Exclusivo! Na SPFW, Isabel Wilker conta que não é fácil viver de arte no país e fala do peso do sobrenome: “A pior comparação foi a minha”


A atriz nos contou que está expandido seus talentos nas artes, se preparando para lançar o primeiro livro da Confraria da Colagem, grupo de 34 artistas que trabalham com colagens manuais

O sobrenome de Isabel Wilker já entrega: sua veia pulsa forte pela artes, quase que como uma predestinação. Filha do ator, cineasta e crítico José Wilker (1944-2014) com a também atriz Mônica Torres, Isabel já tem novela (“Geração Brasil”), peça de teatro (“Brincar de Pensar”) e seriado (“O Negócio”) em seu currículo. Sempre andando com suas próprias pernas e galgando seus espaços pelo talento apresentado, ela contou em entrevista ao HT na fila A do desfile de Ronaldo Fraga na 20ª São Paulo Fashion Week: “Ter o meu sobrenome jamais foi ruim. O que aconteceu no começo é que a pior comparação foi a minha. A exigência mais grave não partiu dos outros, e sim de mim. O que mais me travou foi a vontade ser tão boa quanto os meus pais, de não decepcioná-los”.

José Wilker

Mas hoje, ela garante, o comportamento mudou. “Não é mais, porque eu comecei a trabalhar de fato, encarar a vida profissional, e vi que não é bem assim. Tenho confiança na minha formação, no meu trabalho, e isso foi o melhor, na verdade, de os meus pais serem atores também. Aprendi a ter muito cuidado e muito respeito com a profissão. Aprendi que você nunca para de aprender”, disse. Interpretando a personagem Lívia na terceira temporada da série “O Negócio”, dirigida por Michel Tikhomiroff e Júlia Jordão no HBO, Isabel, desde o começo no projeto, já percebe as diferenças entre falar para o público da TV Paga e o da TV Aberta. “Como série é uma obra totalmente fechada, é diferente da novela, por exemplo, em que eles fazem focus group (discussão com o público) e tem mais tempo de uma novela para outra”.

E as comparações não param por aí: “Na HBO, a gente teve quatro meses para gravar a temporada toda. Tem um gostinho de cinema porque são duas câmeras, o cenário demora a montar e desmontar”. Predileção por uma seara da dramaturgia, no entanto, ela garante não ter. “Acho novela também algo supermágico e bem mais difícil de fazer, porque você tem que estar muito mais concentrado por causa do ritmo, é uma coisa enlouquecedora”, opinou. Câmeras à parte, Isabel Wilker está expandido seus dons artísticos, já que se prepara para lançar o primeiro livro da Confraria da Colagem, grupo de 34 artistas que trabalham com colagens manuais.

O projeto está em fase de captação de recursos por meio de financiamento coletivo, e reunirá trabalhos com tesoura, recortes, cola e, algumas vezes, também tinta. Diagramado e pronto pra ser impresso, o livro terá edição limitada, com uma tiragem de mil cópias e 148 páginas. “Eu já faço isso há um tempo, desde 2009. Era uma coisa muito só para mim, um passatempo, mas comecei a fazer com mais dedicação, fui me profissionalizando no segmento e, quando fui ver, vi que tinha um portfólio bacana que achei que merecia mostrar”, nos explicou. Se é fácil viver de arte no Brasil? “Não é, como tudo. Aliás, não tem uma profissão fácil. Mas dificuldades são compensadas por outras coisas”. Nós bem imaginamos, Isabel.