“Barriga de Aluguel’ chega ao Globoplay com trama visionária e aqui relembramos famosos que recorreram ao método


O folhetim de Glória Perez ainda carrega temas atuais após mais de três décadas da sua estreia. Aqui, listamos a emocionante história e seu desfecho, e, na vida real, citamos casais que recorreram a esse tipo de inseminação para realizar o sonho de terem seus filhos, como Carmo Dalla Vecchia e João Emanuel Carneiro; Paulo Gustavo e Thales Bretas; Adriana Garambone e Arthur Papavero, entre outros

*Por Brunna Condini

Há mais de 30 anos, a dramaturgia era invadida através da novela ‘Barriga de Aluguel‘, pela discussão dos limites éticos da inseminação artificial envolvendo as chamadas ‘mães de aluguel’ – termo inadequado no Brasil, já que por aqui a relação comercial para este tipo de reprodução, ou seja, uma mulher ‘alugar’ seu próprio útero para gerar o bebê de outra pessoa, é proibida por lei. Chamamos no país de ‘barriga solidária’ ou ‘gestação de substituição’. A trama de Glória Perez acaba de chegar ao catálogo Globoplay. ‘Barriga de Aluguel‘ é a quarta novela mais longa, em capítulos, produzida pela Globo. Teria 189 inicialmente, mas foi esticada. Com 243 capítulos, empata com a primeira versão de ‘Selva de Pedra‘ (1972). ‘A Grande Mentira‘ (1968), ‘Irmãos Coragem‘ (1970) e o ‘Homem que Deve Morrer‘ (1971), que lideram esse ranking.

Assistimos a emocionante história de Ana (Cassia Kis) e seu marido, Zeca (Victor Fasano), que não conseguem ter filhos, apesar dos vários tratamentos. Para realizar o sonho de serem pais, o casal contrata Clara, personagem de Cláudia Abreu, como ‘mãe de aluguel’. A princípio, a jovem encara a ideia como um negócio, mas depois estabelece uma conexão com o bebê e é aí que a coisa se complica. Após o nascimento da criança, as personagens passam a disputar a maternidade, e o caso é levado aos tribunais. É tudo bem na vibe da música de abertura ‘Aguenta Coração‘, na voz de José Augusto: com muita emoção e à flor da pele. Fora da ficção, recorrendo às medidas legais permitidas, alguns famosos também tiveram seus filhos utilizando o método, evidenciando que o mais importante é sempre o imenso amor ao desejar um filho. Vamos relembrar?

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Novela Barriga de Aluguel fez sucesso em 1990 e está disponível no Globoplay (Foto: Reprodução/IMDb)

Novela Barriga de Aluguel fez sucesso em 1990 e está disponível no Globoplay (Foto: Reprodução/IMDb)

Carmo Dalla Vecchia e João Emanuel Carneiro

A barriga solidária é uma alternativa utilizada na reprodução assistida para a mulher que não pode engravidar. A reprodução realizada por meio de fertilização in vitro (FIV), onde o embrião é transferido para um útero ‘solidário’ ou ‘temporário’, também tem sido utilizada para casais homoafetivos masculinos e homens solteiros realizarem o sonho da paternidade. Carmo Dalla Vecchia casado com o autor de novelas João Emanuel Carneiro, assistiu a gestação do filho do casal, Pedro, de 3 anos, desta forma. “Acompanhei à distância, com cuidado e respeito à grande mulher que agradecerei por toda minha vida por ter gerado o meu filho. Não quis importuná-la com demandas que pudessem deixá-la desconfortável e foi uma experiência linda”, disse em entrevista há pouco mais de um ano.

Thales Bretas e Paulo Gustavo seguram os filhos Gael e Romeu; João Emanuel Carneiro com Pedro, seu filho com Carmo Dalla Vecchia: gerados através de barrigas de aluguel (Reprodução/ Instagram)

Thales Bretas e Paulo Gustavo com Gael e Romeu; João Emanuel Carneiro com Pedro, seu filho com Carmo Dalla Vecchia (Reprodução/ Instagram)

Paulo Gustavo e Thales Bretas

Paulo Gustavo (1978-2021) e o marido, o médico e dermatologista Thales Bretas, se tornaram pais de Romeu e Gael, 3, em 2019, quatro anos após o casamento dos dois. Eles fizeram inseminação artificial nos Estados Unidos em duas barrigas de aluguel. Na ocasião do nascimento dos filhos, o ator precisou ficar com o marido nos Estados Unidos durante um período, primeiro para facilitar as barreiras legais da barriga de aluguel, já que em muitos estados americanos a prática é permitida. Os meninos nasceram em San Diego e ficaram por lá até os 2 meses de vida, para que não viajassem de avião ainda recém-nascidos. E embora pareçam gêmeos, nasceram em datas próximas, sendo gerados por barrigas diferentes: Romeu nasceu no dia 3 e Gael no dia 13 de agosto.

