Estreante em novelas, Edu Coutinho atua em “Bom sucesso” e diz: “TV é veículo estratégico e também campo de batalha”


Mestre em artes cênicas, Edu foi convidado pelo diretor, Fábio Zambroni, para viver Fábio, personagem que entrou na trama para desvendar a morte do irmão

*Por Karina Kuperman

O baiano Edu Coutinho fez sua estreia em novela em “Bom sucesso” como Fábio, irmão que faz de tudo para esclarecer a morte de Felipe, vivido por Arthur Sales. “Ele acaba se envolvendo em novas investigações que podem dar alguma dor de cabeça ao Diogo, vilão da novela”, adianta Edu, que confessa o frio na barriga ao entrar numa trama que está chegando ao fim. “É um desafio, porque o elenco já está há meses entrosado, com os personagens bem construídos, com uma relação amadurecida com o público… Além disso, esta é a minha primeira experiência na TV, então existe esse outro medo, porque é um território desconhecido. Estou aprendendo esse novo jeito de atuar. No início foi difícil entender que eu iria aprender a fazer ali, errando, e na frente de milhões de pessoas”, conta.

“A televisão tem um alcance assustador, e eu estou aprendendo esse novo jeito de atuar ali, na frente de milhões de pessoas. Mas existe também uma alegria enorme, porque estou em um trabalho que admiro, com artistas que admiro, num momento em que é cada vez mais necessário defender a arte, o teatro, o cinema, a literatura. A televisão é um veículo de comunicação muito estratégico e é também um campo de batalha”, acredita.

Edu Coutinho (Foto: Ricardo Borges)

Ao lado de nomes como Antônio Fagundes, Grazi Massafera, Rômulo Estrela, Ingrid Guimarães, Fabiula Nascimento e outros, Edu ressalta o entrosamento nos bastidores: “O elenco e a equipe são maravilhosos. Se eu não tivesse sido tão bem recebido, com certeza teria sido ainda mais difícil. Estou ao lado de alguns artistas que admiro há muito tempo, e de outros que conheci conferindo a novela, mas que também admiro um monte. E todos eles têm sido muito abertos e muito acolhedores”.

Mestre em artes cênicas pela Universidade Federal da Bahia e morando no Rio de Janeiro há pouco mais de um ano, Edu lembra como surgiu a oportunidade de atuar na trama das 19h. “Me pegou completamente de surpresa. Eu não imaginava que faria uma novela, não nesse momento. Estava há alguns meses em Salvador, totalmente focado na defesa da dissertação de mestrado, e recebi uma ligação de Fábio Zambroni, produtor de elenco de ‘Bom Sucesso’, me chamando para fazer o personagem Fábio, que é inclusive uma homenagem dos autores a ele. Nós nos conhecemos por acaso, na plateia de uma peça de teatro, cerca de um ano antes, quando eu tinha acabado de me mudar para o Rio. Depois desse dia, ele buscou o meu vídeo cadastro lá na Globo e tempos depois apresentou o vídeo para a equipe da novela. Só soube disso tudo muito tempo depois, quando ele me chamou para o papel”, diz. “O Zambroni é muito atento e busca dar oportunidade a artistas que nunca fizeram TV. ‘Bom Sucesso’ tem muitas caras novas, isso é muito legal”, elogia.

O baiano estreou nas novelas em “Bom sucesso” (Foto: Ricardo Borges)

Antes mesmo de estrear na trama, Edu já acompanhava a história. “‘Bom Sucesso’ me fisgou no primeiro capítulo. Muito antes de saber que iria entrar no elenco eu já assistia e já admirava a novela. É um trabalho que fala da morte de uma forma natural, bonita, poética, coisa rara na nossa cultura, e que tem a literatura como seu grande personagem. De quebra, ainda consegue abordar diversos temas sociais de uma forma ao mesmo tempo sutil e contundente. Tudo isso com leveza, humor, lirismo. É uma honra estar em um produto assim. E é muito simbólico que ele tenha ótimos resultados de audiência. É prova de que não se deve subestimar o público”, diz. De fato, a trama de Rosane Svartman e Paulo Halm é sucesso e tem sido considerada por críticos uma das melhores novelas no ar.

Mestre em artes cênicas, ele foi convidado para a trama pelo produtor de elenco Fábio Zambroni (Foto: Ricardo Borges)

A longa experiência no teatro, claro, fez com que Edu chegasse à TV com uma base sólida. “No teatro foi onde aprendi a atuar, mas também a pensar a arte como uma ferramenta de reflexão, de debate, de transformação. Me formei num teatro que me ensinou a ser ator mas ao mesmo tempo a produzir, divulgar, montar e desmontar cenário, ficar na bilheteria… Tudo isso de alguma forma me acompanha. Tudo me ajuda a estar presente, consciente, na hora de fazer uma cena, ainda que a TV, por ser uma outra linguagem, exija de mim uma outra voz, um outro corpo, um outro olhar”, analisa.

“Mas sem dúvida a maior dificuldade na TV foi o tempo. Fiquei assustadíssimo quando percebi, no meu primeiro dia de estúdio, que não havia tempo para experimentar, repetir, tentar de um outro jeito… O ritmo de produção é frenético, as cenas são gravadas muito rapidamente, porque são dezenas pra rodar em cada novo dia, então o ator não tem muito tempo pra criar. Você tem que entregar algo pronto, pois tudo é feito em minutos, mas ao mesmo tempo tem que entregar algo fresco, vivo, verdadeiro, ou seja, algo que não pareça pronto. Esse tem sido, pra mim, o grande desafio”.