor Thiré em dose dupla na TV. Vivendo o judeu Davi em “Órfãos da Terra”, trama das 18h, ele estreou na nova produção da plataforma Globoplay, a série “Aruanas”, que conta a história de ativistas de uma ONG em defesa do meio ambiente. Produzida em parceria técnica com o Greenpeace e apoio de cerca de 28 ONGs de atuação internacional, a série é uma das grandes apostas da emissora, mistura ficção com realidade e tem levantado debates sobre a preservação da biodiversidade, além de alertar para a crise ambiental mundial e valorização do trabalho de ativistas. “Agora, mais do que nunca, precisamos mostrar para o mundo inteiro o que realmente está acontecendo na Amazônia. Precisamos valorizar e preservar nosso pulmão do mundo e maior berço de diversidade natural”, frisa.

Vitor Thiré vive o ativista André em “Aruanas” (Foto: Karen Gadret)

Seu personagem na série, André, não chegou de mãos beijadas: “Eu estava em cartaz, ano passado, com a peça ‘Vou deixar de ser feliz por medo de ficar triste?‘ – que me rendeu meu primeiro prêmio como ator coadjuvante e uma outra indicação -, quando minha amiga Thainá Duarte, com quem eu já tinha trabalhado em ‘Se eu fechar os olhos agora‘ foi assistir a peça. No final, ela me disse que estava em ‘Aruanas’ e que o elenco ainda não estava totalmente fechado. Entrei em contato com a produção, dei um jeito de fazer o teste em São Paulo e passei. A ficha está caindo até agora”, comemora. “O André é um ativista de campo da ONG ‘Aruana‘ que denuncia crimes ambientais que ocorrem na Amazônia e a exploração de uma grande mineradora. A série valoriza o trabalho dos ativistas, importantíssimo, pois, o Brasil é o país que mais mata ativista no mundo”, lamenta.

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E seu personagem Davi, de “Órfãos da Terra“, também tem sido sucesso. O judeu que larga a carreira militar por amor a uma jovem árabe conquistou o público. “Tivemos preparação no início do processo, através de aulas de costumes judaicos, prosódias para aprender o hebraico. Para compor o Davi, eu pesquisei em filmes e documentários a vida dos jovens soldados israelenses que vão servir o exército aos 17 anos”, conta. Davi chegou ao Brasil para evitar o casamento da irmã com um árabe e, agora, também está apaixonado e desconstruindo os estigmas que tinha. “É importante dizer que o amor vence toda e qualquer barreira e preconceito. A obra não levanta bandeira para nenhum dos lados da religião, apenas enaltece que o amor deve superar qualquer diferença”, explica. E será que ele, assim como seu personagem, largaria tudo por amor? “Se for amor de verdade, com certeza isso fala mais alto que qualquer coisa. Ainda mais quando a outra opção é a guerra”.

Vitor vive o jovem soldado Davi em “Órfãos da Terra” (Foto: Reprodução/ Paulo Belote – TV Globo)

A novela, que põe uma luz na crise humanitária dos refugiados, conta com alguns deles no elenco. “É sensacional podermos retratar, ainda mais nos dias de hoje, em uma obra aberta, temas como esse. Pessoas em situação de refúgio praticamente não têm voz perante à sociedade, muito menos perante às autoridades. ‘Órfãos da Terra‘ veio, sobretudo, para dar voz à essas pessoas. E trabalhar com refugiados no elenco é uma oportunidade ímpar, absolutamente maravilhosa. A troca é muito enriquecedora para ambos os lados”, analisa.

O ator destaca a importância de se abordar a questão dos refugiados na televisão (Foto: Karen Gadret)

Além da televisão, Vitor já atuou em diversas peças, e, como mencionado acima, é um ator premiado no teatro – para onde pretende voltar ao fim da trama das 18h. “Acabando a novela, estou com alguns projetos engatilhados pensando em voltar aos palcos o mais breve possível. Não consigo ficar longe muito tempo. Dá coceira”, brinca ele, que consegue apontar claras diferenças de atuação nas diversas artes. “Na TV, pelo fato de a câmera estar fechada em você e ter um microfone bem próximo, não precisamos projetar a voz para 300 pessoas, como em um teatro, além do fato de que, se algo não der certo na hora da gravação, corta-se e repete-se a cena. No teatro, ensaiamos no mínimo dois meses para fazermos um único take de uma hora e meia. Sem corte. Amo tanto um quanto o outro”.