*Por Brunna Condini
Local que é ponto de encontro das tramas principais de ‘Terra e Paixão’, o Bar da Cândida (Susana Vieira, que despediu-se da personagem e da novela há dois meses) ou agora, Bar da Nice (Alexandra Richter), também é um núcleo de diversidade, já que reúne pessoas e formas de amar plurais. Na pele de Graciara, umas das garçonetes do bar, a argentina Natália Dal Molin faz sua estreia nos folhetins brasileiros e fala da própria liberdade de não se permitir encaixar em padrões.
Bissexual, ela opina sobre o motivo pelo qual o ‘B’ da sigla LGBTQIAPN+ ainda sofre preconceitos e muitas vezes ressalvas até da própria comunidade. “Vivemos em uma sociedade machista e muito binária. Se pode ser isso, mas não se pode ser aquilo. Quando nós, bissexuais, nos posicionamos em algo que transita entre dois mundos, quebramos o sistema”, analisa a atriz, acrescentando: “Acho que desde sempre eu soube que todos podemos nos apaixonar por pessoas independente do sexo”.
Tento agir com amor quando sinto algum preconceito relacionado à minha liberdade – Natália Dal Molin
A argentina Natália Dal Molin) está em ‘Terra e Paixão’ como Graciara (Divulgação/ Globo)
Construindo a carreira no Brasil
Rosto conhecido em filmes e produções em seu país, a atriz também poderá ser vista em breve na série do Globoplay ‘As aventuras de José e Durval‘, que estreia nesta sexta-feira (18), e fala da história de Chitãozinho e Xororó. “Faço a Galopeira, uma Paraguaia por quem o pai deles se apaixona e acaba escrevendo uma música”, conta Natália, que também está no longa ‘Apaixonada‘ ao lado de Giovanna Antonelli, com previsão de estreia ainda este ano.
Amo o Brasil, sua magia, por isso moro aqui. Mas sou muito Argentina, também amo tomar mate, hablar espanhol e falar palavrão na minha língua – Natália Dal Molin
Nascida em Rosário, terra de do jogador argentino Lionel Messi, que fica a três horas de Bueno Aires, ela diz que sua primeira novela tem sido um celeiro de aprendizados, e que a união do seu núcleo dramatúrgico formado também pela atriz Thati Lopes (Berenice), Valéria Barcellos (Luana), pelo ator e drag queen Diego Martins (Kelvin), Leticia Laranja (Flor), Ignacio Luz (Nando), Merícia Cassiano (Ina) e Marcio Tadeu (Zezinho), foi levada para vida. “Amamos ficar juntos, conversar, rir e falar das nossas intimidades. Estou aprendendo com as diferentes energias que circulam ali e com maneiras de cada um interpretar”.
Natália Dal Molin e os bastidores do Bar da Cândida em ‘Terra e Paixão’ (Reprodução/ Instagram)
E fala do contato nos bastidores com Susana Vieira, que foi ótima parceira para a iniciante atriz de TV – a mesma irreverente Susana que já virou até meme depois de pegar o microfone de Geovana Tominaga no extinto Video Show em 2009, dizendo que não tinha a menor paciência para alguém que estava começando. “Susana é muito divertida! Nas gravações, ela amava falar em espanhol comigo e sabe muitas coisas de meu país”, diz sobre a atriz, que já morou em Buenos Aires.
Acho que desde sempre eu soube que todos podemos nos apaixonar por pessoas independente do sexo – Natália Dal Molin
Natália Dal Molin, Barbara Reis e Susana Vieira nos bastidores de ‘Terra e Paixão’ (Reprodução/Instagram)
Argentina e Brasil
Natália deu mesmo match com o Brasil. “Em 2013, eu fiz meu primeiro trabalho aqui e amei. Depois, sempre voltava para campanhas de publicidade e, em 2018, fui convidada para atuar em ‘Hard‘, a série da HBO que aborda uma temática super interessante: o feminismo dentro da indústria pornô. Uma comédia maravilhosa protagonizada por Natalia Lage. Na sequência, fui para a Europa fazer ‘’Maradona Sueño Bendito’, série da Amazon Prime, sobre a vida do astro do futebol, na qual interpreto Mary, irmã dele. Aí, a Globo me convidou para fazer outra série, mas acabou sendo cancelada na pandemia. Agora veio a novela e estou muito feliz. O amor pelo trabalho, pelas formas em outros corpos, são minha paixão”.
“Aqui no Brasil o sonho é trabalhar com a Xuxa! E na Argentina, com o Ricardo Darin” (Divulgação)
Ela também compartilha memórias de quando ainda sonhava em se tornar atriz em sua terra natal. “Eu era ingênua e sonhadora. Lembro de ficar dançando na janela da minha casa enquanto ouvia música no walkman. Pensava que alguém poderia ver a minha criatividade e entrega e me chamar para atuar (risos). Minha família mora toda lá e eu vou pelo menos uma vez por ano visitá-la”. E garante que o coração não se deixa dividir entre Brasil e Argentina: “Sinto que sou uma pessoa que ama tanto o Brasil que só consegue se imaginar nessas terras, que têm tanta magia e espetacularidade, por isso moro aqui. Mas sou muito Argentina, amo tomar mate, hablar espanhol e falar palavrão na minha língua”.
E entrega com quem sonha trabalhar daqui para frente: “Aqui no Brasil é com a Xuxa! E, na Argentina, com o ator, roteirista e diretor Ricardo Darin“.
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