Coletiva de “A Regra do Jogo” contou com elenco entrosado, apresentação da caixa cênica e pedaços de uma trama que promete esquentar o horário nobre


O autor João Emanuel Carneiro e a diretora de núcleo Amora Mautner elogiaram o elenco e mostraram que a parceria repetirá o sucesso da anterior. A coletiva contou ainda com show especial de Alcione, que cantou “Juízo Final”, música de abertura da novela

O elenco de “A Regra do Jogo” se reuniu nessa terça-feira (18/08) para apresentar a nova novela das 9 à imprensa. A trama, que estreia no dia 31 de agosto, marca a nova parceria do autor João Emanuel Carneiro com a diretora de núcleo Amora Mautner, dupla responsável pelo sucesso “Avenida Brasil”, em 2012. O “dream team” é composto por nomes como Alexandre Nero, Giovanna Antonelli, Vanessa Giácomo, Susana Vieira, Tony Ramos, Renata Sorrah, Marcello Novaes, Marcos Caruso, Cassia Kis, Cauã Reymond, José de Abreu e muitos outros, que foram escolhidos a dedo após um ano de testes intensos. A diretora, Amora Mautner, ressaltou, porém, que os testes não servem para testar a qualidade do ator, mas para ver o quão adequado ao personagem ele é. “Estou muito feliz com esse elenco de primeira grandeza. Eu troco muito com atores e só acredito na criação coletiva. O mais importante de tudo é o processo interno e o meu está a mil”. João Emanuel Carneiro também fez questão de demonstrar sua satisfação e, antes de assistir às primeiras cenas do clipe oficial, declarou que o elenco é incrível. “Esse elenco é o nosso sonho, nunca mais terá um igual”.

A coletiva começou animada, com Amora agradecendo aos jornalistas presentes e anunciando uma grande surpresa. Antes do clipe, Alcione entrou no palco cantando “Juízo Final”, música tema da novela, e foi ovacionada pela equipe e elenco.

A trama tem como objetivo mostrar que os seres humanos são obrigados a tomar decisões todos os dias e que os caminhos escolhidos formam o caráter das pessoas. A história é conduzida pelo improvável, como é o caso do protagonista, Romero Rômulo, vivido por Alexandre Nero, que aparenta ser uma pessoa e é outra. Esse homem se confronta com o bem e o mal o tempo todo e toma decisões que às vezes contradizem seus desejos. “Nem ele mesmo sabe quem ele é. O Romero é um homem que está se descobrindo”, contou o intérprete. Sobre o personagem forte tão pouco tempo depois de protagonizar “Império”, Nero se define em uma das melhores fases da vida, mas contou que quase não aceitou o convite. “Eu recebi o convite quando ainda estava no ar como o Comendador e falei ‘não, nem pensar’, eu não queria ver texto na minha frente, falei uns dois nãos para a Amora, mas ela sabe vender o personagem e ainda bem que depois eu disse sim”. O ator, a quem Amora Mautner definiu como “Neymar da interpretação”, destacou ainda que se sente um craque graças ao time inteiro. “Nós temos uma belíssima seleção nessa novela. Não tem um Neymar apenas, são muitos craques”.

Logo no começo da história, Romero se envolve com Atena, personagem vivida por Giovanna Antonelli. A sedutora vilã usa todo seu charme para conquistar tudo o que quer e está sempre esbanjando dinheiro. O primeiro encontro de Romero com a oportunista será num bar e os dois viverão uma relação de paixão e ódio. Nero e Giovanna Antonelli viveram o querido casal Heloísa e Stênio na novela “Salve Jorge”, de Gloria Perez, e prometem repetir o sucesso com personagens totalmente diferentes dos anteriores. “A relação de Romero e Atena não tem amor e carinho. Muita gente talvez se decepcione porque não vão encontrar nada de Helô e Stênio”, garantiu Alexandre Nero.

A história de “A Regra do Jogo” será dividida em dois universos. Parte dos personagens vive no fictício Morro da Macaca, uma comunidade inspirada em uma mistura de países como México, Itália, Grécia e Brasil, construída no Projac com cerca de 4 mil metros quadrados e quase 40 edifícios, com casas, comércios, escolas, becos e vielas. O hostel de Adisabeba, personagem de Susana Vieira, chama atenção no cenário, já que a líder do morro tem muito dinheiro e péssimo gosto. Adisabeba é conhecida como a rainha do local porque foi dela o olhar empreendedor que fez com que a comunidade se tornasse uma região onde se vive com qualidade. “Eu ainda estou tentando entender a personagem, já que a gente começa a gravar muito picado, mas estou muito feliz com a Adisabeba. Ela é uma mulher solta, que não está preocupada com o que acham dela e eu sou um pouco assim também”, declarou a atriz, com sua sinceridade de praxe.

