Gregório Duvivier conta os projetos para 2017 e adianta que Porta dos Fundos irá estrear programa de humor político no Youtube: “O ideal é não fazer algo muito partidário”


Interessado nos movimentos sociais em tempos de crise política, o ator e humorista contou que visitou e apoia as ocupações nas escolas públicas brasileiras. “Eu acho que, principalmente os jovens, cansaram de ver tudo acontecer sempre igual e querem fazer política de um jeito novo.”

Com suas tradicionais opiniões fortes, Gréogrio Duvivier fez balanço do último ano e adiantou os projetos para 2017. Em entrevista ao HT, o humorista e um dos criadores do Porta dos Fundos, destacou o ano de conquistas para o canal que ganhou as telonas dos cinemas no último ano com o longa “Contrato Vitalício”. “Para o Porta dos Fundos foi um ano intenso porque lançamos nosso primeiro filme e muito importante, já que completamos quatro anos de histórias e desafios. Em 2016, principalmente, tivemos muitas dúvidas e obstáculos por ser um ano de crise em que ninguém estava entendendo direito o que estava acontecendo e tínhamos um país muito polarizado em dois lados, o que dificultou fazer humor. A nossa questão era como fazer rir em um panorama nacional em que todos os temas era muito espinhosos”, disse.

Se para a sociedade a questão política foi um problema e fonte de muita preocupação, para o Porta dos Fundos foi inspiração e alimento para dezenas de vídeos de sucesso. Com uma média de quatro milhões de visualizações por produção no YouTube, Gregório Duvivier acredita que o riso é uma consequência do trágico. “Eu acho que o humor se alimenta muito das tensões e contradições de um país. No momento em que o Brasil está dividido e com opiniões fortes, a tendência é que a graça floresça. Mas isso não é garantia de um humor fácil. Pelo contrário, a dificuldade é o mote. A piada é engraçada quando é arriscada”, declarou.

Em 2017, Gregório Duvivier estreia programa de humor político (Foto: Reprodução)

Em 2017, Gregório Duvivier estreia programa de humor político (Foto: Reprodução)

E o tema política segue forte entre os humoristas do Porta dos Fundos. Para 2017, Gregório Duvivier revelou que o canal irá estrear um programa sobre o assunto. “O ideal é não fazer algo muito partidário. Nossa linha será de um humor que ri de tudo e tenta explicar a vida política para os jovens, que nem sempre estão interessados”, adiantou o humorista que destacou a opinião própria como elemento chave para um momento de crise política, social e ideológica no país. “Eu tento ver essa situação sem preconceitos e busco formar uma opinião que não seja a mesma de todos. É importante a gente pensar com a própria cabeça”, disse.

Para o ano que acaba de começar, Gregório também tem planos para o teatro. Em janeiro de 2017, o ator e os companheiros de Porta dos Fundos voltam aos palcos com o espetáculo Portátil em São Paulo. Já em fevereiro, a peça ficará em cartaz no Rio de Janeiro. Viajando o Brasil com o teatro, Gregório Duvivier contou que o público jovem é presença majoritária nas sessões. Inserido neste universo, o ator reconheceu que os mais novos estão com novos e importantes questionamentos do atual cenário nacional. Prova disso, como apontou Gregório, é a ocupação das escolas públicas pelos alunos da rede. Ele, que tem frequentado esses movimentos para, segundo o ator, entender as reivindicações dos jovens, se disse a favor da ocupação.

O ator contou que apoia as ocupações nas escolas públicas e definiu o movimento como "lindo" (Foto: Reprodução)

O ator contou que apoia as ocupações nas escolas públicas e definiu o movimento como “lindo” (Foto: Reprodução)

“Eu acho que é um momento lindo. Apesar da onda reacionária, existe um grupo gigantesco com a vertente progressista representada pela juventude. Eu acho que, principalmente os jovens, cansaram de ver tudo acontecer sempre igual e querem fazer política de um jeito novo. Uma das formas, por exemplo, é ocupando com ações diretas. Eles não confiam tanto nos representantes, preferem fazer política com as próprias mãos”, argumentou Gregório Duvivier.