Keep walking: em “Velozes & Furiosos 7”, o cinema se despede de Paul Walker. HT confere a produção que estreia nesta quinta!


Na companhia de Vin Diesel, Dwayne Johnson, Jason Statham e Kurt Russell, astro falecido em 2013 dá seu canto do cisne nas telas, mas antes se encarrega de botar Abu Dhabi abaixo

Até sua brutal morte em um acidente de automóvel, Paul Walker (1973-2013) participou de 31 produções que o transformaram em um astro de filmes de ação, se tornando parte daquela nova turma que, a partir do final dos anos noventa e sobretudo na década passada, começou a galgar o sucesso com sede para substituir nas marquises de cinema a geração de brutamontes anos 1980, capitaneada por Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Bruce Willis, Wesley Snipes e Jean-Claude Van Damme. Seu olhar 43 formado por duas bilhas azuis foi seu principal passaporte para ingressar em um time onde os colegas muitas vezes tinham mais músculos, mais tatuagens e quase sempre a cabeça raspada, como Vin Diesel, Dwayne Johnson e Jason Statham.

Entre seus pares, o ator fazia aquela linha de eterno conquistador das mulheres, com quem os espectadores desse tipo de realização gostariam de se parecer, sendo talvez o único da patota que também atraía a atenção do público feminino justamente por conciliar a veia de bad boy com esse aspecto de galã desprotegido. Agora, chega nos cinemas nesta quinta-feira (2/4) “Velozes & Furiosos 7” (Fast & Furious 7, de James Wan, Universal, 2015)”, seu derradeiro trabalho, que funciona também como uma espécie de epitáfio, embora o longa-metragem dê mais destaque ao seu companheiro na série, Vin Diesel, ainda que na edição final o diretor se encarregue de prestar uma espécie de tributo a Walker, muito possivelmente por conta do seu ocasional desaparecimento.

Walker: olhos de lince que agradavam o mulherio e presença interrompida no panteão na nova geração dos astros de ação (Foto: Reprodução)

Walker: olhos de lince que agradavam o mulherio e presença interrompida no panteão na nova geração dos astros de ação (Foto: Reprodução)

Como seria de se esperar, o longa se encarrega de unir o melhor dos efeitos CGI atuais em um espetáculo visual no qual a estetização da violência, sintetizada por belas máquinas possantes e coreografias de luta, procura compensar a falta de inspiração dos roteiristas, acomodados no desenvolvimento da trama, mas capazes de brindar a plateia tanto com cenas mirabolantes de “Missão Impossível” quanto diálogos dignos do antigo Mobral. Não importa.

Trailer oficial (Divulgação)

Os personagens têm pouquíssima profundidade emocional e proferem aquelas gracinhas, mas os fãs da saga possivelmente darão gargalhadas nas salas de exibição. E não é para isso que esse tipo de filme é feito, para entreter massas de músculo ambulantes ou nerds que gostariam de tê-los? Funciona que é uma beleza e não é à toa que a série chegou ao sétimo filme, com mais um curta a caminho, atualmente em pós-produção.

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Depois de viajar para lugares como Londres, Tóquio e Rio, dessa vez o time de aventureiros capitaneado por Walker, Diesel e Michelle Rodriguez vai parar em Abu Dhabi, onde se encarrega de detonar as Etihad Towers – um marco da moderna arquitetura dos emirados –, assim como uma festinha promovida por um magnata do petróleo e uma galeria de arte dentro delas. E por que não? Os produtores do filme querem mesmo é faturar com o frenesi dos golpes de ação e a destruição de exemplares dos milenares Guerreiros de Xian expostos no tal espaço. É uma deixa de que a preocupação de quem produz esse tipo de filme não é fazer arte, mas faturar uma bocada com a adrenalina alheia. Óbvio. Ainda que em séries como “Os Mercenários” (The expendables, Millenium Films e outros) seja possível faturar na bilheteria explorando os muques com humor e lampejos de autorreferência acima da média.

Etihad Towers: pérola arquitetônica do Golfo Pérsico detonada pelos aventureiros no filme (Foto: Reprodução)

Etihad Towers: pérola arquitetônica do Golfo Pérsico detonada pelos aventureiros no filme (Foto: Reprodução)

Para completar o elenco, o diretor escalou quem? Dwayne Johnson – talvez o mais carismático de todos os astros de pancadaria atuais, com mais propensão a ocupar o espaço que já foi de Schwazenegger – e Jason Statham, além de um digno integrante da fornada de canastrões dos anos 1980: Kurt Russell que, pelo seu biotipo ( olhos azul “Liz Taylor” e queixo de Johnny Bravo), equivalia nessa época ao que Walker representou na década passada. E mais: entre os vilões, dá expediente Djimon Hounsou (“Amistad”, “Gladiador”, “Constantine”, “Guardiões da Galáxia”) um ator que sabe abrilhantar superproduções de qualquer espécie com competência. Bola dentro em ambos os casos. Com mais um detalhe: Iggy Azalea faz uma ponta.

O cravo e a rosa: Diesel ao lado de Azalea em cena de "Velozes & Furiosos 7" (Foto: Divulgação)

O cravo e a rosa: Diesel ao lado de Azalea em cena de “Velozes & Furiosos 7” (Foto: Divulgação)