Cine Ceará tem exibição de ‘A Vida Invisível’, homenagem a Karim Aïnouz e presença de Fernanda Montenegro


No histórico Cineteatro São Luiz, em Fortaleza, antes da primeira exibição em solo nacional do longa-metragem premiado na mostra Un Certain Regard, no Festival de Cannes, convidados de Norte a Sul do país e do exterior comemoraram a indicação da Academia Brasileira de Cinema para que o filme seja o representante do Brasil a uma vaga no Oscar 2020

Fernanda Montenegro e o diretor de ‘A vida invisível’, Karim Aïnouz, na noite de abertura da 29ª edição do Cine Ceará – Festival Ibero-Americano de Cinema (Foto: AgNews)

 *Com Iron Ferreira

Foi uma noite para entrar na história do cinema nacional. E o cenário foi o Cineteatro São Luiz, no Centro de Fortaleza (CE), inaugurado em 1958 por Luiz Severiano Ribeiro (1886-1974). Na abertura da 29ª edição do Cine Ceará – Festival Ibero Americano de Cinema, convidados de Norte a Sul do país e do exterior aplaudiram de pé ao ver a grande dama das artes Fernanda Montenegro entregar ao cineasta cearense Karim Aïnouz o Troféu Eusélio Oliveira por sua contribuição à sétima arte brasileira. E mais emoção estava por vir. Antes da primeira exibição em solo nacional de “A vida invisível”, dirigido Karim Aïnouz e premiado na mostra Un Certain Regard, no Festival de Cannes, todos ali presentes comemoraram a indicação da Academia Brasileira de Cinema para que o longa-metragem seja a o representante do Brasil a uma vaga no Oscar 2020. O mestre-de-cerimônia, o ator Flávio Bauraqui – que estreou no cinema em “Madame Satã“, de Karim –  chamou ao palco o elenco de “A Vida Invisível “. Foi lindo de se ver.

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Karim era pura felicidade e contou a todos: “Eu escolhi lançar o meu filme aqui, no Ceará, para ressaltar a importância da cultura nordestina para o cinema nacional, que vem se mostrando cada dia mais surpreendente. Estou muito emocionado em fazer parte desse evento, que só fomenta a cultura e o poder do cinema nacional. Receber essa homenagem dentro do Cineteatro São Luiz é muito importante pra mim, pois foi aqui que eu assisti ao primeiro filme da minha vida. Esse lugar me inspirou a seguir minha carreira de cineasta. Estou ainda mais honrado em receber esse prêmio das mãos de Fernanda Montenegro. Ela é o que a gente tem de mais potente no Brasil hoje”.

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Fernanda Montenegro, que vive no longa-metragem a personagem Eurídice Gusmão, fez questão de ler a carta carinhosa que recebeu de Karim com o convite para ela participar do filme. Além de elogiar o trabalho do diretor, ela ainda defendeu a relevância da cultura para a sobrevivência da nação: “Quando assisti filmes como “Madame Satã”, “O Céu de Suely” e “Praia do Futuro”, fiquei encantada e sensibilizada com a habilidade do Karim como diretor. Quando recebi sua carta me convidando para ler o roteiro, pensei: ‘Agora vai’. O Brasil vai dar certo! É na arte que o Brasil vai dar certo! É na arte que o Brasil da certo”.

Quando o elenco subiu ao palco para prestigiar a primeira exibição de “A vida invisível” no Brasil, a atriz Carol Duarte, que interpreta a fase jovem de Eurídice Gusmão, revelou o quão está agradecida por dividir as telas e a personagem com Fernanda Montenegro: “Você sempre foi uma grande inspiração, abrindo portas para inúmeras mulheres na dramaturgia. Eu fico muito honrada de dividi-la com você. Que honra! Esse filme é sobre a resistência da mulher”. Julia Stockler, que vive Guida Gusmão, refletiu sobre a força feminina e o poder de transformação que as mulheres possuem: “É muito lindo ver mulheres unidas que se apoiam. Esse filme fala sobre isso. Quando todas nós estamos unidas, a gente pode ir muito além”.

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O governador do Ceará, Camilo Santana, também esteve presente na cerimônia de abertura do Cine Ceará e ressaltou: “É muito importante para todos nós ter um ícone como você, Karim, se destacando mundo afora”. Ele ainda falou sobre a importância do Cine Ceará – Festival Ibero Americano de Cinema para a cultura e de como esses esforços podem contribuir para a evolução da nossa sociedade: “Em momentos difíceis, o Cine Ceará mostra para o país como a cultura é importante. Duas produções cearenses foram premiadas em importantes eventos do cinema: “Pacarrete”, dirigido por Allan Deberton, ganhou oito Kikitos no Festival de Cinema de Gramado e “A Vida Invisível”, que venceu em Cannes, poderá ser indicado ao Oscar. Isso só mostra a nossa força e a importância de investir em cultura”.

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O diretor do Cine Ceará, o cineasta Wolney Oliveira, comemorou o início da 29a edição do festival: “Estamos iniciando mais uma edição respeitando rigorosamente a data oficial do evento. Em um ano em que diversos festivais nacionais tiveram que mudar suas datas ou até mesmo cancelar o evento por falta de recursos, isso é uma vitória. O Cine Ceará busca fomentar a cultura e prestigiar a força do audiovisual nacional e internacional”.

Wolney Oliveira e o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (Foto: AgNews)

Wolney, que também é cineasta, parabenizou Karim e comentou sobre a sua relevância no atual cenário da indústria cinematográfica: “Estamos abrindo os trabalhos com o filme do Karim, um cearense que divulga a nossa cultura no Brasil de Norte a Sul e no exterior. Ele sempre teve um trabalho de formação junto à Secretaria de Cultural do Ceará muito importante. Foi vencedor em Cannes e um possível indicado ao Oscar. O Karim é um dos mais brilhantes cineastas brasileiros da atualidade. Todos os seus filmes, desde o “Madame Satã”, possuem um impacto muito forte. Ele é um dos diretores mais importantes do cinema brasileiro”.

Com um forte enfoque na educação, o Cine Ceará ainda exibiu o documentário “A Máscara da Igualdade”, produzido por alunos da rede pública do estado juntamente com o Projeto Compartilha Animação. O curta, de aproximadamente três minutos de duração, refletiu sobre a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. Após a apresentação do filme, os alunos envolvidos no projeto receberam um certificado.