Desafio em Hollywood! “300: A Ascensão do Império” tem a ingrata missão de superar o filme original!


Com novo material divulgado, a badalada continuação de “300” mantém Rodrigo Santoro, ganha a adesão da sedutora Eva Green e tem figurinista oscarizada, mas aposta em protagonista obscuro!

Acabam de ser divulgadas as fotos e o novo trailer de “300: A Ascensão do Império” (300: Rise of an Empire), a superprodução da Warner Bros que estreia em 7 de março e dá continuidade à saga de “300” (Idem, de Zack Snyder, Warner Bros, 2006). No novo roteiro, uma implacável comandante da marinha persa, Artemísia (Eva Green) se une à ao déspota persa Xerxes (Rodrigo Santoro, de novo careca, cheio de trejeitos, com figurino de escola de samba e voz dublada por narrador de comercial tipo Burger King Whopper Furioso) em nova investida contra os gregos no Peloponeso. Green, para variar, faz aquele tipo de mulher fatal que a consagrou. A moça vem se especializando nesse tipo de papel, desde quando surgiu novinha em “Os Sonhadores” (The Dreamers, de Bernardo Bertolucci, Fox Searchlight, 2003), quando dividiu a banheira com Michael Pitt e Louis Garrel, e, sobretudo, após dar vida à bond girl Vesper Lynd em “Cassino Royale” (Idem, de Martin Campbell, Columbia Pictures, 2006).

Obviamente, o reforço de Green no elenco é providencial, já que Gerard Butler, que carregou nas suas musculosas costas o primeiro filme, na pele do Rei Leônidas de Esparta, não comparece na nova produção, já que bateu as botas no final de “300”. Agora ele é substituído por outro descamisado com abdômen, o desconhecido australiano Sullivan Stapleton, 36 anos e nem de perto com o charme de Butler. Mas, claro, é preciso dar continuidade à história, cujo roteiro é baseado na graphic novel “Xerxes”, de Frank Miller, também autor de “300”. Do elenco original, permanecem Lena Headley como a Rainha Gorgo e Santoro. The show must go on!  

Galeria de fotos:

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Fotos: divulgação

Zack Snyder, que dirigiu o primeiro filme, fica dessa vez por conta da produção e roteiro, com a direção agora nas mãos de Noam Murro, obscuro israelense. Vale à pena mencionar que Snyder é responsável, em boa parte, pelo refinamento estético que a sétima arte vem conferindo aos filmes baseados em quadrinhos, sobretudo os de super heróis, a galinha dos ovos de ouro em Hollywood atualmente. Basta dizer que no próximo Oscar, dia 2 de março, a cerimônia homenageará os heróis de filmes de ação, com destaque para os super poderosos. Pre-pa-ra que lá vem o bonde dos poderosos! E, por que será, não é mesmo? Nada em Los Angeles é gratuito e, se os protagonistas dos quadrinhos estão com essa bola toda, é porque têm enchido a burra dos produtores de dinheiro, merecendo dar um rolezinho pelo red carpet.

Em parte, o mérito desse sucesso pode ser mesmo conferido a Snyder, que conseguiu a proeza de verter para a tela grande duas obras gráficas dificílimas de virar carne e osso: “300” e “Watchmen” (idem, Warner Bros, 2009). Além de questões pertinentes ao roteiro, ambos os clássicos dos gibis eram conhecidos pelas fabulosas estilizações visuais concebidas, respectivamente, Frank Miller e Allan Moore/Dave Gibbons,  autores que torciam o nariz para adaptações cinematográficas de seus trabalhos e que, no final, acabaram se rendendo à visão perfeccionista do diretor-produtor. Estes dois filmes não só consolidaram, na década passada, a ideia de que é plenamente possível reinventar no cinema os arroubos criativos dos quadrinistas, como ainda conferiram à Snyder o passaporte para se tornar o número um da Warner Bros em filmes de super heróis, junto com Christopher Nolan. Depois de “O Homem  de Aço” (Man of Steel, 2013), ele já está cuidando de “Batman x Superman”, que deve estrear em 2015 e  ainda conta com participação da nova Mulher Maravilha.

Mas, voltando à “300: A Ascensão do Império”, duas questões são importantes de ser observadas. Em primeiro lugar, o figurinista Michael Wilkinson será substituído pela britânica Alexandra Byrne, que já concorreu ao Oscar 4 vezes e ganhou em 2007 por “Elizabeth: A Era de Ouro” (Elizabeth: The Golden Age, de Shekar Khapur, Universal Pictures, 2007). Também coube a esta talentosíssima costume designer a árdua missão de transformar em realidade as armaduras do deus Thor e sua turminha de Asgard em “Thor” (Idem, de Kenneth Brannagh, Paramount Pictures, 2011), cuja concepção visual de John Byrne era praticamente uma espinha de peixe arranhando o céu da boca. Okay, ela cumpriu a tarefa com bravura, mas será que Byrne, acostumada a produções de época, repletas de figurinos complexos, conseguiu dar conta dos trajes sumários – quase de dançarinos de boate gay – do guerreiro grego e sua patota?

A outra questão vai mais longe. Se Zack Snyder conseguiu realizar “300” obedecendo fielmente o apuro estético dos quadrinhos originais, a ponto de, ao fazer cinema criar gibi em movimento, esta continuação não tem, portanto, a ingrata missão de superar o filme original ou, no mínimo, manter a surpresa do público causada pela eloquência visual? Okay que Hollywood é, antes de tudo, uma grande indústria de direção de arte e que, de 2006 (data do primeiro longa) para cá, as tecnologias de computação gráfica evoluíram sem parar. Ainda assim, não deve ser fácil conseguir manter as platéias embasbacadas em uma continuação, que precisa manter forte ligação com aspectos da obra inicial. Vamos ver!

Assista ao trailer: