Elyfer Torres, atriz mexicana que vive “Betty, a feia em Nova York”, fala sobre feminismo e desejo de conhecer o Brasil


A atriz conta como é aparecer desconstruída na televisão: “É incrível poder quebrar um estereótipo de beleza que só nos leva a nos sentir mal com nossos corpos”

*Por Karina Kuperman

“Betty, a feia” é uma trama de sucesso em diversos países que já ganhou reprises e remakes. A história que gira em torno de uma mulher humilde e inteligente, considerada feia segundo a ditadura dos padrões de beleza, aborda temas como bullying e feminismo. Na última semana, uma nova versão, totalmente repaginada chegou ao Brasil. Trata-se de “Betty a feia em Nova York”. Disponível no Netflix para 190 países e no ar no SBT, a trama conquistou um público fiel e é o terceiro lugar de audiência na emissora paulista. No Brasil, emissoras como a RedeTV! e o SBT já exibiram folhetins com a mesma personagem: Yo Soy Betty, La Fea (Eu Sou Betty, A Feia), La Fea Más Bella (A Feia Mais Bela) e Ugly Betty (Bety, a Feia), por exemplo. A primeira, original de 1999, e que deu origem a todas as versões posteriores foi protagonizada por Ana María Orozco.

A atriz mexicana Elyfer Torres, protagonista da trama atual, confessa que a experiência de estar no ar para tantos países é emocionante: “É literalmente viver um sonho, além de estar fazendo algo que eu amo profundamente, que é atuar. Eu penso, sim, em uma carreira fora do meu país, quero ser a voz de uma geração, representar latino-americanos no mundo de maneira digna. Meu sonho é inspirar muitas almas”, diz, em entrevista exclusiva ao site Heloisa Tolipan. “A verdade é que eu não vi nenhuma versão da Betty anterior para não imitar, inconscientemente, o que foi feito antes e, assim, poder viver uma Betty original”, conta.

Elyfer Torres (Foto: Ari Prensa)

Interpretar uma personagem com o estigma de “feia” e aparecer desconstruída para tanta gente, claro, não é tarefa fácil. É necessário deixar a vaidade de lado. “Para mim, é uma felicidade poder representar o que é real, o que nós somos como pessoas. É incrível poder quebrar um estereótipo de beleza que só nos leva a nos sentir mal com nossos corpos”, analisa. “Essa é uma das mensagens mais bonitas que posso comunicar e entender. Não importa de onde você vem ou quem você é. Pode alcançar tudo o que sonha e muito mais”.

Feminismo, por exemplo, é um dos motes principais de “Betty a feia em Nova York”, que tem tudo a ver com o que Elyfer pensa na vida. “É uma causa muito importante na minha vida. Gosto de dizer que o feminismo salvou minha vida, me fez perceber o quão poderosa eu sou, aprender a acreditar em mim mesma e a me amar. A causa me deu muita força para realizar meus sonhos e é isso que me segue me motivando. O mundo faz com que nos sintamos inseguros sobre quem somos e como parecemos, mas, realmente, o feminismo ajuda a entender que nenhuma dessas mensagens é real e que isso não deve ter uma reação em mim ou em quem eu sou”, analisa ela.

A atriz é sucesso na pele de Betty (Foto: Ari Prensa)

Além disso, outra causa muito debatida é o preconceito no ambiente de trabalho, o que Elyfer confessa também já ter vivido. “Essas cenas são dolorosas, porque todos, em algum momento de nossas vidas, já fomos Betty, no sentido de termos nos sentido menores, ou de alguém nos ter tratado mal. No meu caso, o assédio de ser mulher no México é algo com que convivi há muito tempo e, quando cheguei aos Estados Unidos, de repente, comecei a receber um tratamento preconceituoso por ser latina em alguns lugares e com algumas pessoas. É por isso que acredito que há uma falta de representação e precisamos de vozes para falar disso por todo o mundo”, ressalta. Na trama, sua personagem é rejeitada em inúmeros empregos e acaba aceitando uma oportunidade muito abaixo de suas qualificações na indústria da moda.

(Foto: Ari Prensa)

O amor do público brasileiro fez com que Elyfer tivesse vontade de conhecer o país. Por isso, em março, ela chega ao Brasil para alguns dias em contato com os fãs brasileiros. “Eu realmente vi o amor que eles deram à Betty e a mim e estou muito animada para conhecê-los. Eu sei que o Brasil é lindo e, pelo carinho que recebo nas redes sociais, estou muito animada”, conta a atriz, que não descarta uma participação nas famosas telenovelas brasileiras. “Eu ficaria imensamente honrada em trabalhar em uma novela no Brasil. Seria um sonho, além do desafio de atuar em português, porque estou aprendendo”, confessa ela, que é fã de carteirinha de famosos como Anitta, Silva e Karol Conká. Mal podemos esperar para recebê-la!