Um ponto muito frequentado no morro é a Caverna da Macaca, famosa boate que toca todo tipo de música e recebe pessoas dos mais diversos tipos, que vão desde os moradores locais aos ricos do asfalto, passando por gringos, cantores e personalidades. A protagonista Tóia, vivida por Vanessa Giácomo, é a promoter e gerente da noite na Macaca. Ela ama o que faz, é cheia de energia e sonha em se tornar sócia de Adisabeba. Tóia vive com a mãe adotiva, Djanira, personagem de Cássia Kis e desde a adolescência namora o lutador de MMA Juliano, vivido por Cauã Reymond. Tóia e Juliano cresceram juntos, já que o menino também foi criado por Djanira, ex-exposa de seu pai, Zé Maria, personagem de Tony Ramos. “O texto do João Emanuel Carneiro é muito bom. Existem personagens de caráter e outros com menos, mas nenhum é cem por cento bonzinho, isso é incrível”, declarou a protagonista. Prestes a viver outro mocinho nas telas, Cauã Reymond também ressaltou a ambiguidade dos personagens criado por João Emanuel. “Eu quero me libertar dos mocinhos, coisa que fora da televisão eu consigo, mas apesar de o Juliano ser um líder comunitário, o texto permite várias interpretações sobre ele”, disse.

Zé Maria é um homem ambíguo. Procurado pela polícia há décadas, alguns acreditam que o foragido é o responsável pelo massacre de Seropédica, famoso na década de 90, enquanto outros acham que o mecânico é um homem do bem, injustiçado. Seu filho o defende com veemência e ele ainda conta com o apoio das ex-mulheres Djanira e Adisabeba. “O meu personagem vai de encontro ao que a novela propõe, que é essa questão do que é o bom e o ruim”, explica Tony Ramos, que, perguntado se Zé Maria seria um vilão ou um homem que tenta provar que não é vilão, sorriu e disse: “Quem tiver essa resposta, eu agradeço”.

A outra parte dos personagens pertence à Zona Sul do Rio de Janeiro e é composta pelo apartamento de Feliciano, personagem de Marcos Caruso, que vive numa cobertura no Arpoador, resultado do dinheiro que teve no passado. O apartamento tem muitos objetos estragados e peças que remetem à década de 70, mas tudo acabou virando uma grande sucata devido à falta de cuidado. Com Feliciano, morarão seus três filhos e suas respectivas famílias. Já o primo, Gibson, interpretado por José de Abreu, vive numa mansão com sua esposa Nora, personagem de Renata Sorrah e a filha Nelita, Barbara Paz, que sempre mostrou sintomas de bipolaridade e tem dois filhos, Cesário, vivido por Johnny Massaro, e Belisa, personagem de Bruna Linzmeyer.

Além deles, o personagem de Marco Pigossi, Dante, também vive na mansão. Adotado por Romero e Kiki, Deborah Evelyn, filha sequestrada de Gibson e Nora, o menino foi criado pelos avós e ingressou na polícia civil com o objetivo de vingar a morte do seu pai biológico, que teria sido assassinado por Zé Maria no massacre de Seropédica. Rui e Tina, casal vivido por Bruno Mazzeo e Monique Alfradique, também compõem o cenário do asfalto. Os dois vivem na Zona Sul, em um apartamento de herança da família do arquiteto, mas vivem contando dinheiro e não sobra nada no final do mês. Por causa dos problemas financeiros, Rui considera a possibilidade de morar no Morro da Macaca, mas Tina é contra a mudança. “Eu tenho personalidade forte como a Tina, mas ela é intransigente. O texto do João é sensacional, tem muitas cenas engraçadas e a Tina é a oportunidade que eu estava esperando de fazer comédia, com esse texto e a direção da Amora eu não poderia estar melhor escoltada”, explicou Monique Alfradique.

A novela será toda gravada em um formato inovador chamado de caixa cênica, que consiste em um cenário de 360 graus que aproxima o público da cena e demanda menos tempo, já que são diversas câmeras posicionadas em pontos inusitados do set. O método de captação das cenas aproxima a dramaturgia dos realities shows. A diretora de núcleo Amora Mautner contou que ficou por seis meses entendendo a logística do “Big Brother Brasil” e que o diretor Boninho a ajudou muito. “A captação de imagens tem ângulos diferentes que ninguém nunca viu na dramaturgia. Os atores são almas livres e passam a ser gravados ao natural, isso é um sonho para eles”. A intenção da diretora é produzir cenas mais orgânicas e fazer com que o público se sinta ainda mais perto da trama. Os atores, que ainda não gravaram muitas cenas usando o novo recurso, demonstraram ansiedade. “Não deu para sentir muito ainda, mas dá um ar de realidade”, disse Monique Alfradique. Renata Sorrah, conhecida por papéis de destaque, contou que adora o novo método, menos marcado. “Eu gostei muito de gravar na caixa cênica, tem ator que nem te olha quando contracena com você para ficar de frente para a câmera e eu acho muito bom isso de ver o ator inteiro, os detalhes, uma respiração das costas”, analisou. Marcello Novaes definiu a caixa cênica como “quase teatro”. “Tudo funciona sem cortes, mas exige mais técnica, porque temos a hora certa de entrar e de sair, em todos os ambientes”

Animados com a trama, todos aplaudiram o clipe oficial e Amora declarou: “Com um autor desse nível e um texto desse nível eu só tenho que não errar. Ele entrega uma coisa única”. João Emanuel Carneiro devolveu os elogios. “Achei uma diretora que fala a minha língua”, definiu, feliz. A gente também está feliz e, acima de tudo, ansioso!