Paulo Gustavo com Gael e Thales Bretas com Romeu (Foto: Reprodução/ Instagram)

Paulo Gustavo com Gael e Thales Bretas com Romeu (Foto: Reprodução/ Instagram)

Em entrevista à Sabrina Sato para o canal dela no Youtube, Paulo Gustavo também contou que, embora tenham sido gerados em barrigas diferentes (Gael, biológico de Paulo, e  Romeu, de Thales), os filhos são geneticamente irmãos, já que foram concebidos com óvulos da mesma mulher, uma terceira. O humorista fez questão de salientar ainda, que nada disso fazia diferença para eles, que ficaram exultantes ao formar sua família.

Adriana Garambone e Arthur Papavero

Adriana Garambone realizou o desejo da maternidade há 8 anos, com Gael, seu filho com o psicoterapeuta Arthur Papavero. Na época, aos 46 anos, a atriz se tornou mãe através de uma barriga de aluguel no Nepal, na Ásia. Antes, o casal já havia tentado a gestação durante cinco anos.  “A história é realmente diferente e muito especial. Tem gente que me procura, porque está precisando também. Essa prática acontece no mundo todo, mas ainda é muito nova no Brasil. Eu tenho o maior prazer de contar, pois foi uma grande realização e quero que as pessoas tenham a mesma oportunidade que eu”, declarou a atriz, em entrevista à jornalista Patricia Kogut. “Fiquei sabendo pela imprensa da história de um casal que recorreu a isso. Depois, uns amigos me falaram que a agência especializada nesse método estava no Brasil. Conheci a empresa e resolvi tentar. No Brasil, não é lícito. Aqui, só existe a barriga solidária, que é quando alguém da família empresta a barriga. Minha mãe tem 74 anos e não tenho irmã. Então, não deu para fazer dessa forma”.

A atriz Adriana Garambone e o filho Arthur, de 8 anos (Foto: Reprodução/ Instagram)

A atriz Adriana Garambone e o filho Arthur, de 8 anos (Foto: Reprodução/ Instagram)

Paris Hilton e Carter Reum

A socialite anunciou em janeiro o nascimento do primeiro filho, Phoenix, com o marido, o empresário Carter Reum, por meio de uma barriga de aluguel. Paris disse, em entrevista à revista People, que sempre sonhou ser mãe e que estava muito feliz. “Estamos muito animados para começar nossa família juntos e nossos corações estão explodindo de amor por nosso bebê”. O casal de uniu em uma cerimônia luxuosa em novembro de 2021 e ela sempre falou sobre o uso de fertilização in vitro para conceber um filho, e disse ainda, que eles começaram o processo durante a pandemia de Covid-19.

Paris Hilton mostra o filho Phoenix nascido em janeiro deste ano (Foto: reprodução/ Instagram/ @The Collective You)

Paris Hilton mostra o filho Phoenix nascido em janeiro deste ano (Foto: reprodução/ Instagram/ @The Collective You)

Barriga de Aluguel: o folhetim

De acordo com o Boletim de Programação da Rede Globo, a sinopse de ‘Barriga de Aluguel‘ foi escrita em 1985 sem ter como ponto de partida nenhuma história real. Glória Perez afirma, no documento, que a trama nasceu da observação – exercício diário do escritor – e que não tinha vindo a público até aquela época, nenhuma disputa entre mãe de aluguel e mãe contratante, mas havia a possibilidade, que foi com o que a autora relata ter trabalhado. Os conhecimentos para compor a trama, que revelou algo de profético pois não demorou para que experiências semelhantes às retratadas na trama virassem realidade no Brasil, foram adquiridos em pesquisas sobre os avanços da genética e os bebês de proveta. A idéia era jogar luz nos debates acerca dos avanços científicos na área e possíveis desdobramentos.

Cassia Kis e Claudia Abreu disputam o filho em ‘Barriga de aluguel’

No folhetim, com o nascimento da criança, Ana e Clara começam a disputar o menino e a questão chega ao público. Afinal, quem é a mãe da criança: o óvulo ou o útero? Assim, a briga de Ana e Clara vai parar na justiça – o ponto alto da trama. Na primeira instância, Clara ganha o direito da guarda do menino. Mas Ana recorre ao Superior Tribunal de Justiça e recebe o direito de criar a criança como mãe biológica. Antes do julgamento final, Ana e Clara se encontram e caminham de mãos dadas com a criança na praia. O veredito final não é revelado e a novela termina sem o telespectador saber com quem o menino ficou de fato. A autora optou por terminar sem o veredicto. “Aquela era uma situação para a qual as instituições, as leis, ainda não tinham uma resposta. Por isso decidi deixar em aberto”, declarou ao livro “Autores: Histórias da Teledramaturgia”.